Seja sincero consigo mesmo (Salmos 32.2)

Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo. (Sl 32.2)

 

Em Os irmãos Karamázov, de Dostoiévski, um dos personagens dá a outro este conselho: “Acima de tudo, não minta para si mesmo. Um homem que mente para si mesmo e ouve sua própria mentira chega a um ponto em que não discerne nenhuma verdade em si mesmo ou em qualquer lugar ao seu redor e, assim, cai em desrespeito consigo mesmo e com os outros.”[1] Quase três milênios antes, Davi também descreveu os potenciais efeitos do autoengano sobre como realmente somos.

A honestidade é vital para a descoberta da felicidade. Pessoas alegres e satisfeitas não mentem para si mesmas ou para qualquer outra pessoa. Não podemos nos enganar e desfrutar de felicidade genuína; engano e felicidade não dormem na mesma cama.

A Bíblia nos chama a sermos tão honestos sobre nós mesmos quanto é honesto sermos. Ela aponta um holofote para nosso coração e mente, revelando a verdade da situação humana. Somos informados de que vivemos em iniquidade, o que resulta em um viés interno inclinado a fazer o mal e uma natureza corrompida pelo pecado. Somos transgressores, indo aonde não devemos ir. Somos pecadores, incapazes de viver de acordo com nossos próprios padrões, muito menos com o padrão que Deus estabeleceu.

A surpresa deste versículo é que Davi começa com a palavra “bem-aventurado” ou “feliz”, mas imediatamente introduz realidades duras, como nossa iniquidade e nossa capacidade de mentir a nós mesmos e a Deus sobre isso. Contudo, a razão pela qual ele pode fazer isso é porque a situação que ele enfrenta é mais do que igualada pela cura que Deus oferece.

Observe que Davi não diz: Feliz é o indivíduo cuja iniquidade o Senhor não considera. Ele diz: “Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniquidade”. Porque Deus é santo, ele precisa considerar o pecado — mas ele o faz contra outra pessoa. Ele o atribui contra seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Encontramos nas palavras de Davi a incrível doutrina da justificação pela fé, que vemos pela primeira vez no relacionamento de Deus com Abraão, que “creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça” (Gn 15.6). No momento em que realmente acreditarmos que nossos pecados foram imputados ao nosso Salvador, seremos abençoados; seremos mais felizes do que nunca.

Portanto, o caminho para a bênção começa com honestidade. Não somos boas pessoas que cometem um erro ímpar. Não somos indivíduos maravilhosos com algumas falhas que podem ser atribuídas à nossa educação, ao nosso ambiente ou a não termos conseguido dormir na noite passada. Somos pecadores com corações enganosos, que ficam aquém dos padrões gloriosos de Deus, e, por natureza, estamos em posição de herdarmos apenas a ira (Jr 17.9; Rm 3.23; Ef 2.1-3). Seja honesto sobre quem você é. Seja específico sobre como você pecou contra o Senhor. Então você estará pronto para abraçar a notícia mais alegre do mundo: que, a cada dia, embora “nossos pecados [sejam] muitos, a sua misericórdia é maior”.[2]

 

 

[1] Fiódor Dostoiévski, The Brothers Karamazov: A Novel in Four Parts with Epilogue, trad. Richard Pevear e Larissa Volokhonsky (1990; reimpressão; Farrar, Straus, and Giroux, 2002), p. 44.

[2] Matt Papa e Matt Boswell, “His Mercy Is More” (2016).


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