Eduardo Mano – Esta geração de “ministros”

Balaão era um profeta que não tinha lá muita ética.

Um dia ele estava tranquilo em sua casa quando chegaram uns homens a mando do rei Balaque pedindo que ele os acompanhasse, pois este queria que Balaão amaldiçoasse um povo por ele.

Só que o povo era Israel. A nação escolhida pelo Senhor. O mesmo a quem Balaão consultaria.

Balaão vendeu seu dom pela promessa de ouro e prata. Justamente aquilo que pertence a Deus, conforme lemos em Ageu 2.8. Ele não teve problemas em colocar à disposição dos inimigos de Deus um dom que Deus concedeu para a glória Dele mesmo.

E o que acontece nos dias de hoje? Músicos, pastores e ministros que não saem de casa sem saber que receberão uma “oferta” (e ainda confundem oferta com cachê, os “abençoados”) gorda, dormirão em camas de hotéis confortáveis, comerão das delícias de restaurantes caros. Geralmente churrascarias. Engraçado que quando Balaão chegou a Moabe, foi recebido justamente por um belo churrasco. Pode conferir: Números 22.40.

Em tempo: eu também gosto de churrascarias. Só achei engraçada a referência.

Eu já soube de muitas histórias de estrelas gospel. Mais até do que gostaria. Gente da antiga e gente que mal chegou aos holofotes e já banca de estrela. Querem o brilho para si próprias, querem a glória que não pertence a eles. Desconheço exemplos bíblicos para o que fazem: lucrar com o serviço a Deus.

Na verdade, o que conheço na Bíblia, é que o poder de Deus é mais explicitado e grandioso na falta que na abundância. Quer exemplos? Eu lhe mostro exemplos. O povo que, saído do Egito, não teve falta de comida, nem água, nem roupas, pois Deus tudo provia a eles. Maná dos céus, as águas de Meribá, tecidos e sandálias que o atrito com a areia não podiam puir ou desgastar.

A viúva, que não tendo com o quê se sustentar endividada e correndo o risco de perder seus filhos para os credores, teve abundância de azeite – suficiente para pagar suas dívidas e sustentar a si mesma e a seus dois filhos (2 Reis 4.1-7). O coxo de nascença que recebeu cura de Deus através de Pedro e João, quando Pedro lhe disse: “Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda.” (Atos 3.1-10).

Muitos (a maioria, na verdade) certamente discordam comigo. Creem que estão certos em cobrar, pois chegaram em um determinado “patamar”. Bom, eu creio que se a pessoa colocou a mão no arado, ela deve confiar no Senhor da colheita. Se quer servir a igreja, deve confiar que Deus dará seu sustento digno e merecido. Creio que ao estabelecer valores (qualquer valor na verdade) ela está confiando em homens, como quem diz: “por menos de determinado valor eu não posso nem sair de casa, pois tenho gastos…” e assim por diante. Besteira. Seria melhor que a igreja que convidou não aceitasse e deixasse o “ministro” em casa. E pior que estabelecer valores, é estabelecer valores altos.

Bandas que pedem de “oferta” 20, 30 mil reais por uma noite de evento (claro que há as “boazinhas” que fazem promoção: 15 mil por três dias de evento, mas tocando, no máximo, 1 hora e meia por noite), enquanto há membros da mesma igreja, pais de família, que não ganham este valor nem em um ano de trabalho. Igrejas que aprovam salários de 25, 30 mil reais por mês aos seus pastores e que têm em seus bancos membros que há 2 ou 3 meses não conseguem emprego e estão atrasados com suas contas.

A estes, não eu, mas o próprio Deus, fala através do apóstolo Pedro em sua segunda carta. São palavras para os que conhecem a Deus e preferem o caminho perverso. O caminho de Balaão. Eis o texto de 2 Pedro 2.1-22

“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita. Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo; E não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, pregoeiro da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios; E condenou à destruição as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza, e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente; E livrou o justo Ló, enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis (Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias a sua alma justa, vendo e ouvindo sobre as suas obras injustas); Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados; Mas principalmente aqueles que segundo a carne andam em concupiscências de imundícia, e desprezam as autoridades; atrevidos, obstinados, não receando blasfemar das dignidades; Enquanto os anjos, sendo maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor. Mas estes, como animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção, Recebendo o galardão da injustiça; pois que tais homens têm prazer nos deleites quotidianos; nódoas são eles e máculas, deleitando-se em seus enganos, quando se banqueteiam convosco; Tendo os olhos cheios de adultério, e não cessando de pecar, engodando as almas inconstantes, tendo o coração exercitado na avareza, filhos de maldição; Os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça; Mas teve a repreensão da sua transgressão; o mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta. Estes são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva. Porque, falando coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne, e com dissoluções, aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro, Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo. Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama.”

O Senhor tenha misericórdia de nós e envie jumentos, já que a Bíblia, infelizmente, alguns insistem em deixar de lado.

Eduardo Mano

Por Eduardo Mano Website: EduardoMano.net

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