Um blog do Ministério Fiel
Terrorismo, justiça e amor aos nossos inimigos
Alguém me perguntou depois de nosso culto de oração de terça-feira em relação ao ataque terrorista: “Podemos, ao mesmo tempo, orar por justiça e ainda assim amar o nosso inimigo?”. A resposta é sim.
Mas comecemos com nossa própria culpa. Os cristãos sabem que se Deus lidasse conosco apenas de acordo com a justiça, pereceríamos sob a sua condenação. Somos culpados de traição contra Deus em nosso orgulho e rebelião pecaminosos. Nós merecemos apenas a condenação. A justiça somente nos condenaria ao tormento eterno.
Mas Deus não lida conosco apenas em termos de justiça. Sem comprometer a sua justiça, ele “justifica o ímpio” (Romanos 4.5). Isso parece injusto. E seria, se não fosse pelo que Deus fez na vida e morte de Jesus Cristo. A misericórdia de Deus o fez enviar o Filho de Deus para suportar a ira de Deus, a fim de vindicar a justiça de Deus quando ele justifica os pecadores que têm fé em Jesus. Portanto, temos nossa própria vida por causa da misericórdia e da justiça (Romanos 3.25-26). A misericórdia e a justiça se encontraram na cruz.
Portanto, não somos rápidos em exigir justiça sem misericórdia. Jesus ordena: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mateus 5.44-45). E, é claro, Jesus foi o padrão disso para nós como um homem perfeito. “Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho” (Romanos 5.10). E mesmo quando Jesus morria pelos seus inimigos, orou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23.34).
Assim, o comando enfático dos apóstolos é: “Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis… não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber” (Romanos 12.14-20). Quando vivemos dessa maneira, magnificamos a glória da misericórdia de Deus e o tesouro todo-satisfatório que ele é para as nossas almas. Mostramos que, por causa do seu supremo valor para nós, não precisamos do sentimento de vingança pessoal para nos contentarmos.
Mas esta verdade não é comprometida ao afirmarmos que Deus também deve ser glorificado como aquele que governa o mundo e delega parte da sua autoridade aos Estados civis. Portanto, alguns dos direitos de Deus como Deus são concedidos aos governos com o propósito de restringir o mal e manter a ordem social sob leis justas. Isso é o que Paulo quer dizer quando escreve: “…não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas… [Esta autoridade é] é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal” (Romanos 13.1-4).
Deus deseja que a justiça humana mantenha o controle entre os governos e entre os cidadãos e a autoridade civil. Ele não prescreve que os governos sempre virem a outra face. Não é sem motivo que o governo traz a espada. A polícia tem o direito dado por Deus de usar a força para conter o mal e para conduzir os criminosos à justiça. E os Estados legítimos têm o direito dado por Deus de restringir a agressão que ameaça a vida e de levar os criminosos à justiça. Se essas verdades fossem conhecidas, esse exercício da prerrogativa divina ordenado por Deus glorificaria a justiça daquele que misericordiosamente ordena que o dilúvio de pecado e dce miséria seja restringido na terra.
Portanto, nós magnificaremos a misericórdia de Deus, orando para que nossos inimigos sejam salvos e reconciliados com Deus. A nível pessoal, estaremos dispostos a sofrer pelo seu bem eterno, e lhes daremos comida e bebida. Vamos rejeitar o ódio malicioso e a vingança pessoal. Mas, a nível público, também magnificaremos a justiça de Deus, orando e nos esforçando pela justiça que deve ser feita na terra, se necessário por meio de uma sábia e adequada força a partir da autoridade divinamente ordenada.
Buscando magnificar TODAS as glórias de Deus,
Pastor John Piper