Um blog do Ministério Fiel
O debate entre Guilherme Farel e Guy Fuerbity (Parte 2/2)
(Esta é a Parte 2/2. Leia a Parte 1 .)
No dia seguinte, a discussão reiniciou. Farel fez alusão às suas observações do dia anterior e mostrou que o domingo foi introduzido segundo o mandamento divino, mas em verdadeira liberdade do espírito, sem noções supersticiosas. Fuerbity objetou que se somente o que Jesus tinha ordenado fosse observado, ele não teria dito aos apóstolos: “Eu ainda tenho muitas coisas a dizer-vos”. “Estas palavras”, respondeu Farel, “não provam em absoluto que Jesus autorizou os apóstolos a criarem novas ordenanças ou leis. Pelo contrário, ordenou-lhes que ensinassem o que tinham ouvido de Cristo. Os mandamentos de Jesus são os únicos a serem guardados, e não os de oficiais eclesiásticos, dos quais nenhuma menção é feita nas Escrituras, e por meio dos quais a corrupção e até a aniquilação do cristianismo genuíno havia sido praticada.
O monge, perplexo, perguntou se Farel desejava acabar com a igreja, com o Papa e com os Concílios, cuja autoridade era deduzida dos apóstolos e dos concílios de Niceia, Antioquia e Constantinopla, em que os hereges foram vencidos pela Palavra de Deus. Os ataques contra a igreja poderiam, de fato, ser esperados numa época em que tantos prelados negligenciavam seus deveres e negligenciavam a obra do ministério. Farel apontou a diferença entre o que assumiu o título de igreja, cujo argumento final era o carrasco e a igreja apostólica, dos quais não se achava um vestígio na comunhão romana. “Não era assim antigamente”, disse ele, “e não deveria ser assim agora; mas arbitrariamente submeteis os príncipes a vós mesmos, em vez de estar sujeitos a eles. Nada é mais evidentemente sem a sanção do Espírito Santo do que os vossos diversos ofícios, benefícios, dignidades e ordens, dos quais o Papa tem um número maior do que qualquer monarca desde o início do mundo. O domínio dos Papas ultrapassa o de cada monarca em seu orgulho, pompa e luxo. Tais dignidades e privilégios não foram introduzidos pelo manso, gentil e gracioso Espírito de Cristo, mas pelo espírito do anticristo”.
Farel, em seguida, começa a descrever mais minuciosamente os mestres da igreja primitiva, e à medida que o próprio Fuerbity se referiu a 1 Timóteo 3.2, ele provou que a Palavra de Deus foi posta de lado na questão do celibato, e que a Igreja Romana, profundamente contaminada com impureza e com corrupção, não poderia estar sob a direção do Espírito Santo.
Autoridades presentes solicitaram ao monge que falasse sobre a proibição de comer carne. Ele imediatamente reconheceu que não podia provar esse ponto a partir da Escritura. “Isso é cumprir a sua promessa admiravelmente”, disse Farel, “de que você manteria até o último suspiro e diante de todo o mundo, a partir das Escrituras, o que você pregou”. Embora o monge se desculpasse humildemente, os representantes não ficariam satisfeitos com nada menos que uma retratação pública na catedral, e exigiram que depois disso ele fosse preso.
Mas assim que ele subiu ao púlpito, em vez de proferir uma retratação, começou a queixar-se de injustiça. Ele foi novamente instado a retirar-se; ao recusar, o povo passou a agredi-lo e ele provavelmente teria perdido a vida se as autoridades não interferissem. Guy Fuerbity foi, então, conduzido à prisão; mas ainda assim não se retratou nem voltou a discutir. Dois anos se passaram antes que ele obtivesse a sua liberdade.