Um blog do Ministério Fiel
Thomas Watson – Sobre o Amor a Deus [3/3]
O Voltemos ao Evangelho está traduzindo o livro Um Tônico Divino, do puritano Thomas Watson. Confira os capítulos já traduzidos:
- As melhores coisas cooperam para o bem [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5]
- As piores coisas cooperam para o bem [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5 | Parte 6 | Parte 7 | Parte 8]
- Por que todas as coisas cooperam para o bem do homem piedoso? [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3]
- Sobre o Amor a Deus [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3]
- Os Testes do Amor a Deus [Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 | Parte 4 | Parte 5 | Parte 6]
4. A medida do amor.
Nós devemos amar a Deus acima de todos os outros objetos. “Na terra não há quem eu deseje além de ti”(Sl 73.25, ARC). Deus é a quintessência de todas as coisas boas; Ele é superlativamente bom. A alma que enxerga uma supereminência em Deus e admira Nele aquela constelação de todas as excelências, essa alma está imbuída de amor a Ele no mais elevado grau. A medida do nosso amor a Deus, diz Bernard, deve ser amá-Lo sem medida. Deus, que é o comandante da nossa felicidade, deve ter o comando das nossas afeições. A criatura pode possuir o leite do nosso amor, mas Deus deve possuir a nata. O amor a Deus deve ser acima de todas as outras coisas, assim como o óleo flutua sobre a água.
Nós devemos amar a Deus mais do que os relacionamentos, assim como no caso de Abraão oferecendo Isaque. Sendo Isaque o filho de sua velhice, não há dúvidas de que Abraão o amava completamente e caducava de amor por ele. Todavia, quando Deus disse: “Toma teu filho, teu único filho”, embora tal coisa pudesse lhe parecer não apenas contrária à sua razão, mas também à sua fé – pois o Messias haveria de vir de Isaque e, se ele fosse morto, o mundo ficaria sem um Mediador! –, ainda assim, tamanho era o poder da fé de Abraão e a ardência do seu amor a Deus, que ele tomaria o cutelo e derramaria o sangue de Isaque. O nosso bendito Salvador fala acerca de odiar pai e mãe (Lc 14.26). Cristo não desejava que fôssemos antinaturais; mas, se os nossos relacionamentos mais íntimos se põem em nosso caminho e nos apartam de Cristo, então ou nós devemos afastar-nos deles, ou ignorá-los (Dt 33.9). Embora algumas gotas de amor possam respingar sobre nossa família e nossos parentes, ainda assim toda a torrente deve correr para Cristo. Relacionamentos podem repousar em nosso peito, mas Cristo deve repousar em nosso coração.
Nós devemos amar a Deus mais do que o nosso patrimônio. “Aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens” (Hb 10.34). Eles estavam felizes de possuírem algo para perder por Cristo. Se o mundo inteiro for posto em um dos lados da balança e Cristo, no outro, Ele deve pesar mais. É assim conosco? Possui Deus o aposento mais elevado em nossas afeições? Plutarco diz: “Quando um ditador se levantava em Roma, todas as outras autoridades estavam, por enquanto, suspensas”; assim também, quando o amor de Deus assume o controle do coração, todos os outros amores ficam suspensos e se tornam como nada em comparação com tal amor.
Aplicação: Uma severa repreensão àqueles que não amam a Deus.
Isso deve servir como uma severa repreensão para aqueles que não possuem sequer um pingo de amor a Deus em seus corações – e estão mesmo vivos tais infames? Aquele que não ama a Deus é uma besta com cabeça de homem. Ó miseráveis, vocês vivem sustentados por Deus todos os dias e, ainda assim, não O amam? Se alguém tivesse um amigo que o provesse continuamente com dinheiro, e lhe desse todo o seu auxílio, não seria ele pior do que um bárbaro, se não respeitasse e honrasse aquele amigo? Esse amigo é Deus: Ele lhe dá a sua respiração, Ele lhe concede um meio de vida, e você não O amará? Você amará o seu príncipe se ele salvar a sua vida, mas não amará a Deus, que lhe dá a vida que você possui? Que ímã pode ser tão poderoso em atrair o amor quanto a bendita Deidade? Cego é aquele que não se seduz pela beleza, e bêbado, aquele que não é atraído com as cordas de amor. Quando o corpo está frio e não possui calor em si, isso é um sinal de morte: está morto aquele homem que não possui uma centelha de amor a Deus em seu coração. Como pode esperar ser amado por Deus aquele que não demonstra qualquer amor por Ele? Acaso Deus irá jamais acalentar uma víbora em Seu seio, enquanto ela expele o veneno da malícia e inimizade contra Ele?
Essa repreensão é fortemente lançada contra os infiéis desta era, os quais estão de tal maneira distantes de amarem a Deus que fazem tudo o que podem para mostrar o seu ódio para com Ele. “Como Sodoma, publicam o seu pecado” (Is 3.9). “Erguem a sua boca contra os céus” (Sl 73.9, ARC), em orgulho e blasfêmia, e oferecem aberta resistência a Deus. Esses são monstros em sua natureza, demônios em forma de homens. Que eles leiam a sua sentença: “Se alguém não ama o Senhor Jesus Cristo, seja anátema; maranata!” (1Co 16.22), isto é, seja amaldiçoado de Deus, até que Cristo venha para o julgamento. Seja ele herdeiro de uma maldição enquanto vive e, no terrível dia do Senhor, ouça ele aquela sentença de cortar o coração sendo pronunciada contra ele: “Apartai-vos de mim, malditos”.