Um blog do Ministério Fiel
Antes de disciplinar, ensine estes 5 princípios
Pastor: “Então, por causa disso tudo, é com grande tristeza que tomo a decisão que nós, como igreja, removeremos Joe da membresia como um ato de disciplina. Há alguma coisa a ser dita?”
Irmã Sue: “Pastor, tenho algo a falar. Não vejo como podemos fazer isso. Que direito temos de dizer se Joe é cristão? Somente Deus pode dizer isso!”
Pastor: “Sim, é claro que isso é verdade. Mas 1 Corin-…”
Irmão Bill: “Ora, qual é! Concordo com Sue. Acredito na Bíblia e tudo mais, Pastor, mas muito daquilo não funcionará agora.”
Diácono Doug: “E somos todos pecadores. Por que deveríamos excluir o Joe?”
Pastor: “Tudo bem. Todos a favor digam ‘sim’.”
[som de grilos]
Pastor: “Aqueles contra?”
Todos: “NÃO!!!”
[Depois da reunião] Presidente Charlie: “Pastor, os diáconos querem se encontrar com você amanhã à noite. Temos algumas preocupações…”
Esse cenário, ou algo parecido, tem acontecido em muitas igrejas. Pastores com um admirável amor pela Escritura e suas congregações, mas com uma lamentável falta de predição e sabedoria, encontram-se em problemas porque seu povo não está preparado para tomar um passo em praticar a disciplina eclesiástica – mesmo depois de terem sido ensinados sobre ela.
Quase todo pastor sabe que terá que fazer uma boa negociação para ensinar acerca de disciplina eclesiástica antes de sua congregação estar pronta para isso. O que pode não estar tão óbvio, entretanto, é que ele terá que ensinar a igreja sobre mais do que simplesmente disciplina eclesiástica antes deles estarem prontos para disciplinar. Na verdade, um entendimento bíblico de disciplina eclesiástica – o que é, seu alvo e como funciona – tem de ser construído sobre um entendimento sólido de outras doutrinas cristãs.
Para colocar de outra forma, há certas coisas que você tem que ensinar em sua igreja muito antes de sequer abordar o assunto de disciplina eclesiástica. É realmente simples assim. Você tem que ensinar uma criança a andar antes de ensiná-la a escalar uma montanha.
Permitam-me listar algumas coisas que uma igreja precisa entender e abraçar antes de estar na posição de lidar com disciplina eclesiástica.
1. A autoridade das Escrituras
Aqui, é claro, é onde tudo começa. Se sua igreja não está convencida da autoridade das Escrituras sobre eles – sobre suas vidas e sobre a vida e prática da igreja – você não estará apto a trazê-los a um entendimento bíblico de disciplina eclesiástica. Nossa autoridade, direito e responsabilidade de praticar disciplina são unicamente dadas pela Palavra de Deus.
Se você não ensinar sua congregação a olhar e se submeter às Escrituras em tudo, o argumento “nunca fizemos isso, pastor” devastará qualquer tentativa de praticar a disciplina. Então, o argumento “não temos o direito de fazer isso” fará o mesmo. E o argumento “isso é ruim”. E assim por diante.
2. O que é um cristão
Se a ideia da disciplina eclesiástica deve fazer todo sentido, sua congregação deve entender o que significa ser um cristão em primeiro lugar. Eles terão que entender o evangelho. Eles terão que se apegar ao fato que ser um cristão não é somente sobre tomar uma decisão, mas, em vez disso, é sobre uma fé contínua em Jesus e arrependimento do pecado.
Eles precisam saber que a igreja é para cristãos, não somente para pessoas legais. Eles precisam de você, pastor, para ensiná-los a diferença.
3. A realidade e o significado da membresia eclesiástica
Sua igreja não estará pronta para colocar alguém para fora da igreja a menos que eles entendam que há um entrar e sair. A Bíblia é muito clara acerca desse fato. Há aqueles que são “membros” do corpo de Cristo (1Coríntios 12.27) e aqueles que são “de fora” (1Coríntios 5.12). Sua igreja precisa entender isso também, ou a ideia de colocar alguém “para fora” de algo que não tem um “para dentro” soará muito compreensivelmente ridícula.
Não somente isso, mas a igreja precisa entender que a membresia eclesiástica envolve mais do que ser um membro bem-querido da comunidade, ou ser um membro de certa família na cidade. Membresia eclesiástica significa afirmar publicamente a profissão de fé em Jesus de alguém, como também sua decisão de se submeter à supervisão da igreja. Quando nossas igrejas começam a entender isso, a ideia da disciplina eclesiástica começará a fazer bem mais sentido.
4. A diferença entre a igreja e o mundo
Deus quer que seu povo seja diferente do mundo. Ele quer que eles vivam de forma santa e façam guerra contra o pecado. Isso é o que significa se arrepender. Arrependimento não significa que uma pessoa parou de pecar, mas significa que declarou guerra contra o pecado. Sua igreja deve entender isso antes de você esperar que entenda a disciplina.
É claro que há um mundo de nuanças a ser falado aqui – a diferença entre pecado não arrependido e arrependido, ou a diferença entre pecado escandaloso e pecado privado, só para nomear alguns. Essas são importantes conversas para se ter, mas elas somente farão sentido dentro de um entendimento do fato básico que Deus quer que sua igreja seja diferente do mundo.
5. A responsabilidade da igreja para julgar
Muitos pastores se deparam com oposição contra a disciplina eclesiástica quando um membro da igreja cita Mateus 7.1: “Não julgueis, para que não sejais julgados”. É um tópico desconfortável em nossa era hiper-tolerante, mas pastores precisam ensinar suas congregações que, enquanto Jesus não lhes dá o direito de determinar quem deve estar dentro ou fora do céu, ele lhes dá o direito de determinar quem deve estar dentro ou fora da igreja. Isso foi o que Jesus quis dizer ao dar a sua igreja “as chaves do reino do céu” (Mateus 16.19, 18.17). É também o que Paulo quis dizer quando perguntou: “Não julgais vós os de dentro [da igreja]?” (1Coríntios 5.12). Sua igreja deve entender e aceitar sua responsabilidade de disciplinar antes de ser apta para exercitá-la.
Esses são apenas alguns exemplos de verdades que um pastor precisará ensinar para sua congregação antes dele chegar ao assunto particular da disciplina eclesiástica. Tenho certeza que você pode pensar em muitos outros. Espero, entretanto, que só de meditar um pouco nesse tópico, você lembrará que o trabalho do pastor é de paciência longânima. Você não quer direcionar as ovelhas ao campo da disciplina eclesiástica. Você quer lidera-las lá dentro, passo a passo, corrigindo, repreendendo e encorajando com grande paciência e cuidadosa instrução (2Timóteo 4.2).