Nutrindo uma comunidade cativante – Mark Dever (Reprise: Conferência Fiel Pastores e Líderes 2016)

Resumo

O que é o evangelho? Há quatro verdades que devem estar presentes em sua apresentação. Precisamos ser claros sobre (1) quem Deus é; (2) quem o homem é; (3) quem Jesus é; e (4) que resposta o homem deve dar ao evangelho. As boas novas afirmam que Deus é o criador poderoso e juiz soberano e criou o homem à sua imagem. Porém, o homem pecou e Deus, sendo bom, deve julgar nosso pecado. Mas, Deus, em amor, enviou seu filho Jesus para viver uma vida perfeita, morrer na cruz por causa de nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação. Assim, o homem é chamado para responder à essa boa-nova arrependendo-se das suas obras más e crendo em Cristo como Salvador e Senhor.

Em Efésios 2.8, podemos ver as verdades desse evangelho. Logo depois, nos versículos 11-22 vemos que esse evangelho gera uma comunidade entre judeus e gentios que não existiria se não fosse por essas boas-novas. Essa comunidade só era gerado porque judeus e gentios tinham Cristo em comum!

Dessa forma, em nossa igreja, podemos criar dois tipos de comunidades. Podemos criar uma comunidade carnal baseada meramente em interesses comuns, idades similares, mesmo estágio da vida ou podemos criar uma comunidade autêntica que revela o evangelho com profundidade e largura sobrenaturais.

Em Ezequiel, lemos Deus tirando seu Espírito do templo. Pergunto-me se Deus tirasse seu Espírito de nossas igrejas, o que aconteceria com as amizades e conversas de seus membros. Será que as amizades continuariam, pois nunca fora capacitada pelo Espírito? Será que as conversas mudariam ou continuariam as mesmas, mostrando que eram conversas carnais?

Quando não temos comunidades sobrenaturais, comprometemos e prejudicamos o evangelização. Nossas comunidades deveriam ser comunidades milagrosas. Jesus nos disse que o mundo reconheceria que somos seus discípulos pelo amor que teríamos um pelos outros. O amor de nossas igrejas deve ser algo inexplicável para os incrédulos, para ser um testemunho de Cristo. Quando nossas comunidades não estão fundadas sobre o evangelho e o revelam, isso fere a evangelização.

Também comprometemos e prejudicamos o discipulado. Quando a comunidade não é sobrenatural, não há o amor e o perdão sobrenatural que vem pelo evangelho. Não há coração

Essa é a diferença entre comunidades que obscurecem o evangelho e comunidades que revelam o evangelho, entre uma comunidade baseada no evangelho mais alguma outra coisa e uma comunidade sobrenatural baseada somente no evangelho. Precisamos lembrar que a regeneração precede a comunidade.

Como uma pessoa é atraída para sua igreja? Será que é só pelos benefícios que a igreja fornece? Não devemos buscar edificar uma comunidade baseada no conforto das pessoas. Precisamos edificar uma comunidade no fato de que Deus as chamou – e ele nos chamou para fazer coisas que muitas vezes não são confortáveis. Ele nos chama a comprometer-se com uma igreja local, cultuar semanalmente, exortar e guardar uns aos outros.

Precisamos de um compromisso baseado em chamado, não em conforto. Uma comunidade baseada no chamado irá comprometer-se a amar uns aos outros independentes de suas étnicas, culturas, contextos, condições financeiras, opções políticas.

Porém, nem sempre nossas comunidades são assim.

Há três impedimentos contra uma comunidade assim:

• Nosso compromisso com ministérios baseados em similaridades. Diversas igrejas têm vários programas baseados em similaridades: ministério de jovens, mulheres, homens, mães, solteiros, etc. Há inclusive igrejas inteiras focadas em um segmento social. Não estou dizendo que isso é de todo errado, mas não pode ser o cerne da identidade da igreja. Igrejas que fazem isso não são uma família unida ao redor da Palavra de Deus pregada e a experiência da adoração pública comunitária, mas cesto com vários departamentos que não se relacionam.

• Nosso incentivo ao consumismo. Muitas igrejas buscam sempre dar o que as pessoas querem, em vez de as desafiarem a obedecer a Deus, e acabam gerando somente consumistas.

• Nossa ignorância de culturas minoritárias. Se não prestarmos atenção, acharemos que todos os outros cantam, cumprimentam, comem da mesma forma que nós. Acabaremos baseando nossas igrejas nas preferências da cultura majoritária.

Para edificarmos uma comunidade cativante que revela o evangelho precisamos:

• Pregar claramente o evangelho e suas implicações para a vida da comunidade

• Cultive uma cultura de discipulado, na qual todos os cristãos são chamados a ensinar uns aos outros.

• Ore como comunidade. Perceba como a oração do Pai Nosso está no plural. A oração corporativa é como pedimos que Deus aja. Ao orarmos publicamente ensinamos as pessoas a orar. Tenha momentos de oração em seu culto: oração de louvor, de confissão, de intercessão.

• Construa uma cultura de relacionamentos intencionais. Encoraje hospitalidade. Encoraje que as pessoas vivam perto da igreja. Mostre os benefícios da membresia e restrinja algumas coisas somente a membros.

Obstáculos estruturais para esse tipo de comunidade

Equipe ministerial: uma equipe ministerial pode ser algo perigoso. É possível que a igreja se enfraqueça quando contratamos pessoas para tirar o ministério da mão dos membros. Tenha uma equipe que promova o ministério dos membros.

Calendário da igreja: você pode até se sentir bem com um calendário da igreja lotado.

Música: se só um tipo de pessoa gosta da música da igreja, se a música parece mais uma performance, então a música será mais um show do que uma adoração corporativa.

Promova oportunidades de interação. Ajude as pessoas a permanecerem e interagirem depois do culto. Talvez reúnam-se um outro dia para orarem como igreja.

Não dependa de um único ministério para cultivar ministério. Você não quer ter um pastor de comunidade, mas que toda igreja entenda que uma parte inerente de seguir a Cristo é ajudar outros a seguir a Cristo.

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