Servos indignos (Jonas 4.2, 4)

 

E orou ao Senhor e disse: Ah! Senhor! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso, [eu] me adiantei, fugindo para Társis, pois [eu] sabia que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrependes do mal. […] E disse o Senhor: É razoável essa tua ira? (Jn 4.2, 4)

 

Quando as crianças fazem algo errado, muitas vezes buscam o perdão dos pais, o recebem e depois dizem: “Eu sei que estava errado, mas… havia uma razão perfeitamente boa para eu ter feito o que fiz”. Vemos algo semelhante com o profeta Jonas. Deus o perdoou, o pegou e o colocou de volta nos trilhos, e ainda assim ele tentou justificar sua desobediência anterior. Ele estava simultaneamente se sentindo irado, discutindo e orando — o que não é uma tarefa fácil!

Na argumentação de Jonas, observe quantas vezes o pronome pessoal “eu” aparece. Havia “Jonas” de mais em seu discurso — e, portanto, em seu coração — quando ele apresentou seu caso como uma questão de ser a sua palavra contra a do Senhor. Ele tolamente supôs que seu caminho era melhor do que o de Deus.

A queixa de Jonas também estava enraizada em dois pesos e duas medidas. Embora ele tivesse sido recentemente o destinatário da compaixão e misericórdia de Deus, ele encontrou falhas em Deus por demonstrar essa mesma misericórdia para aqueles que Jonas achava que deveriam estar além da redenção.

O grande problema para Jonas era a graça soberana de Deus. Ele estava zangado com Deus por agir de uma maneira que ele não entendia ou aprovava. Mas o Senhor havia declarado havia muito tempo: “terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem eu me compadecer” (Êx 33.19). A graça divina para com os pecadores nunca pode ser explicada. Não tem uma razão; simplesmente reflete quem Deus é.

Em resposta à reação de Jonas, o Senhor não perguntou se ele estava irado, mas se ele tinha o direito de estar irado. Esta era a questão central: Jonas — um representante de um povo a quem Deus havia favorecido mesmo quando se desviou, e que em sua desobediência conhecera pessoalmente a mão salvadora de Deus — tinha algum motivo válido para se opor à compaixão de Deus para com os outros? A resposta é claramente “não”. Nem temos o direito de desafiar a Deus sobre como e a quem ele estende sua misericórdia ou como ele dirige todas as coisas para salvar o seu povo e glorificar seu Filho.

Se nos pegarmos irados com Deus e reclamando sobre o caminho que ele escolheu para cumprir os seus propósitos, é porque nos esquecemos de quão indignos somos de receber a graça de Deus. Aqui está o perigo: é nos tornarmos tão tolerantes com a nossa própria desobediência, que pensamos ter direito ao favor e à bênção de Deus. Mas tudo é graça, todos os dias. Somente quando formos dominados pela graça, seremos capazes de nos alegrar na abundância da misericórdia de Deus, a qual é derramada sobre os seus santos indignos.


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