Alienação crucificada (Efésios 2.1-2)

 

Estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora. (Ef 2.1-2)

 

Por mais estranho que possa parecer, por mais confrontador que possa ser, a Bíblia compara os não redimidos aos mortos-vivos. Fora de Jesus Cristo, homens e mulheres estão “mortos” em seus delitos e pecados.

A imagem bíblica da humanidade deve moderar nossas expectativas de como a vida pode ser fora do Reino de Deus. A educação é de vital importância. A legislação é claramente necessária. Mas nenhuma destas, nem as duas juntas, é capaz de lidar com as questões básicas do coração humano. Os remédios mundanos só nos levam até certo ponto porque não podem resolver o maior problema: nossa condição natural é a de estarmos “mortos nos [nossos] delitos e pecados, nos quais [andamos] outrora […] e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.1-3).

A alienação que marca a humanidade fora de Cristo é principalmente vertical: uma alienação de Deus. No entanto, os efeitos se espalham em outras direções. Paulo continua, em sua carta aos efésios, a descrever como essa alienação vertical afetou as relações horizontais entre judeus e gentios (Ef 2.11-12). A hostilidade profundamente arraigada entre judeus e gentios no mundo antigo foi causada por nada menos profundo do que o pecado humano. Ambos estavam separados de Deus, conforme representado pela cortina que pendia no templo, e ambos estavam separados um do outro pelo muro metafórico que existia entre eles (v. 14).

A verdade é que tais hostilidades estão destinadas a continuar à parte de Cristo. Embora seja bom investir em nossas comunidades e trabalhar para uma mudança real em nossa sociedade e para o bem do nosso próximo (e, de fato, Deus direciona seu povo a fazer isso — veja, por exemplo, Jr 29.7), não é aqui que um cristão concentra sua energia primária no ministério ou coloca sua esperança de renovação. Em Jesus, e somente em Jesus, Deus criou e ainda está criando uma nova sociedade onde as barreiras divisórias são quebradas pela graça. Deus proveu na igreja local autêntica “o modelo genético” para “um mundo quebrado refeito”.[1] Quando as pessoas encontrarem igrejas onde esse modelo é visto, elas experimentarão um gostinho do que Deus está planejando fazer quando o pecado, as lágrimas e a tristeza não existirem mais; quando, em um novo céu e em uma nova terra, tudo o que ele intentou estiver completo.

A alienação — tanto vertical quanto horizontal — é inevitável à parte de Cristo. Todavia, em Cristo, assim como na sociedade que ele está construindo e da qual ele é o cabeça, tal alienação foi crucificada. Levar a sério a realidade do pecado significa que você e eu investiremos da maneira como pudermos em nossa igreja local, a fim de garantir que seja um lugar onde a graça derrubou barreiras e o modelo do futuro Reino de Deus está claro. Até chegarmos lá, temos agora a oportunidade de trabalhar e desfrutar do antegosto.

[1] Christopher Ash, Remaking a Broken World: The Heart of the Bible Story (The Good Book Company, 2019), p. 163.


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