A dúvida de Gideão (Juízes 6.12–13)

O Anjo do Senhor apareceu [a Gideão] e lhe disse: O Senhor é contigo, homem valente. Respondeu-lhe Gideão: Ai, senhor meu! Se o Senhor é conosco, por que nos sobreveio tudo isto? (Jz 6.12-13)

 

O momento em Juízes 6 no qual Gideão encontra um anjo é um momento dramático e incongruente. O anjo o chama de “homem valente” enquanto ele está escondido em um lagar na tentativa de debulhar o trigo sem ser visto pelos midianitas invasores (Jz 6.11). Não há muita força ou valor nele!

É como se Deus focasse a câmera em Gideão como um microcosmo de seu povo. Talvez, naquele momento, Gideão tenha olhado por cima do ombro, imaginando se a saudação era realmente para ele. Afinal, o Senhor permitiu que o seu povo fosse reduzido a se esconder em cavernas. Então ele perguntou: “Se o Senhor é conosco, por que nos sobreveio tudo isto?”

É uma pergunta sensata: se Deus é quem ele afirma ser, então por que permite circunstâncias preocupantes em nossa vida? Certamente podemos nos identificar com isso. A vida de todos nós está cheia de “se”, “mas” e “por quê”. Devemos ser encorajados, no entanto, a saber que, se Deus pôde responder à pergunta de Gideão ou aos clamores de Israel, ele decerto pode lidar com nossas perguntas difíceis — mesmo que sua resposta nem sempre seja o que esperamos.

Quando os israelitas clamaram pela ajuda de Deus em Juízes 6.7, ele não respondeu enviando um guerreiro para livrá-los, mas um profeta para ensiná-los (v. 8). Deus sabia que eles precisavam ouvir sua Palavra no meio das provações. Em última análise, eles precisavam se voltar para Deus e confiar nas promessas dele. O profeta lhes disse, em linhas gerais, o que o anjo disse a Gideão: “O Senhor é contigo”. A presença de Deus e a existência de provações podem coexistir.

As perguntas que levantamos são finalmente respondidas não em alguma lista de “cinco passos fáceis”, mas na revelação de Deus de si mesmo por meio de sua Palavra. No caso de Gideão, a resposta de Deus parecia não ser nenhuma resposta. Não houve diálogo sobre as circunstâncias de Israel ou qualquer explicação sobre seus inimigos. Em vez disso, o Senhor se virou para Gideão e disse: “Vai nessa tua força e livra Israel da mão dos midianitas; porventura, não te enviei eu?” (Jz 6.14).

Gideão sentiu-se inadequado: “Com que livrarei Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai” (Jz 6.15). Muitas vezes, porém, é exatamente quando admitimos nossa inadequação que Deus começa a operar em nós. Até chegarmos ao ponto em que possamos ver nossa fraqueza, não estaremos inclinados a orar, a andar firmes nas provações ou a parar de confiar em nós mesmos. Somente quando conhecemos nossas próprias deficiências e ouvimos a promessa de Deus de estar conosco e trabalhar em nós e através de nós, então nos comprometemos a servi-lo com tudo o que temos, por mais fracos que nos sintamos e sejamos. Afinal, em sua Palavra, Deus promete que nossa fraqueza, somada à sua força, é suficiente para qualquer tarefa a que ele nos chamar (Fp 4.13).


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