Um blog do Ministério Fiel
Como terminar bem no ministério
Algo melhor que o esgotamento e a amargura
Estatísticas de servos de Deus que não terminam bem podem ser muito desanimadoras. O Dr. J. Robert Clinton conduziu um estudo agora famoso sobre como os líderes nas Escrituras terminaram seus mandatos. Daqueles sobre os quais ele conseguiu obter dados suficientes, Clinton determinou que cerca de um em cada três terminou bem. Comentando sobre o cenário contemporâneo, ele sugeriu que a proporção é provavelmente ainda pior. Mas se o que a Bíblia diz sobre o poder de Deus é verdade (Filipenses 1.6 ; 2 Timóteo 1.12), as coisas não precisam ser sempre assim.
Quero focar em duas questões que impedem as pessoas de terminar bem. A primeira é a decepção com o que vivenciaram. Ao falar com líderes cristãos, muitas vezes descobri que, uma vez que você vai além da superfície, há uma raiva ou descontentamento profundamente enraizados sobre as experiências decepcionantes que eles tiveram. A segunda questão é a insegurança — um sentimento de inadequação que desencadeia atitudes, ações e estilos de vida prejudiciais. Ambas são cargas pesadas para carregar e facilmente desencadeiam sentimentos negativos sobre o ministério que podem nos sobrecarregar e destruir a alegria do serviço.
1. Aprenda a lamentar.
Uma chave para a saúde no ministério é aprender a lamentar. Romanos 8.20–39 dá algumas orientações importantes para experimentar uma realização profunda ao enfrentar decepções. Paulo diz que a criação — incluindo os crentes “que têm as primícias do Espírito” — foi “sujeita à futilidade [ou frustração ]” (Romanos 8.20, 23). Em outras palavras, a frustração é uma realidade inevitável na vida de serviço. As coisas darão errado. As pessoas nos machucarão. Nosso serviço fiel será rejeitado. Experimentaremos enfermidades físicas ou mentais que nos arrastarão para baixo. E até pareceremos fracassados na Terra, apesar de uma vida de obediência custosa. Se não aceitarmos o fato de que a frustração é parte integrante de nossa experiência atual, a decepção pode nos sobrecarregar.
O próprio Paulo experimentou essa frustração ao longo de seu tempo no ministério. Enquanto ele definhava na prisão, muitos o rotularam como um fracasso e até mesmo tentaram rebaixá-lo (Filipenses 1.15–18). Muitos tinham vergonha dele e se recusaram a apoiá-lo (2 Timóteo 4.16). Mas escrevendo da prisão, ele disse: “Aprendi a estar contente em qualquer situação” (Filipenses 4.11). O contentamento — especialmente em meio à frustração — é uma virtude a ser aprendida.
E o que exatamente Paulo aprendeu? Bem, entre outras lições, ele aprendeu a lamentar ou gemer com o resto da criação (Romanos 8.22–23). Embora esse gemido antecipe a glória vindoura, o grito de dor é tão severo que é comparado às dores do parto. O lamento é o exemplo mais repetido desse gemido guiado pelo Espírito na Bíblia. Mais de um terço dos Salmos são classificados como lamentos, e muitos deles usam linguagem crua para descrever a dor que o salmista experimentou.
A Bíblia nos dá permissão para expressar nossa dor diante da frustração. Podemos lamentar diretamente a Deus e aos crentes em quem confiamos. Ao fazer isso, interrompemos o processo pelo qual a dor se deteriora em amargura. E ao expressar honestamente nossa dor, também nos abrimos para o conforto de Deus. Se você quer resistir às inevitáveis decepções do ministério, aprenda a expressar sua dor em gemidos.
2. Deixe que a soberania derrube a insegurança.
Uma segunda chave para prosperar no ministério é uma visão elevada da soberania de Deus. Paulo descreve uma realidade impressionante em Romanos 8.28 quando diz: “Para aqueles que amam a Deus, todas as coisas cooperam para o bem.” O bem virá mesmo de nossas experiências mais dolorosas. Como evidência do comprometimento de Deus com nosso bem-estar, Paulo diz que Deus “nem mesmo a seu próprio Filho poupou, mas o entregou por todos nós” (Romanos 8.32), então ele, sem dúvida, proverá tudo o mais que precisamos.
Se realmente compreendermos tal compromisso conosco pelo Senhor do universo, nossa insegurança será apagada. De fato, temos a garantia de que “em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (Romanos 8.37). O medo do fracasso é banido quando consideramos que “se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8.31). Ao exercermos fé na soberania de Deus, “abundamos em esperança”, o que nos enche de “alegria e paz” (Romanos 15.13).
Muitos atribuem o esgotamento ao excesso de trabalho. Mas suspeito que mais frequentemente a insegurança, resultando em hábitos de trabalho pouco saudáveis, causa o esgotamento. Quando não temos certeza do nosso valor e da nossa posição, podemos nos levar ao chão. A corrida louca para provar que somos bem-sucedidos de acordo com os critérios mundanos nos deixa infelizes e sem a paz de Deus. Esse desejo por afirmação pode ter resultados desastrosos — como a incapacidade de confiar nos outros ou a tentativa de encontrar refúgio em casos extraconjugais. Pessoas inseguras são presas fáceis para o inimigo e, portanto, principais candidatas a não terminar bem.
Como podemos deixar a soberania de Deus banir a insegurança causadora do esgotamento? Correndo o risco de soar simplista, passe um tempo lento e meditativo com Deus diariamente em oração e nas Escrituras. Esse hábito desafia quase inconscientemente nossa insegurança. Por exemplo, quando você lê Deuteronômio 33.27 — “O Deus eterno é a tua habitação, e por baixo estão os braços eternos” — você encontra uma base sólida para a segurança. Nossa identidade nele tira a vergonha que a sociedade, com seu ethos competitivo, nos inflige. Pois “contemplai-o e sereis iluminados, e o vosso rosto jamais sofrerá vexame.” (Salmo 34.5).
Não quero dizer que o tempo diário com Deus seja sempre emocionante e emocionalmente inspirador. Não é, mas estou construindo diariamente a base firme sobre a qual estou. Isso tem uma maneira de reforçar minha segurança. O mesmo vale para a oração. Embora possa parecer trabalhoso, sei que estive com o Deus eterno, que também é meu Pai. Permanecer na presença de Deus permite que as verdades sobre Deus que conhecemos em nossas cabeças desçam para o coração.
3. Desfrute do amor da aliança de Deus.
Uma terceira chave para permanecer alegre no serviço é experimentar o amor de Deus por nós . No final de Romanos 8 , depois de duas listas imponentes de obstáculos que enfrentamos na vida, Paulo afirma que nada pode nos separar do amor de Cristo (Romanos 8.35, 38–39). Esse amor incontrolável reformula nossa frustração. O amor de Deus transborda em nossas vidas e ataca a amargura que ameaça nosso contentamento (Romanos 5.5).
Pessoas que se deleitam no amor de Deus são pessoas felizes (1 João 3.1). Como poderia ser de outra forma? Experimentar o amor de Deus resulta em alegria e fornece a chave para servir a Deus a longo prazo. Jesus disse aos seus discípulos: “Estas coisas vos tenho dito para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa” (João 15.11). Depois disso, ele fez um chamado ao serviço sacrificial: “Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (João 15.12). Primeiro a alegria; depois o ministério.
Certa vez, ouvi David Sitton, fundador da To Every Tribe Mission [Missão para todas as tribos], contar uma história de sua adolescência, quando um missionário de noventa anos falou na confraternização de jovens de sua igreja. O homem era missionário há 72 anos. No início de sua palestra, ele continuou repetindo algo como: “Quero que vocês se lembrem disso. Vocês podem esquecer tudo o mais que eu disser, mas não se esqueçam disso”. Enquanto ele continuava dizendo isso, os jovens estavam ficando impacientes, desejando que ele fosse em frente e lhes desse essa joia de sabedoria. Finalmente, ele disse: “A alegria do Senhor é a sua força. Quando a alegria vai, a força vai”. Tendo dito isso, ele se sentou!
Essa experiência do amor e da alegria do Pai marcou o próprio ministério de Jesus. Ele começou se deleitando no amor e no deleite do Pai encarnados no Espírito (Mateus 3.16–17). E essa alegria provou ser suficiente para sustentá-lo durante o maior gemido e o mais difícil ato de serviço imaginável. “Pela alegria que lhe estava proposta [ele] suportou a cruz” (Hebreus 12.2).
Todo o nosso ministério alegre e duradouro olha para ele (Hebreus 12.1). Enfrentar a realidade da frustração e saber como expressar nossa dor previne a desilusão. As realidades da soberania e do amor de Deus abrem a porta para experimentar a alegria. Então, busque a alegria do Senhor dia após dia. Somente ela nos sustentará no ministério a longo prazo.
Para ver mais conteúdos do Desiring God traduzidos em nosso blog, CLIQUE AQUI.