Não há neutralidade (Romanos 12.9)

 

Detestai o mal, apegando-vos ao bem. (Rm 12.9)

 

Qualquer paciente que tenha sido submetido a um transplante de medula óssea sabe da importância de ser isolado de qualquer possibilidade de infecção. Como seu sistema imunológico está tão esgotado, ele está mais suscetível a doenças do que a pessoa comum. Se um visitante chega tossindo e cuspindo, tratar como algo que “não é nada demais” seria abominável para o paciente e para seus médicos. Qualquer doença deve ser resistida como uma praga, porque suas consequências são potencialmente fatais.

O amor cristão deve refletir esse tipo de mentalidade radical quando se trata do mal. Não podemos dizer que amamos sem hipocrisia os outros se valorizamos, ou mesmo apenas toleramos, o mal em nosso coração e nos distanciamos do bem. Não podemos brincar com a maldade, buscando estabelecer alguma abordagem “deixa a vida me levar” para pecados específicos. “Detestar” é uma palavra tão forte quanto é possível para Paulo usar. Ele não tem nenhuma ideia de neutralidade quando se trata de pureza.

No início deste versículo, Paulo já instruiu seus leitores a “que o amor seja sem hipocrisia”. Não é interessante, então, que Paulo imediatamente vá de “amor” para uma palavra que essencialmente significa “ódio”? Muitas vezes pensamos que, se amamos, não devemos odiar nada nem ninguém — mas isso é apenas sentimentalismo. Paulo deixa claro que o amor “não se alegra com a injustiça” (1Co 13.6). Se você ama seu cônjuge com uma pureza apaixonada, você odeia tudo o que roubaria seu relacionamento; caso contrário, seu amor não é amor. O mesmo se aplica ao nosso amor pelas coisas de Deus. Não podemos amar a santidade sem odiar o seu oposto.

À medida que Paulo continua, ele passa do negativo para o positivo, usando a mesma frase, “unir-se”, que Jesus usa para descrever o relacionamento de marido e mulher (veja Mt 19.5).[1] Paulo não usa essa frase arbitrariamente. O casamento é a união humana mais próxima possível — psicológica, intelectual e espiritualmente. Então Paulo está dizendo aqui que o amor cristão deve ter um compromisso de “supercola” com a bondade.

Devemos ter cuidado para não cairmos na armadilha do mundo de chamar “ao mal bem e ao bem, mal” ou ser aqueles “que fazem das trevas luz e da luz, trevas” (Is 5.20 NVI). O povo de Deus entende que há um tempo para o amor e um tempo para o ódio (Ec 3.8). Então, como você descreveria sua atitude em relação ao mal — especialmente quanto àqueles pecados que são mais atraentes para você ou mais celebrados por aqueles que vivem ao seu redor? O que mudaria se você os detestasse? Hoje, confie no Espírito de Deus para capacitá-lo a amar adequadamente, odiando o que Deus odeia, ecoando a oração de John Baillie: “Ó Deus, dá-me o poder de seguir o que é bom. Agora, enquanto oro, que não haja nenhum propósito secreto do mal formado em nossa mente, que aguarda por uma oportunidade de cumprimento.”[2]


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[1] N.T.: Em ambos os versículos, a palavra grega é kollaomai, traduzida para o português como “apegar” em Rm 12.9 e “unir” em Mt 19.5, segundo algumas versões. Em inglês, a palavra é traduzida como hold fast em ambos os casos.

[2] “Sixth Day, Evening”, em A Diary of Private Prayer (Fireside, 1996), p. 31.