Um blog do Ministério Fiel
O dever cristão de compartilhar o evangelho
Um dos momentos mais emocionantes da minha vida foi quando me converti a Cristo. Eu estava cheio de zelo por evangelismo. No entanto, para minha grande consternação, quando contei aos meus amigos sobre minha conversão a Cristo, eles acharam que eu estava louco. Eles acharam aquilo tragicamente curioso e não se convenceram, apesar de eu haver compartilhado o evangelho com eles. Finalmente, eles me perguntaram “Por que você não começa uma turma e nos ensina o que aprendeu sobre Jesus?”. Eles falavam sério, eu fiquei exultante. Nós programamos um horário para nos encontrarmos, mas eles nunca apareceram.
Apesar do meu desejo profundo por evangelismo, eu era um fracasso nisso. Pude constatar isso no início de meu ministério. Contudo, também descobri que existem muitas pessoas a quem Cristo chamou e a quem ele tem dado dons através de seu Espírito para serem particularmente eficazes no evangelismo. Ainda hoje, fico surpreso se alguém atribui a sua conversão em alguma medida à minha influência. Em um aspecto, fico contente que a Grande Comissão não seja uma comissão principalmente para o evangelismo.
As palavras que precederam a comissão de Jesus foram estas: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mateus 28.18). Então, ele prosseguiu: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (v. 19). Quando Jesus deu esta comissão para a igreja, ele estava falando de uma posição de autoridade. Ele deu um mandato para a igreja de todas as eras não apenas para evangelizar, mas para fazer discípulos. Isso levanta uma questão importante: O que é um discípulo?
A definição mais simples de discípulo é alguém que direciona sua mente para um conhecimento e conduta específicos. Assim, podemos dizer que um discípulo é um aprendiz ou pupilo. Os filósofos gregos Sócrates, Platão e Aristóteles tinham discípulos. Sócrates se descreveu como um discípulo de Homero, que ele considerava como o maior pensador da história grega.
Nós tendemos a pensar em Homero mais como poeta do que como um filósofo. Mas Sócrates o via como o mestre supremo da Grécia antiga. Sócrates tinha seu próprio aluno, seu principal discípulo, cujo nome era Platão. Platão tinha seus discípulos, sendo o principal deles Aristóteles. Aristóteles também tinha seus discípulos, sendo o mais famoso Alexandre, o Grande. É surpreendente pensar sobre como o mundo antigo foi dramaticamente moldado por quatro homens: Sócrates, Platão, Aristóteles e Alexandre, o Grande. Na verdade, é quase impossível compreender a história da civilização ocidental sem compreender a influência desses quatro indivíduos, que por sua vez foram cada um discípulos do outro.
Aristóteles era conhecido como um filósofo “peripatético”. Ou seja, ele era um professor nômade que andava de lugar em lugar, sem ensinar em um local fixo. Os alunos de Aristóteles o seguiam enquanto ele caminhava pelas ruas de Atenas. De certa forma, os discípulos de Aristóteles viviam a vida com ele, aprendendo com ele no curso de uma rotina diária normal.
Estes conceitos ajudam a iluminar a natureza do discipulado. Entretanto, eles não conseguem captar toda a essência do discipulado bíblico. O discipulado bíblico envolve andar com o professor e aprender com as suas palavras, mas é mais do que isso.
Jesus era um rabino e, claro, o mais importante professor “peripatético” e fazedor de discípulos da história. Onde quer que andasse, seus alunos o seguiam. No início do ministério público de Jesus, ele escolheu indivíduos particulares para serem seus discípulos. Eles foram obrigados a memorizar os ensinamentos que ele falava ao caminhar. Além disso, as pessoas não enviavam uma inscrição para ingressar na Escola de Jesus. Jesus selecionou seus discípulos. Ele ia até os potenciais discípulos onde eles estivesse e lhes dava esse comando simples: “Segue-me”. O comando era literal: ele os chamava a abandonar seus deveres atuais. Eles tinham que deixar seus trabalhos, suas famílias e seus amigos para seguir a Jesus.
No entanto, Jesus era mais do que apenas um professor peripatético (itinerante). Seus discípulos o chamavam de “Mestre”. Todo o modo de vida deles mudou porque eles seguiram a Jesus não apenas como um grande professor, mas como o Senhor de todos. Essa é a essência do discipulado: submissão total à autoridade de Cristo, aquele cujo senhorio vai além apenas da sala de aula. O senhorio de Jesus abrange toda a vida. Os filósofos gregos aprenderam com seus professores, mas então buscavam aprimorar esse ensino. Os discípulos de Cristo não possuem mandado ou autorização para isso. Somos chamados a compreender e ensinar apenas o que Deus revelou através de Cristo, incluindo as Escrituras do Antigo Testamento, pois elas apontam para Cristo, e as Escrituras do Novo Testamento, porque são as palavras daqueles a quem Cristo designou para falar em seu nome.
A Grande Comissão é o chamado de Cristo a seus discípulos para estenderem sua autoridade sobre todo o mundo. Devemos compartilhar o evangelho com todos, para que mais e mais pessoas possam chamá-lo de “Mestre”. Esse chamado não é simplesmente um chamado para o evangelismo. Não é apenas um chamado para conseguir membros para as nossas igrejas. Em vez disso, Cristo nos chama para fazer discípulos. Discípulos são pessoas sinceramente empenhadas em seguir o pensamento e a conduta do Mestre. Tal discipulado é uma experiência vitalícia de aprender a mente de Cristo e seguir a vontade de Cristo, submetendo-nos em plena obediência ao seu senhorio.
Assim, quando Jesus nos diz para ir a todas as nações, devemos ir por todo o mundo com a agenda dele, não a nossa. A Grande Comissão nos chama para trabalhar com outros crentes na igreja a fim de produzir discípulos e inundar este mundo com cristãos inteligentes e articulados que adoram a Deus e seguem a Jesus Cristo apaixonadamente.