A Missão da Igreja – Greg Gilbert (Reprise: Conferência Fiel Pastores e Líderes 2016)

Mateus 28.16-20 – 16 Seguiram os onze discípulos para a Galileia, para o monte que Jesus lhes designara. 17 E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. 18 Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. 19 Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20 ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.

Resumo

Há tantas coisas boas que podemos investir nosso tempo e esforços. Será que há algo em particular que nós, como igreja, devemos focar? O que Deus quer que sua igreja faça? Qual a missão da igreja? Será que a missão da igreja é evangelizar e fazer discípulos? Fazer justiça social? Ambos? Será que a missão da igreja é a mesma que a missão de Deus? Se Deus irá fazer algo, isso significa que a igreja também deve fazer? É a missão da igreja trazer o Reino, promover o Shalom?

Jesus não deixou sua embaixada no mundo, a igreja, sem nenhum propósito ou sem revelá-lo? Será que temos que inventar a nossa missão?

Há muitas posições diferentes nesta questões. Permita-me, com o perigo de simplismo, resumi-las em duas grandes posições. Alguns veem a missão de forma abrangente, englobando tudo o que Deus está fazendo no mundo. Neste entendimento, se algo é bom e se está alinhada com a vontade e os planos futuros de Deus para o mundo, isso está inserido na missão da igreja (seja eliminar a pobreza, pesquisar a cura para doenças, etc.). Esta posição diz que a missão da igreja é fundamentalmente tornar nossas vizinhanças um lugar melhor para se viver.

Por outro, alguns enxergam a missão da igreja de forma focada. A missão da igreja não é tornar o mundo um mundo melhor (apesar de isso poder ser uma boa consequência secundária), mas evangelizar e fazer discípulos. Isso implica em como entendemos o trabalho dos missionários, como enxergamos o investimento em missões.

Quero defender um entendimento focado e que a Grande Comissão em Mateus 28 apresenta o que Jesus quer que sua igreja faça. Porém, por que ir para umas poucas palavras do final do evangelho de Mateus e chamar aqueles mandamentos de Jesus de a Grande Comissão. Quero dar quatro razões para esse entendimento:

1) Faz mais sentido em fundamentarmos a nossa missão em mandamentos específicos da Escritura e não em implicações de suposições. Entendo que uma dos erros da visão abrangente é a suposição que a missão da igreja, como parceira de Deus, deve abranger tudo que Deus faz (missio Dei). Porém, lemos na Escritura, vemos que há coisas que Deus faz no mundo em quais nós não participaremos ou devemos realizar, principalmente nesta era. Por exemplo, Deus irá destruir os ímpios, porém a igreja não deve

2) Faz sentido olhar mais para o NT do que o AT para ter uma teologia de missão. E isso por causa do advento da vinda do Messias. O foco do Antigo Testamento é que missão era por atração (as nações vindo até o povo de Deus), mas com a vinda de Jesus isso muda (o povo de Deus indo até as nações).

3) Mesmo no NT faz sentido olharmos para Jesus para procurarmos a missão da igreja. Cristo é o Rei da igreja e ele certamente deixou instruções para sua embaixada na terra.

4) A igreja primitiva deu ênfase a essas últimas palavras de Jesus. Essas palavras estão no começo de Atos justamente para fundamentar e guiar todas as ações da igreja primitiva

Quem?

Alguns entendem que a Grande Comissão foi dada somente aos apóstolos. Porém, creio que haviam mais pessoas naquele local. O texto bíblico chama aquelas pessoas de discípulos e meus irmãos (v. 10) e essa designação, em Mateus, é normalmente dada a mais do que os apóstolos.

Além disso, seria estranho os apóstolos, que já tinham visto o Cristo ressurreto, então não faz sentido afirmar que alguns deles duvidaram, mas que outros discípulos duvidaram. Assim, creio que precisamos entender que essa é a comissão da igreja, não somente dos apóstolos ou somente a cristãos individuais.

O quê?

Jesus afirma que eles deveriam fazer discípulos de todas as nações. “Nações” no texto bíblico é usado de diversas formas, não com alguma conotação específica de grupos etnolinguístico. O ponto de Jesus não é que devemos fazer pelo menos um discípulo de cada grupo etnolinguístico, mas que devemos ir a todos os lugares. Não tem como colocarmos um contador para cumprirmos a Grande Comissão. A igreja deve cumprir sua missão até Jesus voltar e como o semeador, lançar sementes “sem distinção”.

O texto bíblico fala sobre “ide”, “fazer discípulos”, “batizar” e “ensinando a guardar”. A igreja é chamada para proclamar as boas novas de Jesus ao mundo, batizá-los e passar, então, por toda vida, a ensinar novos esses discípulos.

Como?

Realizamos a Grande Comissão através da permanente presença de Cristo conosco, através da habitação do Espírito Santos.

Se a missão da igreja é, de fato, evangelizar e fazer discípulos, então qual o lugar para boas obras e justiça social? Qual é o propósito e alvo maiores das boas obras? (a) Fazer o mundo o lugar melhor ou (b) confirmar e adornar o evangelho que pregamos? Quero argumentar pela segunda opção.

1) Não há nenhuma promessa de que nossas obras irão mudar o mundo. Isso pode, sim, acontecer, mas Deus não prometeu. E o perigo é ensinarmos às pessoas que esperem algo que ele não prometeu.

2) Olhemos para o livro de Atos: todo ele é organizado em torno do mandamento de Jesus de testemunharem em toda Judeia e Samaria e até aos confins da terra.

A pergunta, então, não é se boas obras são importantes. Elas são! Mas qual o propósito teológico das boas obras: confirmar e adornar o evangelho que pregamos.

Finalizemos lembrando que essa missão é imparável, pois é suportada pela completa autoridade de Cristo!

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