Um blog do Ministério Fiel
As eleições terminaram, mas nossas orações não
As eleições terminaram, mas nossas orações não. Apesar de peregrinos nesta terra, tendo nossa cidade nos céus (1 Pe 2.11; Fp 3.20), somos chamados a agir da mesma forma que os exilados na Babilônia: “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz” (Jr 29.7). Sendo assim, devemos persistir em fazer o bem a este país e interceder pela sua paz. Sugiro quatro motivos de oração:
Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. (1 Timóteo 2:1-4)
1) Liberdade Religiosa: Nesse texto de 1 Timóteo, Paulo nos exorta a orar por todo tipo de homem, seja ele revestido de autoridade ou não. Porém, sua ênfase é que devemos incluir as autoridades governamentais em nossas orações, possivelmente porque temos a tendência de ou nos esquecer delas ou pensarmos que não são “dignas” de “súplicas, orações, intercessões, [quanto menos] ações de graças”.
Qual o fim de nossa oração? “Para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito”. Portanto, nossa primeira oração deve ser por liberdade religiosa. Há uma ideia popular de que devemos orar por perseguição, pois ela “purifica a igreja”, mas a Bíblia jamais nos ordena tal súplica. Antes, exorta-nos que roguemos por paz. Oremos, portanto, para que este novo governo respeite a liberdade religiosa (fé, culto e prática), que é direito inalienável de todo ser humano.
Todos sabemos dos impasses com as “leis da homofobia”. Se ódio é o problema, devemos discordar em amor (sempre!), mas não temos que aceitar passivamente o cerceamento de nossa liberdade religiosa. Oremos por uma vida tranquila e mansa.
2) Conversão: Paulo neste texto também afirma que Deus deseja salvar todo tipo de homem, sejam reis ou súditos, presidentes ou garis. Devemos vigiar para que divergências políticas não nos impeçam de exercer a suprema misericórdia de desejar e orar pela salvação de alguém. Deus é poderoso para converter até o mais ímpio ditador. Roguemos, portanto, para que Deus mostre aos governantes que o ele é o real soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, assim como o foi a Nabucodonosor (Dn 4, especialmente v. 37). Ademais, que com coragem profética, assim como Daniel, João Batista e outros, denunciemos o orgulho e a soberba dos governantes que buscam se colocar no lugar de Deus. Oremos para que todos homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.
Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência Por esse motivo, também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço. Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra. (Romanos 13:1-7)
3) Serviço governamental: Paulo ensina em Romanos 13 que a autoridade é “diakonos” de Deus para o nosso bem. Deus instituiu o governo para “castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem” (1 Pe 2.13-14), para “fazer justiça aos pobres e aos necessitados” (Pv 16.10-12; 29.14; 31.9), contudo julgando retamente e conforme a verdade, sem favorecer nem pobre, nem rico, mas julgando com justiça o próximo (Lv 19.15). Sendo assim, devemos orar para que os governantes realizem seu serviço sem ultrapassarem os limites do que lhes foi estabelecido por Deus e sem corromperem o que foram chamados para fazer.
4) Serviço cristão: oremos para que o povo de Deus neste país sirva tanto aos governantes como à população brasileira. Devemos dar a César o que lhe é devido (tributos, impostos, respeito e honra) e devemos nos compadecer dos necessitados, pois essa é a verdadeira religião sem mácula (Tg 1.27; Pv 19.17; 28.27).
Não devemos desprezar as autoridades, pois essa é uma marca de falsos profetas e ímpios (2Pe 2.10), mas também não devemos obedecê-los acima de Deus, pois essa é a marca de idólatras e traidores. O cristão possui somente um Senhor e se prostra somente a um Deus (Dn 3 – Sadraque, Mesaque e Abednego e a fornalha de fogo; Mt 10.32-33; Ap 2.10). Devemos, sim, nos sujeitar, por amor ao verdadeiro Senhor, a toda a ordenação humana (1Pe 2.13), mas “antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29). Temos de orar para que o povo de Deus assuma uma postura vigilante, firme e resoluta em sua relação com o Estado, lembrando que a submissão absoluta é somente a Deus.
Além disto, alguns cristãos são chamados para irem além e servirem diretamente no campo político e no serviço público. Vejam o exemplo de Daniel e seus amigos que foram bons conselheiros do rei. Quando um cristão se envolve com a política, ele não deve pensar somente em nossos interesses (liberdade religiosa, família, etc.), mas deve se envolver com todas as necessidades do povo (educação, pobreza extrema, violência, etc.). Como cristão e cidadãos, amamos nosso próximo e consideramos também seus interesses. Sim, devemos ser como Ester e Mardoqueu e lutar pela liberdade do povo de Deus em meio a governadores ímpios (Ester, especialmente 10.3), mas também devemos ser como José, que serviu tanto ao Faraó, como livrou o povo egípcio da fome e da morte.
Finalmente, oremos confiante de que “como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina” (Pv 21.1).