A cidade do homem (Apocalipse 18.4-5)

 

Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos; porque os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou dos atos iníquos que ela praticou. (Ap 18.4-5)

 

Não devemos ficar surpresos ou alarmados quando os cristãos enfrentam oposição contínua. A disposição natural da humanidade é de desafio orgulhoso a Deus e, portanto, contra o seu povo. O homem, sobre o fundamento instável de seu orgulho, “edifica uma cidade” (para usar a linguagem pictórica do Apocalipse) e arquiteta um estilo de vida que se opõe aos caminhos de Deus.

A humanidade tem feito isso desde a Queda. O primeiro projeto de construção sem Deus foi na planície de Sinar, em um lugar chamado Babel (Gn 11.1-9) — o lugar que mais tarde recebeu o nome de Babilônia e para o qual o povo de Deus foi exilado. Apocalipse 18, portanto, refere-se à cidade do homem, construída em desafio a Deus, como a Babilônia; e a Babilônia é então personificada como uma prostituta, seduzindo as pessoas a cometer adultério espiritual. Atraente e sedutora, a cidade do homem é eficaz em afastar muitos de Deus. É “a grande cidade que domina sobre os reis da terra” (17.18), e sua influência é significativa e destrutiva.

Como, então, os cidadãos da cidade de Deus devem responder a esse rival mundano? Devemos estar no mundo, mas não ser do mundo. Em outras palavras, devemos ser sal, que tem um sabor distinto e uma qualidade conservadora; e devemos ser luz, que expõe o que as trevas encobrem, mas que também guia os outros ao longo do caminho para a segurança (Mt 5.13-16). Devemos viver na tensão de ser membros deste mundo, mas não pertencer aqui: residir aqui, mas também estarmos separados daqueles cujos corações e mentes estão contra Deus. Os pecados da cidade do homem não devem caracterizar o crente, diz João, para não “[participarmos] dos seus flagelos”. Se nos rendermos à sedução da Babilônia, provaremos que nossa identidade nunca foi verdadeiramente a de um cidadão do Reino de Deus.

Aqueles que seguem a Cristo devem estar comprometidos com a verdade da Bíblia. O cristianismo é mais do que um código moral. É mais do que uma estrutura para viver ou um método para melhorar a vida de alguém. Onde está a cruz nisso? O cristianismo é distinto de todas as outras religiões, pois nos apegamos à morte de Jesus na cruz como nosso meio de reconciliação com Deus. Já estivemos mortos em nossos pecados, merecedores da ira e do julgamento de Deus — porém ele nos redimiu por meio da vida perfeita de Cristo, de sua morte expiatória e ressurreição vitoriosa.

Por enquanto, o mundo continua como sempre foi. Mas um dia Cristo voltará e silenciará todos os falsos profetas, todos os cidadãos da Babilônia e até mesmo o próprio diabo. Podemos ver a igreja pressionada, ridicularizada, contrariada por meio de legislação e perseguida. O mundo nos verá como fracos, do lado errado da história, e indignos de respeito ou aceitação. Contudo, temos esperança nesta afirmação triunfante: nem as portas da Babilônia nem as portas do inferno prevalecerão, porque Cristo edificará e guardará sua igreja (Mt 16.18). Então, por ora, enquanto você vive na Babilônia, qual de seus pecados você acha mais atraente? De que maneira você está mais tentado a viver como se esta cidade fosse tudo o que existe? E que oportunidades você recebeu para ser sal e luz para aqueles ao seu redor? Certifique-se de resistir à cidade do homem e de chamar outros para a cidade de Deus.


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