Rendição majestosa (João 18.3-6)

 

Tendo, pois, Judas recebido a escolta e, dos principais sacerdotes e dos fariseus, alguns guardas, chegou a este lugar com lanternas, tochas e armas. Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus, o Nazareno. Então, Jesus lhes disse: Sou eu. […] [Eles] recuaram e caíram por terra. (João 18.3-6)

Todos os escritores dos Evangelhos cobrem eventos semelhantes da vida de Jesus, mas cada um destaca detalhes e aspectos particulares da identidade de Jesus. Uma das intenções de João era estabelecer a supremacia e a vitória de Jesus sobre as próprias circunstâncias que deveriam degradá-lo e humilhá-lo. Considere a prisão de Jesus no Jardim do Getsêmani: ele se rendeu de bom grado, mas com autoridade, revelando sua majestade como Salvador do mundo. Certa vez, as pessoas tentaram forçar uma coroa de rei sobre Jesus, e ele se retirou porque sabia que a realeza mundana não era o seu destino (Jo 6.15). Aqui, quando os soldados vieram para forçar uma cruz sobre ele, ele sabia tudo o que se desdobraria. Eles certamente esperavam ter de procurar por toda parte por esse notório carpinteiro galileu. Em vez disso, aqui estava ele, entregando-se voluntariamente, com uma majestade em sua voz, uma expressão em seus olhos e uma influência sobre sua pessoa que contribuíam para a magnitude do momento. Não é de admirar que eles “recuaram e caíram por terra”.

Quando Jesus se entregou àqueles que o tratariam como um blasfemo e criminoso, ele não negou quem era. Na verdade, ele usou uma linguagem que comunicava a sua identidade e autoridade divinas. Jesus usou a frase “Eu sou” não apenas para dizer aos soldados que ele era Jesus de Nazaré, mas também para se identificar como aquele que apareceu a Moisés na sarça ardente (Êx 3.14). Essa foi a mesma frase que, meses antes, quase o fizera ser apedrejado (Jo 8.58-59), pois era uma afirmação clara de ser o autoexistente Deus vivo.

Agora, aqui está esse Deus, dando um passo à frente para impedir que seus amigos resistam e permitir que seus inimigos o matem. Por quê? Quando Cristo veio à frente no jardim, ele não estava apenas protegendo seus discípulos, mas também estava provendo para o seu povo. Ele deu um passo à frente como substituto de humanos pecadores, como o cumprimento de tudo o que havia sido previsto há muito tempo. Ele sabia exatamente para o que caminhava: “Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus” (1Pe 3.18).

Em sua combinação de rendição voluntária e autoridade divina, Cristo deu o próximo passo em direção à cruz, onde seu sacrifício conquistou a nossa salvação. Ele não correu da cruz, mas caminhou resolutamente em direção a ela. E ele fez isso por você.

É uma coisa tão maravilhosa,

Quase maravilhosa demais para ser verdade,

Que o próprio Filho de Deus venha do céu

E morra para salvar uma criança como eu.[1]

 

 

Aprofunde sua devoção a Deus em fiel.in/devocional


 

[1] William W. How, “It Is a Thing Most Wonderful” (1872).