3 Princípios para Pregar o Pentateuco

Veja também: 4 razões do porquê devemos pregar o Pentateuco

Como um seguimento para o meu prévio “4 razões pela qual devemos pregar o Pentateuco”, deixe-me oferecer algumas orientações sobre como nós, pregadores, podemos fazer isso.

 

1. Prega expositivamente

Em primeiro lugar, devemos pregar expositivamente, ou seja, através dos livros inteiros do Pentateuco, capítulo por capítulo, versículo por versículo. Muitos pregadores pegam as “cerejas” do texto, deixando a dieta espiritual de suas congregações aos caprichos de seus sentimentos semana após semana. Embora ele não era um pregador expositivo no sentido que estou defendendo, Charles Haddon Spurgeon descreveu o que nós precisamos fazer: basta abrirmos nossas Bíblias e deixarmos o Espírito Santo fazer a Sua obra da mesma maneira como se nós soltássemos um leão deixando-o fazer o seu desejo. Nosso povo precisa ouvir as histórias de Gênesis, como a criação, o pecado de Adão, Noé e do dilúvio, o chamado de Abrão, a luta de Jacó e a preservação de Israel por José, bem como a genealogia de Esaú que parece não poder ser pregada (Gênesis 36) e os desvios sexuais da história de Judá e Tamar (Gênesis 38). Nosso povo precisa ouvir as histórias do Êxodo, como a preservação de Moisés no Nilo, sua vocação na sarça ardente, as pragas, os Dez Mandamentos, e do Tabernáculo, bem como as Leis aparentemente aleatórios no chamado “Livro da Aliança” (Êxodo 21-23). Estes são apenas a ponta do iceberg.

 

2. Pregar Claramente

Em segundo lugar, devemos pregar “de forma clara”. A linguagem do apóstolo Paulo em 1 Coríntios 2:1-5[1] e Colossenses 4:4[2] tornou-se o grito de guerra do “estilo simples” puritano da pregação nos séculos XVI e XVII, enfatizando simplicidade de expressão e de método. Em suma, cada sermão girava em torno de dois pontos principais: doutrina e uso, ou, em nossa terminologia, exposição e aplicação.

Pregar o Pentateuco de maneira clara, é primeiramente pregar doutrina. Os textos do Pentateuco são o terreno fértil de que os profetas e apóstolos colheram sua doutrina. Portanto, quando você pregar em Gênesis 1, pregue sobre a doutrina da criação, quando você pregar em Gênesis 2, pregue no sábado, quando você pregar sobre a narrativa do dilúvio em Gênesis 6-9, pregue sobre a justiça e a misericórdia divina, quando você pregar sobre o chamado de Abrão em Gênesis 12, pregue sobre eleição e chamado eficaz, quando você pregar sobre a fé de Abraão em Gênesis 15, pregue sobre a justificação Sola Fide. Os exemplos de doutrinas dos textos do Pentateuco são numerosos demais para mencionar.

Pregar o Pentateuco de forma clara significa pregar a aplicação e utilização do texto. Nós precisamos dizer ao nosso povo o “quê” da passagem, bem como o “e daí?”. O Diretório de Westminster para o culto público de Deus chamou isso de “trazer[ndo] de casa para uso especial, através da aplicação para seus ouvintes”. Esta é uma área em que nós, como pregadores reformados, podemos ser fracos, para ser honesto. O Diretório de Westminster admite que a aplicação vai “se provar uma obra de grande dificuldade para [o pastor], o que requer muita prudência, zelo e meditação”. Para pregar, um ministro deve ter uma consideração daqueles a quem ele prega. Leva tempo para desenvolver essa habilidade, porque é preciso tempo para conhecer a si mesmo, bem como suas ovelhas e as suas necessidades, preocupações, problemas e medos.

Por que é tão importante que as pessoas compreendam a santidade e justiça de Deus na narrativa das pragas do Êxodo? O que você quer que seu povo a faça em resposta à providência de Deus na narrativa José? Você não pode simplesmente alimentar o seu rebanho ignorante, impotente, e muitas vezes com medo com a carne da Palavra. Você precisa dizer a eles o porquê que isso é bom para eles, o porquê eles precisam comer, e como eles precisam comer.

 

3. Pregar Cristologicamente

No final de The Arte of Prophecying, William Perkins afirmou “O Sumo do Sumo” da pregação com estas palavras: “Pregue um Cristo por Cristo para o louvor de Cristo”. Devemos anunciar a Cristo como a sabedoria eterna do Pai, por meio de quem o universo foi feito a partir de Gênesis 1, proclamá-Lo como o Salvador do julgamento na narrativa da inundação, proclamá-Lo como o juiz dos vivos e dos mortos nas narrativas das pragas no Êxodo, e proclamar a Sua obediência ativa e passiva nas leis e regulamentos do Livro da Aliança e as narrativas do tabernáculo.

Ao dizer isto, deixe-me acrescentar que você não deve simplesmente pregar sobre Cristo, mas você deve ser a voz de Cristo à sua congregação. Você quer que as pessoas a ouçam a voz viva de Cristo perto deles na sua voz e não apenas como um eco distante. Eu faço isso pregando com paixão e urgência, e falando frequentemente na primeira pessoa. Isso é humilhante e assustador. Mas se Paulo diz: ” E como crerão naquele de quem nada ouviram?” (Romanos 10:14), e se a pregação não é palavra dos homens, mas a Palavra de Deus (1 Tessalonicenses 2:13[3]), então a sua voz é a viva vox, a voz viva do Senhor. Portanto, pregue a Cristo aos incrédulos, chamando-os ao arrependimento e à fé; pregue a Cristo a crentes duvidosos, garantindo a seus corações o Seu amor; pregue a Cristo aos crentes fortes, chamando-os a perseverar e continuar em uma fé viva; e pregue a Cristo aos rebelde, preguiçoso, e pérfidos membros, chamando-os a compreender os privilégios que têm e para entrarem neles através da tristeza piedosa e pela verdadeira, não apenas histórico, fé.

O Pentateuco deve ser pregado, pois ele é a Palavra de Deus. O Pentateuco precisa ser pregado, pois contém alimento para alma do nosso povo com fome. Finalmente, devemos desejar pregar o Pentateuco, à medida que isso leva o povo pela mão para o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e nossa vida incrível nele.

Este post foi adaptado do livro de Daniel Hyde, God in Our Midst.


[1] “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus. Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada”. 1 Co 2:1-5.

[2] “para que eu o manifeste, como devo fazer”. Cl 4:4.

[3] Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes.

Por: Daniel Hyde. © 2014 Ligonier Ministries Website: www.ligonier.org; Original: 3 Principles for Preaching the Pentateuch

Tradução: Hélio Sales; © 2014 Voltemos ao Evangelho. Original: 3 Princípios para Pregar o Pentateuco

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