Namoro e o plano de Deus

Deus é soberano sobre todas as coisas, inclusive seu namoro

*Este artigo é um resumo da palestra de Alexandre “Sasha” Mendes proferida na Conferência Fiel Jovens Interativa 2020.

Qual é sua fonte de orientação para a vida? Você sabe qual a resposta certa que aprendeu ao longo da caminhada cristã: a Bíblia. Ela fala sobre tudo. E, se ela fala sobre tudo, o que ela fala sobre o namoro? E o que é namoro? Comecemos então com algumas definições.

O namoro é o período de relacionamento que envolve duas pessoas do sexo oposto com o objetivo de prepará-las para o casamento. É um termo ausente do vocabulário bíblico, sendo, portanto, uma convenção natural mais recente. Logo, precisamos pensar sobre isso sob a ótica bíblica.

Dessa definição surgem implicações. Primeiro, o namoro ocorre entre duas pessoas do sexo oposto. Segundo, há um objetivo mútuo que implica exclusividade e envolve competências das pessoas envolvidas. E um aspecto muito importante mas muito esquecido: o namoro não é o casamento.

Muitas vezes somos surpreendidos por coisas que já deveríamos saber com relação aos relacionamentos. Por isso, devemos tentar minimizar essas surpresas. Seis coisas em especial são as mais surpreendentes: o pecado; o conflito, talvez estranho ao lembrar dos passeios no parque; a mudança lenta; as questões relacionadas ao sexo; o relacionamento entre cônjuges e sogros; e o alto preço do perdão. Precisamos nos munir do que Deus oferece para minimizar tais surpresas.

Alguns decretos de Deus só são possíveis de conhecer depois de acontecerem. Mas há uma forma de conhecer os decretos de Deus através de seus mandamentos. Nestes, é possível que estejamos de fora, como a santidade, a gratidão. Mas tudo o que foi revelado é para nós (Dt 29.29) e para nossa edificação, para o auxílio na nossa caminhada. Frequentemente focamos demais em coisas que não nos foram reveladas, como com o que trabalharemos ou com quem nos casaremos, quando deveríamos estar focados em amar ao Senhor e sermos carregados pelo que nos foi revelado em sua palavra.

Sob a luz de Romanos 8.28, sob este plano de Deus revelado a nós para nossa obediência e esperança, devemos analisar aspectos do namoro. Por vezes, ao olhar para esse versículo, o vemos sob a perspectiva das nossas cobiças. Se algo dá errado em nossa vida, tendemos a nos colocar como heróis da história e achar que aquilo não era “o melhor que Deus tem para nós”. Na verdade, deveríamos olhar essa verdade e, ao observar o que acontece ao nosso redor, saber que Deus e o plano dEle é o melhor que podemos ter.

Como entender que todas as coisas cooperam para o bem? Nós precisamos reconhecer a condição caída da criação e saber que iremos sofrer consequências disso. Por vezes ficamos surpresos quando essa realidade se faz evidente diante de nós. Mas é fato que iremos sofrer por viver em um mundo caído. Mas também é fato que “os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Rm 8.18). A identificação com Jesus não é apenas através das glórias de Cristo que nos aguardam, mas devemos esperar também os mesmos sofrimentos de Cristo Jesus.

Mas não só isso, Rm 8.23 também fala para aguardarmos a redenção. Todo esse estado ao nosso redor nos leva a crer que não fomos projetados para isso, e aguardamos a consumação da nossa salvação com esperança (Rm 8.24-25) em algo certo, e isso deve nutrir nosso coração. Nós temos que confiar humildemente no Deus soberano enquanto vivemos fielmente para o Deus santo (sendo o Deus soberano e o Deus santo o mesmo Deus).

Devemos nos perguntar: nossa concepção de namoro vem de uma visão da realidade ao nosso redor pautada nas Escrituras? Ora, Deus coordena todas as coisas (lembre de Romanos 8.28), inclusive seu namoro, para lhe conformar à imagem do seu Filho Jesus Cristo. Mas quando as coisas saem da nossa expectativa, nos desesperamos. Ora, o que estamos aguardando? Nossas decisões só serão fiéis se estiverem pautadas à luz da soberania de Deus.

Nós atribuímos importância aos acontecimentos da vida baseados no que cremos. Se, para você, viver é uma experiência romântica, então estar solteiro é a morte. E isso pode levar a se questionar se sua suposta vida diante de Deus valeu a pena. Mas, se para você o viver é Cristo, então o morrer será lucro. A sua fé deve moldar sua visão da realidade, suas crenças, valores e compromissos, para que você possa viver uma vida que tenha como fim último glorificar a Deus, seja casado ou não.

Deus não está em silêncio. Sua Palavra fornece os princípios que mudam como enxergamos tudo ao nosso redor, inclusive nosso namoro. E, se a Palavra não pauta este campo, ele será compreendido de forma errada. Quando não entendemos o propósito maior de Deus na história, de nos moldar ao caráter de Cristo usando tudo ao nosso redor, nos equivocamos e vemos o namoro como fonte de satisfação e prazer, ou como cumprimento de suas idealizações românticas, ou como a conformação do outro ao seu padrão idealizado.

Esse não pode ser seu viver nem seu fim último do namoro. Seu viver deve ser (e ainda é) Cristo! Com uma visão deformada como aquela, o casamento será um mar de surpresas, e você não estará pronto para encará-lo. Com essa visão, a morte, para você, será quando o(a) namorado(a) não corresponder às expectativas. Os relacionamentos contam uma história maior. Se nós perdermos de vista esta história, viveremos uma tragédia. Reconheça que seu namoro é um dos meios que Deus usa para te conformar à imagem de Cristo.

Para saber mais sobre este assunto, recomendamos o livro Ainda não casei, de Marshall Segal, da Editora Fiel.

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