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Capítulo Um – O Lugar da Oração
Qual é o alvo da vida cristã? É a piedade resultante de obediência a Cristo. A obediência abre as riquezas da experiência cristã. A oração motiva e nutre a obediência, colocando o coração na “mentalidade” apropriada para desejar a obediência. É claro que o conhecimento é importante porque sem ele não podemos saber o que Deus requer. Todavia, conhecimento e verdade permanecem abstratos se não temos comunhão com Deus em oração. O Espírito Santo ensina, inspira e ilumina a Palavra de Deus para nós. Ele ministra a Palavra de Deus e nos assiste em responder ao Pai em oração.
Em palavras simples, a oração tem um lugar vital na vida do cristão. Alguém pode orar e não ser um cristão, mas alguém não pode ser um cristão e não orar. Romanos 8.15 nos diz que a adoção espiritual que nos torna filhos de Deus nos leva a clamar em expressões verbais: “Aba! Pai!” A oração é para o cristão o que a respiração é para a vida, mas nenhum outro dever cristão é tão negligenciado.
A oração, pelo menos a oração particular, é difícil de ser feita a partir de um motivo falso. Alguém pode pregar com um motivo falso, como o fazem os falsos profetas. Alguém pode se envolver em atividades cristãs com base em motivos falsos. Muitas das realizações externas do cristianismo podem ser feitas com base em motivos falsos. Contudo, é altamente improvável que alguém tenha comunhão com Deus a partir de motivos impróprios.
Somos convidados, até ordenados, a orar. A oração é tanto um privilégio como um dever. E qualquer dever pode se tornar laborioso. A oração, como todos os meios de crescimento para o cristão, exige trabalho. Em um sentido, a oração não é natural para nós. Embora tenhamos sido criados para a comunhão e interação com Deus, os efeitos da Queda têm-nos deixado preguiçosos e indiferentes para com algo tão importante como a oração. O novo nascimento desperta um novo desejo de comunhão com Deus, mas o pecado resiste ao Espírito.
Podemos obter conforto no fato de que Deus conhece nossos corações e ouve nossas petições não proferidas, assim como ouve as palavras que emanam de nossos lá- bios. Sempre que somos incapazes de expressar os sentimentos e emoções profundas de nossa alma ou quando estamos totalmente incertos sobre o que deveríamos orar, o Espírito Santo intercede por nós. Romanos 8.26-27 diz: “O Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos”. Quando não sabemos como orar em determinada situação, o Espírito Santo nos assiste. Há razão para crermos, com base neste texto, que, se oramos incorretamente, o Espírito Santo corrige os erros em nossas orações, antes que as apresente ao Pai, pois o versículo 27 nos diz que “segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos”.
A oração é o segredo da santidade – se santidade, de fato, tem algum segredo. Quando examinamos a vida dos grandes santos da igreja, vemos que eles eram grandes pes- soas de oração. John Wesley comentou certa vez que não tinha muita apreciação por ministros que não gastassem pelo menos quatro horas por dia em oração. Lutero disse que orava regularmente uma hora por dia, exceto quando experimentava um dia muito atarefado – nesses dias, ele orava por duas horas. Depois, ele orava por duas horas.
A negligência da oração é uma das principais causas de estagnação na vida cristã. Considere o exemplo de Pe- dro, em Lucas 22.39-62. Jesus foi ao Monte das Oliveiras para orar, como era seu costume, e disse aos seus discí- pulos: “Orai, para que não entreis em tentação”. Em vez disso, os discípulos adormeceram. A próxima atitude de Pedro foi tentar enfrentar o exército romano com uma es- pada; depois, ele negou a Cristo. Pedro não orou, e como resultado caiu em tentação. O que aconteceu com Pedro também acontece com todos nós: caímos em particular, antes de cairmos em público.
Há um tempo certo e um tempo errado para a ora- ção? Isaías 50.4 fala sobre a manhã como o tempo em que Deus outorga o desejo de orarmos diariamente. Mas outras passagens mostram tempos de oração em todas as horas do dia. Nenhuma parte do dia é separada como mais santificada do que outra. Jesus orou de manhã, durante o dia e, às vezes, durante toda a noite. Há evidência de que ele tinha um tempo separado para a oração; mas, considerando o relacionamento que Jesus teve com o Pai, sabemos que a comunhão entre eles nunca parou.
Em 1 Tessalonicenses 5.17, Deus nos manda orar sem cessar. Isto significa que devemos viver em um contí- nuo estado de comunhão com nosso Pai.
A oração é, portanto, central e crucial na vida do cristão. Examinemos melhor esta disciplina cristã vital, porém negligenciada e mal entendida.
Primeiro capítulo do livreto “A Oração Muda as Coisas?” de R. C. Sproul, publicado pela Editora Fiel.
No livro “A Oração Muda as Coisas?”, terceiro da série Questões Cruciais, Sproul traz elucidações sobre o propósito da oração na vida do cristão. Em uma conversa agradável com o leitor, ele explica por que orar e nos orienta na sua prática, através de citações bíblicas. Segundo Sproul, embora não devamos esperar que nossas orações mudem a mente de Deus, de modo que ele aja contra a Sua vontade, podemos ter a certeza de que a oração muda as coisas, inclusive nossos corações.
Série Questões Cruciais – R.C. Sproul
- Quem é Jesus?
- Posso Crer na Bíblia?
- A Oração Muda as Coisas?
- Posso Conhecer a Vontade de Deus?
- Como Devo Viver Neste Mundo?
- O Que Significa Ser Nascido de Novo?
- Posso Saber se Sou Salvo?
- O Que é Fé?
Com quase 50 anos de experiência no ensino de conceitos bíblicos e teológicos, o Dr. R.C. Sproul apresenta, na série Questões Cruciais, uma rápida introdução às principais questões da vida cristã. Em formato ideal para estudos pessoais ou em pequenos grupos, Dr. Sproul aborda temas como a verdadeira identidade de Jesus, a vontade de Deus, o valor da oração, a confiabilidade da Bíblia, a ética bíblica entre outros.