Admitindo que somos pobres (Lucas 6.20)

 

Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. (Lc 6.20)

 

Jesus exalta o que o mundo despreza, e rejeita o que o mundo admira.

Esse é o grande desafio das bem-aventuranças e a mais desafiadora dentre elas se encontra aqui no ensino de Jesus sobre a riqueza. Vivemos em um mundo que clama para sermos bem-sucedidos, particularmente no domínio das finanças e da riqueza material. O conforto é um rei em nossa cultura de consumo, e essa cultura é a água onde todos nós nadamos.

Então, confronta-nos o fato de Jesus iniciar o seu ensino neste sermão dizendo: “Bem-aventurados vós, os pobres”. O que ele está fazendo? Ele está sugerindo que a pobreza material é de alguma forma a chave para a salvação? Claro que não! Em vez disso, está explicando que aqueles que realmente se tornam conscientes de sua pobreza espiritual entrarão no Reino de Deus.

Há, é claro, aqueles que afirmam que Jesus estava ensinando que, se você é pobre, deve ficar muito feliz, pois é automaticamente uma parte do reino dos céus. Mas esse tipo de pobreza não é a chave para entrar no Reino de Deus, nem as próprias riquezas são a principal razão para a exclusão de alguém. Na verdade, pobres e ricos são bem-vindos ao Reino ao perceberem sua necessidade de perdão e confiarem em Jesus como seu Salvador. Se não fosse esse o caso, então uma mulher chamada Lídia, que vivia em Filipos como uma próspera comerciante, nunca teria tido seus olhos e coração abertos para a verdade do Evangelho (At 16.11-15). Não: é uma consciência de nossa pobreza espiritual sem Cristo que é necessária.

É importante notar, no entanto, que a pobreza financeira pode muito bem ser um meio de bênção espiritual. Tal pobreza muitas vezes leva homens e mulheres a descobrir sua total dependência de Deus não apenas para necessidades físicas e materiais, mas também para bênçãos espirituais. Por essa razão, a pobreza tende a produzir uma resposta muito maior ao Evangelho do que a riqueza. Desfrutar de abundância material pode tão facilmente nos cegar para nossa necessidade mais profunda: a necessidade de sermos trazidos para o Reino de Deus. A riqueza é muitas vezes o terreno em que o orgulho floresce, de modo que nosso coração se esquece de que, tanto para os ricos quanto para os pobres, “como a flor da erva” nós “passaremos” (Tg 1.10).

Como João Calvino explicou: “Aquele que é reduzido a nada em si mesmo e confia na misericórdia de Deus é pobre de espírito”.[1] A pobreza traz suas provações; mas você já percebeu que a riqueza também, em suas tentações de orgulho, autoconfiança e mornidão espiritual?

Então, estamos dispostos a admitir nossa pobreza espiritual? Ou estamos muito confiantes e satisfeitos com nossas riquezas terrenas? Aqui está uma maneira de saber a verdadeira resposta a essas perguntas: seu coração pode ecoar a oração de Agur em Provérbios: “não me dês nem a pobreza nem a riqueza” (Pv 30.8)?

 

[1] Commentary on a Harmony of the Evangelists, Matthew, Mark, and Luke, trad. William Pringle (The Calvin Translation Society, 1845), Vol. 1, p. 261 (ênfase acrescentada).


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