Um lembrete sobre arrependimento (Jonas 3.5-6)

Os ninivitas creram em Deus, e proclamaram um jejum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor. Chegou esta notícia ao rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou de si as vestes reais, cobriu-se de pano de saco e assentou-se sobre cinza. (Jn 3.5-6)

 

Você pode imaginar seu presidente ou primeiro-ministro fazendo uma transmissão nacional na qual pede que a nação desista de seus atos violentos, se afaste do mal que eles abraçaram e busque a misericórdia de Deus, para ele vir e salvá-los de seu julgamento? Isso é essencialmente o que aconteceu em Nínive, diante dos olhos de Jonas.

É bastante notável que os ninivitas acreditaram em Deus de forma tão rápida e completa. Ao ouvirem a advertência de Jonas sobre o julgamento vindouro, sua reação foi generalizada e sincera, como evidenciado por suas vestes de penitência. E essa resposta pública foi mais do que igualada pela resposta real. O rei trocou suas vestes, substituindo as vestes reais por pano de saco; mudou de lugar, trocando o trono por um assento no pó; e mudou de tom, emitindo uma proclamação de arrependimento.

Isso contrasta com muitas pessoas dos dias de Jesus, e talvez com as de nosso tempo. Como o próprio Jesus ensinou, os ninivitas “se arrependeram com a pregação de Jonas”, enquanto inúmeras pessoas com quem ele falou se recusaram a reconhecer que “[algo] maior do que Jonas” — a saber, Cristo — foi agora proclamado (Lc 11.32). Eles rejeitaram o que o rei ninivita havia entendido quando disse: “Convertam-se, cada um do seu mau caminho […]. Quem sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?” (Jn 3.8-9 ACF). Ele reconheceu que o arrependimento dos ninivitas não significava necessariamente que Deus seria tolerante em sua reação. Ele ainda estava incerto sobre se a virada deles seria acompanhada por uma virada divina.

Isso é um lembrete para nós: mesmo os arrependidos não têm motivos para exigir a aceitação de Deus. Eles permanecem exclusivamente dependentes da graça de Deus. O arrependimento é necessário para o perdão, mas não o merece. Como o Filho Pródigo, a pessoa com um coração genuinamente arrependido diz: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho” (Lc 15.18-19). O arrependimento começa com o reconhecimento de que somos verdadeiramente merecedores do juízo de Deus e com a declaração da nossa necessidade desesperada da sua misericórdia.

Porque “[algo] maior do que Jonas” está agora aqui, podemos saber e declarar que o arrependimento sempre será recebido pelo perdão, pois “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10.13). Mas devemos aprender com este rei pagão que não manipulamos a mão de Deus pelo nosso arrependimento ou obediência, e que o verdadeiro arrependimento não é superficial, mas sincero, sempre envolvendo uma mudança de atitude e de comportamento. Esta é uma lição a que devemos prestar atenção todos os dias de nossa vida cristã — pois, como Martinho Lutero afirmou: “Quando nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo disse: ‘Arrependei-vos’, ele pretendia que toda a vida dos crentes fosse de arrependimento”.[1]

 

[1] As 95 Teses, Primeira Tese.


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