Ele achará fruto? (Marcos 11.13–14)

E, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela, porventura, acharia alguma coisa. Aproximando-se dela, nada achou, senão folhas; porque não era tempo de figos. Então, lhe disse Jesus: Nunca jamais coma alguém fruto de ti! E seus discípulos ouviram isto. (Mc 11.13-14)

 

Aqui está uma narrativa “cheia de dificuldades”.[1]

O que é surpreendente sobre Jesus amaldiçoar uma figueira aqui é que este é um milagre de destruição. Tudo o mais que vemos Jesus fazendo até este ponto no Evangelho de Marcos foi um milagre de transformação ou de restauração. Como essa é uma aberração completa em contraste com as outras ações de Jesus, precisamos nos aprofundar em seu significado.

No Antigo Testamento, tanto a videira quanto a figueira são rotineiramente usadas como metáforas para descrever o status dos israelitas diante de Deus. Quando frutos bons estão crescendo da videira ou da árvore, tudo está bem; quando frutos maus ou nenhum fruto está crescendo, o povo de Deus se desviou.

Enquanto Jesus observava o vazio total que era representado nas atividades religiosas naquela época, estas palavras do profeta Miqueias podem ter vindo à sua mente: “Ai de mim! Porque estou como quando são colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos temporãos que a minha alma deseja” (Mq 7.1).

Jesus amaldiçoar uma figueira, então, estava longe de ser arbitrário. Esta cena foi uma parábola de simbolismo profético. Ele usou a figueira para demonstrar o julgamento que estava prestes a cair sobre Jerusalém. Jesus havia chegado ao centro da vida religiosa em busca de abundância em oração e frutos, e não havia encontrado nada disso. A figueira estéril era emblemática de um legalismo cerimonial e religioso que alegava satisfazer o coração faminto e agradar a Deus, mas, quando as pessoas se comprometiam com tal religião, não havia nada lá para satisfazer — e esse ato do Filho divino mostra que Deus estava longe de estar satisfeito.

Tal aviso profético tem algum significado para nós, que vivemos tão longe de figueiras e templos? Sim! O desafio de dar bons frutos também é para nós. No entanto, também devemos ter cuidado para não confundir as observâncias religiosas ou a justiça própria que obedece às regras com o fruto verdadeiro. O povo de Deus está sempre em perigo de um legalismo vazio substituindo um relacionamento vibrante. Qual é a maneira de prestar atenção à advertência da figueira seca? Em outro lugar, Jesus nos diz: “Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, [o Pai] o corta […]. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.2, 5). Em outras palavras, não devemos procurar melhorar, e sim conhecer mais a Jesus.

Algum aspecto do que essa figueira representa é verdadeiro para sua vida? Quando Jesus vier e nos sondar, encontrará fruto em nossos ramos? Ele achará fé? Permaneça humildemente conectado a Jesus, nossa Videira, e seu Espírito produzirá em você o próprio fruto que ele está procurando.

 

[1] C. E. B. Cranfield, The Gospel According to Mark, Cambridge Greek Testament Commentary, ed. C.F.D. Moule (1959; reimpressão, Cambridge University Press, 2000), p. 354.


Tenha uma experiência ainda mais enriquecedora em sua vida adquirindo este devocional em formato de livro  — CLIQUE AQUI e adquira já o seu!