Um blog do Ministério Fiel
Como consolar um casal após um aborto espontâneo
Três ajudas aos que sofrem com a perda de um bebê
Meu amigo está passando por um momento de luto. Ele e a esposa acreditavam que nunca conseguiriam ter um filho e guardavam em seus corações a dor por um sonho que pensavam ser impossível. No entanto, para a surpresa deles, descobriram que estavam esperando um bebê. Há cerca de dez dias, compartilharam comigo, cheios de alegria, a notícia desse pequeno milagre que estava crescendo no ventre da esposa.
Estava.
E quando o “existir” é conjugado no passado, nos entristecemos. O desejo de ajudar meus amigos me levou a recordar o momento em que minha esposa e eu enfrentamos uma perda semelhante a alguns anos atrás. A imagem da sala de ultrassom e a reação da técnica de enfermagem ao sair para chamar um médico para nos dar a mesma triste notícia nunca saíram da minha mente.
Enquanto refletia sobre nossa história, listei três atitudes práticas que foram muito úteis para nós e que podem auxiliar aqueles que desejam apoiar alguém que passou por um aborto espontâneo.
Ajude-os a sofrer para a glória de Deus
Há momentos na vida em que chorar é a atitude mais santa que podemos ter. Às vezes, nossas lágrimas representam a melhor adoração que podemos oferecer a Deus. Posso afirmar isso com confiança, pois nosso Salvador manteve sua perfeita santidade mesmo quando chorou pela morte de seu amigo Lázaro.
Uma coisa é certa: aqueles que estão em Cristo não sofrem da mesma maneira que os que não compartilham da mesma esperança. No entanto, todos sofremos pela morte de alguém querido, e isso é perfeitamente normal. Na verdade, mais do que isso, o luto dos crentes expressa um amor apropriado por pessoas queridas — neste caso, um bebê que nunca conhecemos, mas que já fazia parte de nossa família. Quando o luto expressa um amor genuíno e ordenado, ele se torna um gesto de adoração.
Aqueles meus amigos perderam alguém. Nós também perdemos alguém – não algo – que amávamos. Por isso, sofremos porque amamos. E fazemos isso diante de Deus e para sua glória. O Senhor nunca está distante – Ele está ali com a gente, mesmo enquanto passamos pelo vale do luto. Ao cuidarmos daqueles que estão passando pelas dores causadas por um aborto espontâneo, nós podemos ajudá-los a se tornarem mais conscientes da glória que Deus recebe quando sofremos diante dele.
Considere que a experiência de cada pessoa é diferente
É comum que algumas pessoas decidam não compartilhar a notícia de sua gravidez com outros até completarem o primeiro trimestre de gestação. Alguns casais preferem ter certeza de que tudo está indo bem antes de permitir que outros saibam que estão esperando um bebê. Dessa forma, no caso de um aborto espontâneo, eles não precisariam passar pela mesma lembrança da dor todas as vezes em que fossem questionados sobre a gravidez.
Nossa família optou por um caminho diferente. Minha esposa e eu sempre escolhemos compartilhar a notícia abertamente assim que descobríamos que estávamos esperando um bebê. Queríamos que as pessoas ao nosso redor compartilhassem de nossa alegria, mas também estivessem ao nosso lado se algo desse errado. Quando enfrentamos um aborto espontâneo, precisamos dessas pessoas e encaramos cada pergunta sobre a gravidez como uma expressão de amor e preocupação por nossas vidas.
Pessoalmente, não acredito que uma abordagem seja melhor do que a outra. Mas consideramos muitos fatores ao escolher nosso caminho: nossa família amorosa, amigos íntimos que tínhamos e uma comunidade atenciosa na igreja. Sei que nem todos têm um sistema de apoio tão sólido como o nosso. No entanto, meu ponto é que, desde o início, as pessoas podem adotar diferentes estratégias para compartilhar sua gravidez com base no que acreditam ser melhor para suas famílias e nos contextos em que vivem.
Diferentes experiências também podem ser observadas entre membros da mesma família. Mães e pais lidam com a dor de maneiras diferentes. No nosso caso, minha esposa sentiu a dor da perda em seu próprio corpo por mais quatro semanas, enquanto eu não carreguei esse fardo. Portanto, ao ajudar os outros a lidar com a dor após um aborto espontâneo, é importante ser sensível às particularidades da experiência de cada um e à especificidade de sua dor.
Conforte-os com amor diligente
Não existem atalhos para o conforto. Às vezes, somos tentados a acreditar que, se apenas encontrássemos as palavras certas, poderíamos aliviar a dor de alguém. No entanto, o conforto nestes casos envolve mais a presença do que as palavras. Estar presente pode significar estar fisicamente presente. Assim que soube da perda dos meus amigos, dirigi-me à casa deles. Queria abraçá-los por pelo menos um minuto e queria dizer pessoalmente: “Estou aqui para vocês, para o que precisarem.”
Para outras pessoas, estar presente pode significar respeitar seu desejo por privacidade e servi-los à distância, dizendo: “Estou aqui para você, sempre que precisar de mim.” No caso da nossa família, recebemos esse amor através de inúmeras refeições e mensagens de apoio da nossa igreja. Eles verdadeiramente nos amaram e demonstraram seu carinho de forma diligente.
Conclusão
Ao procurarmos cuidar de pessoas que estão sofrendo após um aborto espontâneo, devemos ajudá-las a compreender que é possível sofrer para a glória de Deus. Além disso, nossa ajuda será mais bem recebida se formos sensíveis às particularidades da experiência e da dor de cada pessoa. Enquanto elas enfrentam o sofrimento, o tipo de apoio que mais reflete a atitude de Cristo em relação a nós é o amor diligente, que demonstra uma disponibilidade pronta e uma presença reconfortante.
Questões para reflexão
Quais outros aspectos relevantes devemos considerar ao cuidar daqueles que estão sofrendo após um aborto espontâneo?
Quais outras estratégias práticas podem ser úteis para demonstrar amor a essas pessoas?