[Agnosto Theo] John Piper – Não neste ou naquele monte, mas em Espírito e em Verdade (1/3)

Nós vamos focar hoje no texto de João 4:20-26. E no quão cheio da grandeza de Deus esse texto é. Nós vimos nos versículos 1-15 que Jesus é a água viva que ele próprio oferece à mulher samaritana no poço, e que ela definitivamente não compreende. Vimos da última vez (v. 16-19) que Jesus é um profeta cirurgicamente penetrante que descobre nossa alma e conhece profundamente nosso ser, e ainda assim nos persegue. “Você teve cinco maridos e o homem que tem agora não é seu marido.”
Agora nós veremos Jesus como o Salvador que revela os mistérios da verdadeira adoração, e quem outrora era conhecido como o Messias Judeu (v. 26). E muito mais.

A Adoração não está limitada à Localização

Primeiro, atentem comigo aos versículos 20-22. Para desviar-se de sua sondagem profética do coração dela, a mulher samaritana leva Jesus a uma discussão sobre adoração. Mas mesmo aqui ela quer manter as coisas no nível superficial da adoração, e não no seu âmago. Ela quer falar sobre o “onde” (v. 20: “Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.”).
Jesus se dispõe a discutir esse assunto com ela, mas não se dispõe a deixá-la limitar essa questão à localização. Ele vai ao coração do assunto. (v. 21: “Disse-lhe Jesus: ‘Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai’”).

Montes são irrelevantes para a Adoração

Jesus começa com uma negativa. Uma negação. Você questiona sobre onde? Você está preocupada com o lugar? Minha senhora, há um dia chegando – mais cedo do que você pensa – quando ambos os montes serão irrelevantes para a verdadeira adoração. É incrível para um judeu dizer isso. O dia vem, ele diz, quando Jerusalém, a Cidade Santa, a Cidade de Davi, o local com o templo de Deus, não será o cerne da verdadeira adoração.

Não era essa a resposta que ela esperava. Ela esperava um bom argumento de que os judeus defendem Jerusalém como ponto principal de adoração, enquanto os samaritanos dizem que é o Monte Gerazim. Mas Jesus rejeita todos os argumentos. Ao invés disso, ele diz que estamos à beira de algo novo: “… a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.”

Por que a menção adorar “o Pai”?

Ao invés de onde nós adoramos Jesus, foque em quem nós adoramos e como o adoramos. Note a referência ao “Pai” no fim do versículo 21: “… a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis ao Pai.” Ela não disse isso. Ele disse. Por quê? Por que não dizer, “Deus” ou “o Senhor” ou alguma outra designação? Por que “o Pai”? – Você não irá adorar “o Pai” em qualquer um desses montes.

1) Deus é “o Pai” dos Samaritanos

Três razões. Primeiro ele usa isso para relacionar à referência dela aos pais samaritanos, e dessa forma atrair sua atenção ao único Pai importante. Ela disse no verso 20: “Nossos pais adoraram neste monte”. E ela já havia perguntado no verso 12: “És tu, porventura, maior do que Jacó, o nosso pai?” (João 4:12). Então, ela está muito focada nas superficialidades do local e da tradição. Os pais se mostram muito significantes em sua mente.

Jesus muda o foco. Ele não diz: “Bem, os verdadeiros pais Judeus adoravam em Jerusalém.” Ele diz: “há um Pai com quem você deveria se preocupar, chamado ‘O Pai’ – o Pai que almeja ser adorado, mas não em algum lugar particular.”

2) Deus é “o Pai” das crianças que O recebem

Segundo, ao dizer que quem deve ser adorado é “o Pai”, ele indica à mulher o fato de que Deus tem filhos. Não há coisa tal como um pai que não possui filhos. Conceber filhos é o que faz de você um pai. Então, quando Jesus diz que o único a ser adorado é “o Pai”, ele levanta a questão de quem seriam os seus filhos.
A resposta já foi dada em João 1:12: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus,…”. Aqueles que recebem Jesus são os filhos de Deus. Deus é um Pai àqueles que nasceram de novo e acreditam em Jesus. Então Jesus a está despertando para a verdade de que quando se vai adorar, lugar não é o importante, mas sim se você tem Deus como seu Pai, isto é, se você nasceu de novo e acredita em Seu Filho.

3) Deus é “o Pai” do Filho, Jesus Cristo

E isso leva à terceira resposta ao por que ele se refere a Deus como “o Pai” ao final do versículo 21. Isso traz à mente – para nós pelo menos – que “o Pai” tem um único Filho que é “o Filho”. Os dois termos são usados juntos com tanta frequência, é difícil não ouvi-los aqui:

  • “O Pai ama ao Filho.” (João 3:35).
  • “O quer que faça o Pai, fará igual o Filho.” (João 5:19).
  • “E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo julgamento.” (João 5:22).
  • “Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou.” (João 5:23).
  • “Assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo.” (João 5:26).
  • “A fim de que o Pai seja glorificado no Filho.” (João 14:13).

O único a ser adorado é “o Pai”. Aquela mulher estava lidando com “o Filho”. E nós veremos que: Sua presença é mais importante na adoração do que em qual monte você está, ou em qual cidade você está.

Por John Piper. © Desiring God. Website: desiringGod.org
Original: Not in This or That Mount, but in Spirit and Truth
Tradução: Equipe Voltemos ao Evangelho
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Agnosto Theo – Um Especial sobre os Atributos de Deus

No mundo há somente uma coisa digna de ser buscada: o conhecimento de Deus. (Robert H. Benson)