Um blog do Ministério Fiel
Avivamento e Missões em Jonathan Edwards
Nesta 31ª conferência, estamos estudando nas Escrituras o tema “Vivifica-nos! e invocaremos o teu nome”.
Jonathan Edwards é mais conhecido como teólogo do avivamento, mas poucos o conhecem como missionário e missiólogo. Temos muito a aprender com Edwards na relação entre avivamento, reforma e missões.
Aprenda mais com Heber Campos Jr.:
Resumo
Jonathan Edwards (1703-1758) é mais conhecido como teólogo do avivamento, menos como missionário. No entanto, seu segundo maior ministério foi entre indígenas, em Stockbridge (1751-1758). Mais surpreendente é saber que Edwards não foi só um missionário, mas sua teologia articulava ideias importantes acerca de missões. Sua teologia impactou seus esforços e suas expectativas.
Nosso desconhecimento de Edwards como missionário e missiólogo se dá não só por ignorância para com Edwards mas também pelo que aprendemos em história das missões. Há um consenso acadêmico de que missões entre os protestantes só começaram com os morávios no século 18, sendo que as razões para a demora para tal despertamento missionário seriam teológicas, sociais e eclesiológicas. Isso não é plenamente verdadeiro e quero apresentar uma nova perspectiva, considerando três pontos:
• Contexto social e político. É anacronismo exigir que as terras protestantes sejam divulgadoras do evangelho atravessando mares quando lhes falta a localização geográfica, os recursos financeiros e informações (huguenotes no Brasil foi a exceção possível). Assim que tiveram os meios eles fizeram missões (ex: holandeses em Pernambuco), um seminário de treinamento missionário (Seminarium Indicum, na Universidade de Leiden, entre 1622-1632) e produziram uma teologia de missões (Gisbertus Voetius).
• Contexto teológico. A Europa foi o campo missionário dos protestantes e o treinamento de ministros para esse campo como sua filosofia missionária, mostram que os reformadores pensavam em missões.
• Exemplos práticos. A migração aos EUA e a missão entre os índios (John Elliot no séc. 17) são exemplos de sensibilidade missionária entre os protestantes.
Ou seja, desde o começo do movimento protestante há um ímpeto missionário e Edwards se encaixa em um desses exemplos um pouco mais tardios e, por isso, não podemos negligenciar essa história e o que podemos aprender dela.
Quero enfatizar duas ênfases que expressam a expansão do Reino de Deus.
• Nosso trabalho (“reforma”): lidará com a questão da contextualização.
• Trabalho de Deus (“reavivamento”): lidará com a influência da teologia nas missões.
1. Nosso trabalho: Reforma
Edwards estava no meio de um contexto social desfavorável e por isso entendia que precisava trabalhar em questões de justiça social. Eis alguns entendimento de Edwards:
• Dignidade dos índios: a doutrina da imagem de Deus e a doutrina do pecado original iguala a todos, mas os ingleses são mais culpados, pois tinham mais conhecimento.
• Engajamento social: seu reconhecimento de que eles também são imagem de Deus fez Edwards se preocupar com o bem estar completo, sem menosprezar o principal (sua salvação).
• Exploração: Edwards procurou impedir que os ingleses continuassem a explorar os índios retirando suas terras por meios “legais”. Seu esforço se dava para manter os índios na missão, os quais se sentiam abusados pelos homens brancos.
• Educação: Manter a escola para crianças longe de seus parentes que usurparam dos recursos financeiros e do trabalho dessas crianças em seu próprio benefício.
• Guerra: Manter os índios como aliados em face da animosidade entre França e Inglaterra que disputava a lealdade dos nativos.
Edwards também entendia que os índios não tinham um pano de fundo cristão e por isso tinha que trabalhar em educação teológica:
• Sermões direcionados às limitações intelectuais e ao mundo dos índios.
• Educação das crianças (brancas e índias) com uma filosofia de educação bem moderna.
Redimir ou Reformar?
Na época, o modelo missionário vigente era o de “civilizar” o índio, no qual o ensino do idioma e da cultura visava proteger os índios de um mundo cada vez mais “branco” e lhes abrir portas educacionais inexistentes na cultura indígena. Contudo, isso carregava o pressuposto de que os índios eram bárbaros. O aspecto negativo disso era a imposição de cultura e a noção de superioridade de cultura. Contudo, precisamos entender também que há aspectos positivos, pois não há cultura moralmente neutra e precisamos atentar para o impacto do evangelho na cultura.
Hoje, há um debate sobre redimir a cultura. Temos a tendência de nos empolgar com o engajamento social em prol de uma “redenção” da cultura. Contudo, redimir traz a noção de algo que irá continuar crescendo de glória em glória. Entretanto, a cultura pode voltar a decair. Assim, a proposta mais bíblica é a de Reforma: ciente das limitações de durabilidade (necessidade contínua) e de qual seja o nosso papel.
2. Trabalho de Deus: Reavivamento
Edwards sempre estava buscando por sinais do progresso da obra redentora de Deus. Por isso tinha deleite em conhecer a história e procurava informações sobre outros avivamentos ao redor do mundo. Em 1739, Edwards pregou uma série de 30 sermões que contavam a história sacra e do mundo nos quais avivamentos tinham um importante papel: gatilhos que impulsionavam o progresso da redenção.
Outro aprendizado que podemos ter com Edwards é a importância da oração no aviamento. Em A busca do avivamento (1747) ele faz um apelo por unidade em oração por avivamento. Deve-se destacar não sua escatologia (pós-milenista), mas o dever da oração na expectativa de grandes feitos redentores de Deus. Com ele podemos aprender, que nossos esforços missionários não podem fruir do apelo à nossa paixão pelas almas ou ao compromisso com a causa, de algo que está dentro de nós (pois mesmo crentes ainda há muito pecado dentro de nós), mas devem estar calcados na grande história de triunfo redentor do nosso Deus.
Essa perspectiva macro da missão nos trará alegria em participar da obra missionária e trará a tranquilidade de que os propósitos de Deus irão se cumprir mesmo diante dos nossos aparente fracassos (como de Brainerd ou dele). A perspectiva da grande história do triunfo redentor do nosso Deus deve motivar-nos a nos envolvermos com missões com alegria e não por obrigação pesarosa. Não devemos forçar os outros a se envolver com missões com base no que nós fazemos trazendo um fardo legalista, mas ensinando o evangelho e ensinando o evangelho, a grande história de qual todos fazem partes.
Apesar de Edwards não ter sido frutífero em termos de números, ele deixou um dos maiores legados missionários: o livro A Vida de David Brainerd (1749) – a biografia missionária mais influente da história que motivou inúmeros outros missionários.
Com Edwards podemos ver um exemplo de equilíbrio entre o nosso esforço por ver o reino crescer (Reforma) e a expectativa de que Deus faça maravilhas (Reavivamentos) a despeito de nossas fraquezas.
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