Um blog do Ministério Fiel
Evangelho na Periferia – Princípio 3: Desenvolva Habilidades
Desenvolver habilidades na comunidade
Robert Lupton chamaria de uma “redistribuição de recursos”. Sua lógica seria a seguinte (embora seja de uma perspectiva de desenvolvimento comunitário):
1 – Cristãos deveriam viver na área que estão tentando alcançar.
2 – Cristãos deveriam trabalhar tendo em vista o ministério da reconciliação tanto no nível da relação com Deus quanto no nível comunitário.
3 – As comunidades perceberão, nós esperamos, uma redistribuição dos recursos e habilidades da comunidade.
O que exatamente ele quer dizer com isso? Basicamente, quando o povo de Deus se compromete a se mudar para áreas urbanas carentes, então eles estarão levando suas qualidades para o benefício da comunidade no sentido mais amplo. Em outras palavras, eles a enriquecem (quase como um padrão). Os recursos intelectuais e criativos que em grande escala saíram de nossas periferias nas décadas anteriores voltarão se mais cristãos de todos os níveis (profissionais e outros) se mudarem de volta para a periferia. Apenas por se mudar para uma comunidade e tentar ser um vizinho responsável e uma testemunha piedosa de Jesus, além de buscar o bem e a melhoria da comunidade, veremos este princípio na prática. Se isto é verdadeiro com um indivíduo, então imagine o poder de um grupo comprometido de 20 a 40 seguidores de Cristo em 20 periferias diferentes em toda a Escócia. Imaginem a boa influência que eles teriam mesmo nos lugares mais sombrios.
Imaginem pessoas trabalhadoras e habilidosas voltando para nossas comunidades na periferia. Estas mentes criativas certamente deixarão sua marca se e quando começarem a se engajar localmente. A revitalização da comunidade acontecerá sem que precisemos traçar uma estratégia para tal (o que não significa que não devamos traçar uma). Com pessoas novas, chegarão novos relacionamentos e novos recursos em nossas periferias. Novas habilidades podem ser ensinadas para os membros já existentes da comunidade para benefício de todos. A transformação cultural e econômica pode começar em um contexto de um a um, onde algumas destas novas habilidades são aprendidas e passadas adiante. Cosmovisões podem ser compartilhadas para gerar profundidade, compreensão e uma ampliação da mente. Por isso, a propósito, eu acredito que a gentrificação[1] não é realmente uma coisa completamente ruim.
Igrejas na periferia podem se envolver ao desenvolver ministérios que busquem encorajar os dons, comumente latentes das pessoas da localidade, e encontrar meios pelos quais elas possam se expressar, tais como clubes de arte, grupos teatrais, classes literárias, estágios e programas de recolocação no mercado de trabalho (na verdade, uma vasta gama de ideias de acordo com as necessidades particulares daquele contexto). Este é o tipo de coisa que estamos tentando encorajar na Igreja da Comunidade Niddrie. Nós oferecemos às pessoas a chance de ajudar com administração, serviço de escritório, cozinhar na cafeteria, habilidades básicas de contabilidade e computação, e nós temos planos para sediar outras atividades com o desenvolvimento de nossos programas de estágio e aprendizado.
Todas estas coisas, claro, são meros meios para o evangelho do Senhor Jesus Cristo que deve ser proclamado em alto e bom som. Ele causará a única mudança verdadeira e duradoura, tanto espiritual como física. Mas nós não ficamos esperando que as pessoas se arrependam antes para que então façamos uma contribuição para melhorar nossa comunidade. Nós fazemos independente da resposta a nossa mensagem. É um sinal que a mensagem que proclamamos tem fundamento na realidade de como vivemos nossas vidas e a compartilhamos na comunidade de cristãos, e com nossa comunidade como um todo. Ao invés de olhar uma periferia como um projeto onde entramos para “fazer ministério”, nós devemos estar pensando nela como nossa casa à medida que nos mudamos para ela e investimos nela completamente.
Ore pelo ministério 20schemes e por nossa visão de ter pequenas comunidades de cristãos ativos vivendo para a glória de Jesus Cristo em nossas periferias mais necessitadas. Nós queremos “entrar de cabeça” nestas comunidades enquanto refletimos sobre estes temas.
[1] Nota do Revisor: Chama-se gentrificação (do francês arcaico “genterise”, que significa “de origem nobre”) a alteração das dinâmicas sociais de determinado local através da criação de novos edifícios e empreendimentos comerciais, substituindo pequenas lojas e antigas residências. Esse processo, por mais que represente um avanço econômico em uma região de periferia, são criticados por alguns estudiosos do urbanismo por ser um fenômeno supostamente excludente às camadas mais pobres.