D. A. Carson – O Deus que Criou Todas as Coisas [O Deus Presente 1/14]

Vocês sabem que gostamos da Conferência Fiel, né? Foi de grande edificação estar ano retrasado (John Piper) e ano passado (Paul Washer) e esperamos que nossos resumos das palestras tenham edificado vocês. Neste ano, D. A. Carson será um dos palestrantes e o tema da conferência é baseado em seu livro “O Deus Presente“.

Carson é um dos fundadores e diretores do ministério The Gospel Coalition, é professor pesquisador do Novo Testamento na Trinity Evangelical Divinity School. É mestre em Divindade pelo Central Baptist Seminary, em Toronto, e o Ph.D em Novo Testamento pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Carson já escreveu e editou mais de 50 livros.

O Blog Fiel para preparar as pessoas os conferencistas para a conferência, está publicando um vídeo semanal no qual Carson fala um pouco sobre cada capítulo de seu livro. Como esse é um conteúdo precioso estamos repostando aqui para vocês. No vídeo abaixo, Carson fala sobre um dos pontos do primeiro capítulo de seu livro (“O Deus que Criou Todas as Coisas”), baseado em Gênesis 1: “Deus simplesmente é”, mostrando que Deus, e não nós, é o padrão último e a fonte de todas as coisas.

Transcrição

Deus simplesmente é. A Bíblia não começa com um grande conjunto de provas para provar a existência de Deus; não começa com uma abordagem de baixo para cima; nem começa com algum tipo de analogia adjacente ou semelhante. Apenas começa: “No princípio, Deus.” Agora, se os seres humanos são o teste para tudo, isso não faz o menor sentido, porque, então, nós temos o direito de sentar e julgar se é provável que Deus exista, avalie a evidência, e venha com: “Há uma certa probabilidade que talvez Deus de uma maneira ou de outra exista.” E assim nós nos tornamos os juízes de Deus. Mas o Deus da Bíblia não é assim. Apenas começa: “No princípio, Deus.” Ele é. Ele não é o objeto que nós avaliamos, ele é o Criador que nos criou. Isso muda toda a dinâmica.

Isso está ligado a alguns desenvolvimentos na filosofia ocidental que nós deveríamos analisar. Antes da Renascença, mesmo durante o início da Renascença, realmente até o momento da Reforma, a maioria das pessoas no mundo ocidental pressupunham que Deus existe e que ele sabe de todas as coisas. Seres humanos existem, e por Deus saber de todas as coisas, o que nós sabemos deve necessariamente ser um pequeno subproduto do que ele sabe. Em outras palavras, todo o nosso conhecimento, por ele saber de todas as coisas, deve ser um subproduto do que ele sabe exaustivamente e perfeitamente. Isso significa que todo o nosso conhecimento, nessa maneira de olhar a realidade, deve vir, de alguma forma, de Deus revelando o que sabe, de Deus revelando pela natureza, por seu Espírito, pela Bíblia. Isso era simplesmente pressuposto.

Mas com a ascensão no século 16 do que é agora chamado de Pensamento Cartesiano, sob a influência de René Descartes e seus seguidores, a maneira de pensar no conhecimento mudou e o axioma em que cada vez mais pessoas basearam seu conhecimento foi o que Descartes nos apresentou, embora outros tenham dito algo similar antes: “Penso, logo, existo.” Ele pensou que esse era um fundamento para o conhecimento. Você não podia negar que estava pensando, nem se você estava pensando. O próprio fato de que você estava pensando mostrava que você existia. Ele estava buscando um fundamento que cristãos, ateus, muçulmanos, secularistas, espiritualistas, pudessem todos concordar que era incontestável. E deste fundamento e outras abordagens, ele construiu todo um sistema de pensamento para tentar convencer as pessoas a se tornarem católicos romanos.

Mas olhe como esse axioma funciona: Eu penso, logo, eu existo. Vinte anos antes nenhum cristão teria dito isso muito facilmente, porque Deus pensa, Deus sabe de todas as coisas! Se nós existimos é por causa do poder de Deus. Nosso conhecimento, e mesmo nossa existência, são finalmente dependentes dele. Mas desse lado do pensamento cartesiano, nós começamos com “eu”. Eu começo comigo. E isso me coloca numa posição onde eu começo a avaliar não apenas o mundo à minha volta, mas a moral, a história, Deus, para que Deus agora se torne simplesmente, na melhor das hipóteses, a inferência de meu estudo. Isso muda tudo. A Bíblia não diz isso. Deus simplesmente é.

Por: Don Carson. Copyright The Gospel Coalition, Inc. Original: The God Who Is There – Part 1. The God Who Made Everything

Tradução: Alan Cristie. Revisão: Vinícius Musselman Pimentel. Editora Fiel © Todos os direitos reservados. Original: O Deus que Criou Todas as Coisas – D.A. Carson [O Deus Presente 1/14]