Um blog do Ministério Fiel
Silêncio e sofrimento (Jó 2.11, 13; 4.1-2)
Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que lhe sobreviera, chegaram, cada um do seu lugar […]. Sentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma […]. Então, respondeu Elifaz, o temanita, e disse: Se intentar alguém falar-te, enfadar-te-ás? Quem, todavia, poderá conter as palavras? (Jó 2.11, 13; 4.1-2)
Os amigos de Jó nos mostram como responder quando alguém está passando pelas profundezas da dor e da tristeza — e depois nos mostram como não devemos agir.
Os amigos de Jó sentaram-se na primeira fila para testemunhar a profundidade de seu sofrimento e tiveram dificuldade para trazer a ele qualquer medida de conforto por suas palavras. A resposta deles foi fortemente teórica e bastante inútil.
Há um grande perigo em comentar sobre a aflição ou falar com alguém que está sofrendo se não tivermos experimentado algo semelhante ou não tivermos tempo para ouvi-lo bem e orar a Deus humildemente. Jó 16 descreve esses mesmos amigos como consoladores miseráveis — aqueles que “[poderiam] amontoar palavras” contra Jó e cujas palavras não tinham fim (16.4 A21).
Em busca de uma cura instantânea e uma resposta rápida ao sofrimento de Jó, seus amigos amontoaram as acusações. Zofar, em particular, lembrou a Jó que ele merecia algo pior do que o que estava experimentando no momento (Jó 11.4-6). Na mesma linha, Elifaz sugeriu que talvez Jó estivesse se afastando de Deus e precisasse ouvi-lo com mais atenção (22.21-23). Esses homens adotaram uma abordagem excessivamente simplista para o sofrimento de Jó — uma abordagem que feriu em vez de curar. Eles foram rápidos em sacar a arma e prontos com uma resposta a todo e qualquer lamento de Jó. Quando Elifaz perguntou, ao abrir a boca pela primeira vez: “Quem, todavia, poderá conter as palavras?”, ele deveria ter respondido: “Eu!”
Jó foi mordaz sobre os meios deles de aconselhá-lo: “Vós, porém, besuntais a verdade com mentiras e vós todos sois médicos que não valem nada. Tomara vos calásseis de todo, que isso seria a vossa sabedoria!” (Jó 13.4-5). E, na verdade, seus amigos haviam feito exatamente isso — para início de conversa. Eles sentaram-se com ele por uma semana sem falar.
Na experiência do sofrimento, o silêncio na presença do sofredor é muitas vezes uma ajuda muito maior do que muitas palavras. É bem possível que Jó tivesse experimentado maior conforto e companheirismo se seus amigos tivessem mantido sua resposta inicial: juntar-se a ele no chão, sentados, sem dizer uma única palavra.
O silêncio é muitas vezes um ingrediente que falta em nossa resposta ao sofrimento. Embora decerto não seja a única resposta necessária, é muito subvalorizada. Se nos esforçarmos, sem uma agenda, para nos desconectar de todo o barulho ao nosso redor e ouvir as vozes do sofrimento, poderemos progredir muito mais nessa contemplação silenciosa do que qualquer um de nós imagina. E poderemos então ter coisas muito mais úteis a dizer, tanto no que dizemos quanto na forma como dizemos. Jó certamente pensava assim. Existe alguém a quem você poderia abençoar com sua presença silenciosa esta semana?
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