Um Espírito Vivificador

Ezequiel 37

Falarmos sobre avivamento é difícil pois não temos uma definição clara sobre o que é avivamento. Alguns consideram o começo de Atos um avivamento, mas e o final? Quero afirmar que o avivamento diferencia em grau e não em espécie da vida cristã. Ou seja, é Deus fazendo o que ele sempre faz, mas em medidas que nos surpreende. Avivamento é uma porção maior da graça que a igreja já tem.

Neste texto de Ezequiel podemos observar 5 características sobre o avivamento.

1) A impotência do profeta

No primeiro momento, Deus quer mostrar para o profeta Ezequiel que é impossível aos homens trazer vida. Deus está destacando a impotência do profeta diante da decadência de Judá. Isso nos ensina que todo período de avivamento é precedido por impotência diante da decadência moral e espiritual do povo de Deus. Essa impotência torna o avivamento algo surpreendente. Deus costuma fazer uma obra maravilhosa quando seu povo reconhece sua impotência. A oração não é uma demonstração de poderzinho que convence a Deus, mas um reconhecimento da nossa pobreza de espírito e dependência de Deus.

2) O poder do Espírito

A partir do versículo quatro, há uma ênfase no espírito. Nessa nova criação, Deus faz algo paralelo à criação: ele primeiro forma o corpo para depois soprar o Espírito. Deus com isso queria mostrar que iria trazer o povo de novo para sua terra mesmo tendo Jerusalém sido destruída. Apesar do profeta falar, a ênfase está na obra do Senhor: “e sabereis que eu sou o Senhor” (v. 6). O poder não se encontra no poder da palavra do profeta, mas na ação do Espírito. Isso precisa corrigir a nossa ideia de “pregação de poder” e “pregador com unção”. O profeta não diz “pode deixar Deus, eu sou ungido”, mas “tu o sabes”. A unção no Novo Testamento tem mais a ver com autoridade do que com poder. 1 João diz que a unção de Deus está sobre todo o povo de Deus e ela reside nele (ela não vem e vai), ou seja, a igreja não precisa ouvir os falsos profetas. Veja que há ungidos na Bíblia, como Saul, que não tinham poder, pois o Espírito os havia deixado.

3) O intento de vivificar pela Palavra

Apesar do poder residir no Espírito, Deus tem prazer de usar a palavra para vivificar. Nós não colocamos nossa confiança na pregação, mas no Espírito que age através da pregação. Na história da igreja, avivamentos sempre vieram através da pregação da verdade. Assim, precisamos pregar com confiança de que Deus fala através do nosso intermédio. Isso também nos ensina que devemos valorizar a pregação de cada domingo, pois Deus fala através da Palavra pregada.

4) Efeito comunitário de amor pela verdade

Não penso que Deus esteja falando aqui sobre unidade política ou organizacional, pois tais não são extraordinários. Creio que este texto aponta para Cristo, o grande elemento unificador. Ele irá unir tanto judeus quanto samaritanos quanto gentios em uma mesma oliveira.

5) Deus ainda mais presente

Três coisas esse novo rei Davi irá fazer: (1) restaurar o povo à terra, (2) trazer o cumprir da lei e (3) trazer o reino eterno prometida a Davi. As promessas à Abraão, Moisés e Davi se cumprem nessa aliança de paz em Cristo. Jesus é aquele que não tinha lugar para repousar a cabeça, mas foi-nos preparar lugar. Ele é aquele que sofreu as penalidades da lei para que a lei fosse cumprida em nós. Ele se tornou servo para que nós pudéssemos reinar com ele.

Isso nos mostra que todo avivamento exalta a Cristo. O Messias deve ser o alvo de nossa mensagem. Sempre em suas mensagens tenha o alvo que as pessoas saiam amando mais o salvador.

Avivamento é uma porção maior que a igreja já tem. Ou seja, se vier ficaremos muito felizes, mas se não vier não significa que Deus nos abandonou. O Espírito está sempre conosco dando as mesmas graças que ele deu através da história. Que a nossa oração seja uma medida maior dessas graças.