Viva em harmonia (Romanos 12.16)

 

Vivam em harmonia uns com os outros. (Rm 12.16)[1]

 

Discordar graciosamente requer habilidade e piedade. É fácil nos darmos bem com pessoas com quem compartilhamos tudo em comum, quando não há preocupação com desentendimentos. Mas viver em harmonia com pessoas que parecem diferentes e vivem de forma diferente de nós — isso é um verdadeiro sinal de maturidade cristã. Portanto, a expectativa do apóstolo Paulo é que, como cristãos, nos esforcemos para fazer exatamente isso.

O chamado de Paulo para a harmonia não é um chamado para um tipo de uniformidade, na qual todos nos vestimos da mesma forma, agimos da mesma forma, votamos da mesma forma e falamos da mesma forma. Na verdade, a igreja em Roma era certamente um grupo variado de pessoas, diversificado em antecedentes e em dons. Paulo enfatizou que essas diferenças não deveriam se tornar uma fonte de divisão ou vergonha.

Como a versão King James traduz este versículo, Paulo queria que os membros na igreja romana “fossem da mesma opinião uns para com os outros”. Da mesma forma, ele rogou aos coríntios: “em nome de nosso Senhor Jesus Cristo que entreis em acordo quando discutirdes, e não haja divisões entre vós; pelo contrário, sejais unidos no mesmo pensamento e no mesmo parecer” (1Co 1.10 A21).

O Evangelho não apaga nossas distinções ou nossas divergências. Na verdade, a unidade que o povo de Deus compartilha nas coisas principais — o Evangelho de Cristo e a verdade de sua Palavra — nos liberta para reconhecer nossas distinções e discordâncias em questões secundárias. A unidade cristã não está, em última análise, em nossa política, em nosso status social ou na cor que achamos que o tapete deveria ter, mas naquele que sabemos ser “o caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14.6).

Infelizmente, as igrejas podem se distrair com suas divergências, e os cristãos podem elevar muito suas preocupações e preferências pessoais. Alguns de nós tornam cada questão em algo passível de divisão, e assim nos tornamos legalistas, fazendo distinções pequenas e desnecessárias, nunca felizes até que estejamos em uma igreja de uma pessoa só. Outros de nós, porém, diante de qualquer questão, não se posicionam, mas comprometem as próprias crenças, e assim nos tornamos liberais teológicos, deixando que as verdades centrais do Evangelho se tornem negociáveis. A harmonia pela qual Paulo nos chama a lutar é a harmonia do Evangelho. Precisamos nos conhecer bem o suficiente para discernir se somos propensos a ser legalistas ou liberais. Precisamos pedir a Deus que nos conceda clareza de mente e caridade de coração para com nossos irmãos e irmãs em Cristo. E então precisamos tirar um momento para examinar nosso coração e ver se há alguém com quem não estamos de acordo, tomando medidas para promover, e não corroer, a harmonia do Evangelho, pois foi para nos conduzir a isso que Cristo morreu.


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[1] Tradução do autor.