Enfatizando o Pecado (Paul Washer) [10/26]

Pois todos pecaram (Romanos 3.23)

O centro do evangelho é a morte de Cristo, e Cristo morreu pelo pecado. Portanto, não pode haver uma proclamação do evangelho sem um tratamento bíblico do pecado. Isso inclui explicar a natureza hedionda do pecado e expor os homens como pecadores. Embora o tema do pecado esteja, de certa forma, fora de moda, mesmo em alguns círculos evangélicos, qualquer consideração honesta da Escritura no que se refere à cultura contemporânea demonstrará que ainda há uma necessidade de enfatizar o pecado.

A necessidade de uma clara comunicação sobre o pecado é crucial já que vivemos em uma geração nascida e cultivada pelo pecado.[1] Somos pessoas que bebem iniquidade como a água e não pode discernir nossa condição caída, como um peixe que não sabe que está molhado.[2] Por essa causa, devemos nos empenhar em redescobrir a visão bíblica do pecado e da pecaminosidade do homem. Nosso entendimento de Deus e do evangelho depende disso.

Como despenseiros do evangelho de Jesus Cristo, fazemos um desserviço aos homens quando tratamos levianamente sobre o pecado, contornando ou evitando completamente o problema. Os homens possuem só um problema: eles estão sob a ira de Deus por causa de seus pecados.[3] Negar isso é negar uma das doutrinas mais fundamentais do cristianismo. Não é falta de amor dizer aos homens que eles são pecadores, mas é a forma mais grosseira de imoralidade não lhes contar. Na verdade, Deus declara que o sangue deles estará em nossas mão se não o alertarmos de seus pecados e do juízo vindouro.[4] Tentar pregar o evangelho sem fazer do pecado um problema é como tentar curar superficialmente a ferida do povo, dizendo: “Paz, paz”, quando não há paz.[5]

O livro de Romanos é o mais próximo de uma teologia sistemática que temos nas Escrituras. Nessa carta, o apóstolo Paulo demonstra sua teologia à igreja de Roma. Ele procurou prepará-los para sua vinda e esperava que eles se juntassem a ele em sua expedição missionária para Espanha.[6] É extremamente importante notar que os primeiro três capítulos dessa carta, com a exceção de uma breve introdução, são dedicados a hamartiologia, ou a doutrina do pecado.[7] Por três capítulos, o apóstolo labuta com todo seu intelecto e sob inspiração do Espírito para alcançar um único e sublime propósito: provar a pecaminosidade do homem e condenar o mundo inteiro!

É comum que cristãos insistam que Deus não nos deu um ministério de condenação e morte, mas de justiça, reconciliação e vida.[8] Isso é muito verdadeiro, mas não significa que não devamos falar bastante sobre o pecado ou usar as Escrituras para trazer os homens sob a convicção do Espírito com respeito de seu pecado. É verdade que não há condenação “em Cristo Jesus”, mas também não há nada a não ser condenação fora dele.[9]

 


[1] Salmo 51.5; 58.3

[2] Jó 15.16

[3] João 3.36

[4] Ezequiel 33.8

[5] Jeremias 6.14

[6] Romanos 15.23-24

[7] Hamartiologia deriva do palavra grega hamartía, que significa pecado e logos, que significa “palavra” ou “discurso”. Hamartiologia é literalmente um discurso sobre o pecado.

[8] Romanos 8.1; 5.18

[9] Esta afirmação está baseada em 2 Coríntios 3.7-9 e 2 Coríntios 5.17-18

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O Poder e a Mensagem do Evangelho (Paul Washer)Extraído do livro 10º capítulo do livro “O Poder e a Mensagem do Evangelho” de Paul Washer, a ser lançado pela Editora Fiel. Tivemos a oportunidade de traduzi-lo e o privilégio de poder compartilhar pequenos trechos de cada capítulo com vocês.

Tradução: Vinícius Musselman Pimentel. Versão não revisada ou editada. Postado com permissão.

© Editora Fiel. Todos os direitos reservados. Original: Enfatizando o Pecado (Paul Washer) [10/26]

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