Theodoro Beza – Jesus Cristo, o Filho de Deus (Parte 2) (Reforma500)

500 anos de Reforma Protestante

Em comemoração aos 500 anos de Reforma Protestante, o Voltemos ao Evangelho trará artigos semanais e biografias de diferentes reformadores: Girolamo Zachi (jan), Theodoro Beza (fev), Thomas Cranmer (mar), Guilherme Farrel (abr), William Tyndale (mai), Martin Bucer (jun), John Knox (jul), Ulrico Zuínglio (ago), João Calvino (set) e Martinho Lutero (out).

Resumo da realização de nossa salvação em Jesus Cristo

Ele, portanto, desceu à terra para nos atrair ao céu (Efésios 2.6). Desde o momento da sua concepção até a sua ressurreição, ele suportou a punição dos nossos pecados para nos livrar deles (Mateus 11.28; 1​​Pedro 2.24, 3.18; Isaías 53.11). Ele cumpriu perfeitamente toda a justiça para cobrir a nossa injustiça (Romanos 5.19; Mateus 3.15). Ele nos revelou toda a vontade de Deus, seu Pai, por suas palavras e pelo exemplo de sua vida, para nos mostrar o verdadeiro caminho da salvação (João 15.15; Atos 1.1-2).

Finalmente, para coroar a satisfação pelos nossos pecados que ele tomou sobre si mesmo (Isaías 53.4-5), foi preso para nos libertar e condenado para que pudéssemos ser absolvidos. Sofreu infinitas repreensões para nos colocar além de toda vergonha. Foi pregado na cruz para que nossos pecados fossem pregados ali (Colossenses 2.14). Morreu com a maldição que nós merecíamos, de modo a apaziguar para sempre a ira de Deus pela realização do seu sacrifício único (Gálatas 3.13; 2Coríntios 5.21; Hebreus 10.10,14). Ele foi enterrado para mostrar a verdade da sua morte e para vencer a morte em sua própria casa, ou seja, na sepultura; ele não experimentou nenhuma corrupção ali, para mostrar que, mesmo quando morto, ele havia vencido a morte (Atos 2.31). Ele foi ressuscitado vitorioso para que, estando nós mortos e sepultados, pudéssemos ser renovados em vida nova, espiritual e eterna (Romanos 6, e em quase todos os escritos de Paulo). Desse modo, a primeira morte já não é para nós um castigo pelo pecado e uma entrada na segunda morte, mas, pelo contrário, é o fim da nossa corrupção e uma entrada na vida eterna. Por fim, tendo ressuscitado e depois de ter falado durante quarenta dias aqui para dar evidência da sua ressurreição (Atos 1.3,9-11), ele ascendeu visivelmente e muito acima de todos os céus, onde se sentou à destra de Deus, seu Pai (João 14.2). Tendo tomado posse para nós do seu reino eterno, ele também é para nós o único Mediador e Advogado (1Timóteo 2.5; Hebreus 1.3, 9.24), e governa a sua igreja pelo seu Espírito Santo, até que o número dos eleitos de Deus, seu Pai, esteja completo (Mateus 28.20, etc.).

Como Jesus Cristo, tendo voltado para o céu; ainda assim, está aqui embaixo com aqueles que são seus

Nós entendemos que a glorificação trouxe a imortalidade ao corpo de Jesus Cristo, além de glória soberana; mas isso não mudou a natureza do seu verdadeiro corpo, um corpo confinado a um certo espaço e tendo limites (Lucas 24.39; João 20.25; Atos 1.3). Por esta razão, ele levou ao céu, de entre nós, sua natureza humana, seu verdadeiro corpo (Atos 1.9-11, 3.21). Ali permanecerá até que venha para julgar os vivos e os mortos.

Mas, quanto à eficácia do seu Espírito Santo, assim como à sua divindade (pela qual somos feitos participantes não apenas de metade de Cristo, mas dele todo e de todos os seus bens, como será dito em breve), reconhecemos que ele está e estará com os seus até o fim do mundo (Mateus 28.20; João 16.13; Efésios 4.8). Isto é o que Jesus Cristo disse a respeito de si mesmo: “Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre” (Mateus 26.11); novamente, depois da sua ascensão, os anjos dizem aos apóstolos: “ Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (Atos 1.11). E Pedro diz aos judeus que o céu deve contê-lo até o tempo da restauração de todas as coisas (Atos 3.21). Pela mesma razão, Agostinho, seguindo as Escrituras, bem disse que é necessário se acautelar de enfatizar a divindade até o ponto de vir a negar a verdade do corpo; o corpo está em Deus, mas não é necessário concluir que ele está em toda parte, como Deus está em toda parte.

Não pode haver outra religião verdadeira

Nesse mistério da nossa redenção, incompreensível à razão humana, Deus se revelou como verdadeiro Deus, ou seja, perfeitamente justo e perfeitamente misericordioso.

Perfeitamente justo, em primeiro lugar, porque Ele puniu todos os nossos pecados com toda a severidade (Romanos 3.25; 2Coríntios 5.21), na pessoa daquele que se fez fiador e segurança em nosso lugar, ou seja, Jesus Cristo (1Timóteo 2.6; 1Pedro 2.24). Em seguida, ele nos recebe e nos reconhece como seus, se estivermos cobertos e revestidos da inocência, santificação e perfeita justiça de Jesus Cristo (2Coríntios 5.21; Romanos 5.19; Colossenses 2.14).

Por outro lado, ele se revelou como perfeitamente misericordioso, pois, encontrando em nós apenas fundamento para condenação, quis que seu Filho tomasse nossa natureza para encontrar nele o remédio que apaziguasse a sua justiça (Romanos 5.8; 1Coríntios 1.30). Livremente comunicando Cristo a nós, com todos os tesouros que ele possui (Romanos 8.32), ele nos faz participantes da vida eterna, unicamente por sua bondade e misericórdia, na condição de nos apossarmos de Jesus Cristo pela fé. […].

Mas, pelo contrário, qualquer religião que contrapõe à ira de Deus qualquer coisa, a não ser a única inocência, justiça e satisfação de Jesus Cristo, recebida pela fé, despoja a Deus de sua perfeita justiça e misericórdia. Por esta razão, tal religião (por exemplo, o Catolicismo Romano) deve ser considerada como falsa e enganosa.

Extraído de The Christian Faith [A Fé Cristã], por Theodoro Beza

Por: Theodoro Beza. Fonte: Jesus Christ the Son of God by Theodore Beza

Original: Theodoro Beza – Jesus Cristo, o Filho de Deus (Parte 2) (Reforma500). © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Camila Rebeca Teixeira. Revisão: William Teixeira.