Típicas tentações de um pastor de primeira viagem

Capítulo 16 da série "As estações na vida de um pastor"

Nota do editor: Este é o capítulo 17 da série “As estações na vida de um pastor”, do Ministério 9 Marcas. A cada segunda-feira de 2025 um novo artigo desta série será disponibilizado.


Se você entrasse em nossa igreja há sete anos, os fios grisalhos na minha barba desgrenhada poderiam me confundir com um pastor veterano. Mas, apesar de algumas rugas e uma inclinação para o rock dos anos 70, eu era um novato. Servi como pastor leigo por vários anos e sabia que liderar uma igreja nova traria novos desafios. Mas a nova função sênior me expôs a muitas tentações que eu não esperava.

Se você entrasse em nossa igreja há sete anos, os cabelos grisalhos em minha barba desalinhada poderiam fazer com que você me confundisse com um pregador veterano. Mas, apesar de algumas rugas e uma queda pelo rock dos anos 70, eu era um novato. Eu havia servido como pastor leigo por vários anos e sabia que liderar uma igreja plantada traria novos desafios. Mas a nova função sênior me expôs a muitas tentações que eu não esperava.

Algumas apenas me provocaram e tentaram. Em outras, eu caí.

Tentando muito cedo demais

É normal começar com uma grande visão e esperanças do tamanho do Evangelho para a sua igreja. Mas eu estava tentado a fazer demais, rápido demais. Por muitas semanas, sucumbi e me vi sobrecarregado, exausto e sem fazer nada particularmente bem.

“Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade.” (Pv 16.32). Durante muitas semanas, parti para tomar a cidade, mas pouco alcancei.

Todas as parábolas com imagens de agricultura também me desafiaram (cf. Marcos 4.26-32). Já ouvi mais de um pastor sábio sugerir que pastorear é como cultivar a terra; o trabalho lento, fiel e diário rende mais frutos ao longo do tempo. O grande pregador James Boice disse que geralmente superestimamos o que podemos fazer em um ano e subestimamos o que podemos fazer em dez. Listas de tarefas semanais mais curtas e metas maiores de longo prazo nos servem bem.

Concentrando-se em ovelhas fracas em detrimento do cultivo de líderes

Homens com corações como o do Bom Pastor encontram grande alegria em cuidar do rebanho. E ovelhas fracas frequentemente pedem esse cuidado com mais vigor do que membros que se ocupam em servir aos outros.

Nos primeiros anos de pastoreio, eu ocupava meu tempo cuidando de ovelhas fracas e tendia a negligenciar companheiros ou líderes em potencial. “Estamos fazendo mais ministério se distribuirmos nossos esforços, certo?”, pensei comigo mesmo.

Mas eu me esqueci de que Deus me havia chamado para cuidar também de líderes. Eu precisava “confiar [o evangelho] a homens fiéis, que sejam também idôneos para instruir os outros” (2 Tm 2.2). Jesus escolheu doze e dedicou a maior parte do seu tempo, ensino e treinamento a eles — inclusive priorizando Pedro, Tiago e João entre eles. Eu precisava repensar o tempo que estava investindo em ovelhas fracas para cultivar e cuidar de outros pastores.

Lançamento de novos programas sem considerar as consequências a longo prazo

As pessoas adoram programas. Se você puder agrupar e padronizar o ministério em eventos, ele frequentemente terá mais apelo para as pessoas da sua congregação.

Programas não são ruins em si mesmos. Frequentemente, servem a propósitos úteis, sejam aulas dominicais de manhã, treinamento evangelístico ou grupo de jovens. Programas podem servir aos propósitos de Deus; o problema surge quando são vistos como a única maneira de atingir os objetivos para os quais foram concebidos.

O Novo Testamento descreve pouquíssimas atividades ministeriais organizadas em termos programáticos. Mesmo assim, membros me perguntaram em mais de uma ocasião: “Por que não temos um programa _____?”. Muitos deles vinham de igrejas com programas em abundância. No livro A treliça e a videira”, de Colin Marshall e Tony Payne, eles falam de uma igreja que tinha 23 programas ministeriais diferentes listados no boletim todos os domingos.

Muitas vezes eu queria o mesmo objetivo que os programas propostos pelos meus membros prometiam, mas eu temia que nosso objetivo se tornasse perpetuar o programa, em detrimento do ministério orgânico na vida dos membros.

Apesar da pressão dos membros, demorei a implementar novos programas — embora fortalecido por presbíteros sábios — e fico feliz por isso. Pergunte a si mesmo: existem maneiras de ensinar e treinar por meio de seus sermões, cultos dominicais ou outros programas existentes, em vez de começar um novo? Relacionamentos comuns de discipulado teriam o mesmo resultado, ou até mais, que um novo programa? Se o objetivo é ajudar as pessoas a aprender novas habilidades ministeriais, pode haver uma solução de curto prazo que não o sobrecarregue com um programa contínuo que pode se tornar uma “vaca sagrada”? Pense nas consequências de longo prazo antes de iniciar um novo programa.

Ser excessivamente encorajado por elogios ou afundado por críticas

CH Spurgeon, em seu livro Lectures to My Students , diz: “Você não pode calar a língua das pessoas e, portanto, a melhor coisa é calar seus próprios ouvidos e não se importar com o que é falado”. Volto frequentemente a este capítulo enquanto continuo a orar por “pele grossa” e um “coração mole”, em vez da “pele fina” e do “coração duro” aos quais minha natureza pecaminosa me empurra.

Nos meus primeiros anos, eu era excessivamente animado pelos elogios dos membros e excessivamente desanimado pelas críticas. “Aquele sermão realmente me abençoou, pastor” é encorajador para qualquer um ouvir, e devemos louvar a Deus quando isso acontece. Mas as críticas que nos pegam desprevenidos podem nos derrubar tanto quanto os elogios nos elevam.

Servimos à congregação, mas Jesus é o nosso Senhor (1 Coríntios 4.1). E é a ele que, em última análise, respondemos. É aqui que a tentação de negligenciar nossas próprias disciplinas espirituais nos deixa vulneráveis ​​às artimanhas de Satanás. Nutrir regularmente nosso discipulado e amor a Cristo nos protege de sermos excessivamente influenciados por elogios ou críticas.

Acompanho o futebol inglês com paixão. Quando novos jogadores estream, eles estão sempre vulneráveis ​​a “erros de calouro”, apesar da habilidade e do desejo de servir ao time. Eles vão cometer erros, sim! E muitos jogadores aprendem com eles e se tornam veteranos experientes.

O mesmo vale para novos pastores. Se enfrentarmos as tentações com a ajuda do Senhor e aprendermos humildemente com nossos erros, o Senhor nos usará para Seus propósitos.

Talvez eu tivesse fios grisalhos na minha barba desgrenhada, mas naqueles primeiros anos de pastorado, as palavras de Paulo para Timóteo pareciam ser para mim também: “Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza… Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto.” (1 Timóteo 4.12, 15).


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Por: Brian Parks. ©9Marks. Traduzido com permissão. Fonte: Unique Temptations for a New Pastor | Edição e revisão por Vinicius Lima.