Ao Senhor pertence a vingança (Mateus 5.38–39)

Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra. (Mt 5.38-39)

 

Quando Jesus proferiu essas palavras familiares, com quem ele estava falando? A quem Jesus estava mandando suportar o mal e resistir à retaliação?

Pode parecer simples, mas essa pergunta chega a uma distinção importante que estava na mente do apóstolo Paulo ao escrever sua carta aos romanos. No capítulo 12, ele exorta seus leitores a “Não [tornar] a ninguém mal por mal” (Rm 12.17) e a “[vencer] o mal com o bem” (v. 21), ecoando o ensinamento do Senhor: devemos dar a outra face. No entanto, apenas alguns versículos depois, em Romanos 13, ele diz que Deus estabeleceu autoridades civis como seus servos com o propósito de aprovar o que é bom e punir o que é mau (13.1-4). Às vezes, então, o mal é retribuído, e outras vezes não é — pelo menos não imediatamente.

Tanto Paulo quanto Jesus reconheceram uma distinção importante que devemos lembrar entre a maneira como os cristãos devem responder ao mal sofrido por eles (tratada em Rm 12) e a execução do Estado de direito (tratada em Rm 13).

Os cristãos não devem fazer justiça com as próprias mãos. Em vez disso, devemos confiar a retribuição do mal às autoridades que Deus colocou em prática. As autoridades civis são um exemplo. Quando cumprem seus papéis corretamente, servem como um terror para a má conduta, mas não para a boa. Elas estão lá para executar fielmente o Estado de direito e punir aqueles que o violam.

Entender que Deus é perfeitamente justo nos libertará para obedecer ao mandamento de Jesus de dar a outra face. Este não é um chamado para fingir que o mal sofrido por nós não é um mal ou para abraçar uma perspectiva desesperada que diz que não há justiça. Também não é um apelo a aceitar, quando somos vítimas, que não devemos recorrer às autoridades civis. Não; os cristãos são chamados a suportar o mal e podem fazê-lo porque ao Senhor pertence a vingança (Rm 12.19). Ocasionalmente, ele permite que a vingança seja realizada nesta vida, pois autoriza os governos humanos a “[portar] a espada” (13.4 NVI). Porém, no dia do Senhor, ele será aquele que executará diretamente a justiça, e todo o mal que é feito em seu mundo será recompensado na íntegra.

Você e eu, então, somos livres para buscar a justiça das autoridades que Deus instituiu para proteger as pessoas e punir as irregularidades. Da mesma forma, somos livres para dar a outra face, resistindo ao desejo natural de lidar com nossas próprias mãos e decretar nossa própria vingança. A justiça virá, mas não de nossas mãos.


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