Deus é por nós (Tiago 1.13)

 

Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. (Tiago 1.13)

 

Quando nos tornamos crentes em Jesus Cristo e os laços do pecado são quebrados, uma série de coisas se tornam verdadeiras para nós imediatamente. Somos transferidos da morte para a vida e habitados pelo Espírito de Deus. Somos colocados dentro de sua família. Somos redimidos, mudados e nascidos de novo. O pecado não reina mais em nossa vida.

No entanto, ele permanece.

Ao confiar em Cristo, não estamos vivendo uma vida de conforto na qual estamos isentos de ataques do Maligno ou das tendências sutis do nosso próprio coração. Em vez disso, do ponto de conversão até o ponto de ver Cristo e de ser feito como ele, o cristão está envolvido em “uma guerra contínua e irreconciliável”[1] contra a tentação.

A Escritura está cheia de advertências sobre a tentação: aquela sedução ao pecado e ao mal que todos nós experimentamos. A tentação não é simplesmente a atração de coisas que são selvagens e impensáveis, mas o impulso de pegar as coisas boas que Deus nos deu e usá-las (ou fazer mau uso) de uma maneira que peca contra Deus. Em Cartas de um diabo a seu aprendiz, C. S. Lewis alude a essa sutileza do pecado quando Maldanado exorta seu aprendiz de diabo a “encorajar os humanos a aproveitar os prazeres que nosso Inimigo [a saber, Deus] produziu, às vezes, ou de maneiras, ou em graus, que ele proibiu”.[2]

A Escritura é clara no sentido de que Deus nunca é e não pode ser a fonte da tentação. Quando Tiago afirmou que “Deus […] a ninguém tenta”, ele construiu sua declaração em cima do caráter de Deus. Deus é incapaz de tentar os outros para o mal, porque ele mesmo é insuscetível ao mal. Tentar outros para o mal exigiria um prazer no mal que Deus não possui.

A palavra traduzida como “tentar” também pode ser tomada como “testar”. Portanto, o que nossa natureza decaída pode transformar em tentação ao pecado também é um teste que pode fortalecer a nossa fé. Quando enfrentamos um momento de teste, coisa que Deus permite, devemos lembrar que o propósito de Deus não é o nosso fracasso, mas sermos beneficiados. O diabo anseia que fracassemos, porém Deus anseia que tenhamos sucesso. Ele é por nós e está operando todas as coisas, até mesmo provações e tentações, para o nosso bem.

Então, quais tentações você está enfrentando regularmente (ou a quais está cedendo)? Aprenda a enxergá-las como tentações, mas também como oportunidades — como momentos para escolher obedecer, agradar seu Pai, crescer em maior conformidade a Cristo — para ganhar uma vitória em sua guerra contínua. “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7).

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[1] Confissão de Fé de Westminster 13.2.

[2] The Screwtape Letters (1942; HarperCollins, 2001), p. 44. Publicado no Brasil em português por Thomas Nelson Brasil, Cartas de um diabo a seu aprendiz.