Busquemos como igreja por enchimentos do Espírito

“Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus.” (At 4.31)

Enchimentos do Espírito, no plural

Em Atos 1.8, Jesus promete que o Espírito desceria sobre os discípulos concedendo poder para serem suas testemunhas. No Pentecostes, lemos em Atos 2.4 que aqueles irmãos foram cheios do Espírito, falaram em línguas e anunciaram as grandezas de Deus.

Porém, Atos 4 nos traz algo interessante, algo que desafia nosso conceito de enchimento do Espírito como algo singular e não-repetível na vida cristã. Após, Pedro e João voltarem do Sinédrio e relatarem para igreja o que havia acontecido, a igreja ora unânime e, em Atos 4.31, vemos um segundo enchimento do Espírito dos mesmos crentes que estiveram no Pentecoste. Neste enchimento não há o sinal das línguas, porém há poder para testemunhar: “com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus”. Tanto Pentecostes quanto este segundo enchimento são vindas do Espírito concedendo poder para testemunhar até os confins da terra.

Ou seja, independente de como você pensa a questão do batismo e das línguas, há uma realidade teológica que encoraja todos nós a buscarmos por enchimentos do Espírito, no plural. Há também uma realidade histórica. Desde os puritanos, temos chamado alguns desses enchimentos do Espírito de avivamentos ou despertamentos. Ou seja, é uma experiência que abrange carismáticos e cessacionistas.

Como buscamos por enchimentos do Espírito?

A pergunta, então, é como buscamos por enchimentos do Espírito? Antes de tudo, precisamos lembrar que esses enchimentos estão debaixo da soberania e liberdade do Espírito. Não podemos genuinamente fabricá-los (mas falsificações abundam), nem obrigar o Deus Espírito a se sujeitar à criatura.

Porém, não devemos ignorar a responsabilidade humana. O Deus Soberano que determina o fim também ordena o meio. Assim, precisamos tomar posse dos meios ordenados da graça. Então, o que fazer?

Poderíamos investigar sistematicamente a Bíblia, porém os textos de Atos nos apresentam um elemento comum nos dois enchimentos. Tanto antes de Pentecostes (1.14) como no segundo enchimento (4.24), a igreja estava orando unida. E Lucas ressalta isso usando o termo “unânime”. Oração comunitária é o elemento comum que vemos em Atos e algo que também podemos observar em diversos relatos de avivamento pela história.

Isso reflete a promessa de Jesus de pedirmos pela boa dádiva do Espírito ao Pai. Lucas 11 possui um bloco sobre oração que vai do versículo 1 ao 13. Ele começa com um pedido para o Senhor nos ensinar a orar e termina com “o Pai celestial [dando] o Espírito Santo àqueles que lho pedirem”. No meio está a oração do Pai Nosso, que orienta a oração comunitária (Pai “Nosso”) a priorizar a santificação do nome de Deus, clamar pela vinda de seu reino, pedir pelas necessidades diárias e rogar por perdão dos pecados e libertação das tentações; a parábola do amigo inoportuno, que nos orienta a orarmos com diligência; e o famosa encorajamento para oração “pedi, e dar-se-vos-á”, que nos lembra que nosso Pai deseja nos dar boas dádivas.

Assim, mais do que orarmos individualmente, precisamos reaprender a orar unânimes como igreja e precisamos reaprender a pedir insistentemente pelas boas dádivas do Pai. O avivamento jamais virá enquanto nossas reuniões dominicais forem pobres de oração e nossas reuniões de oração estiverem vazias. Assim como Dalila cortou a fonte de vitalidade de Sansão ao descobrir o segredo de sua força, Satanás astutamente busca cortar a oração, o segredo de nossa força, da vida da igreja.

Encorajamentos práticos

Então, aqui estão alguns encorajamentos práticos:

  • Reoriente sua visão: (1) todo cristão é chamado para ser testemunha de Cristo que busca a santificação do nome de Deus e a vinda de seu reino; (2) toda igreja é um exército de proclamadores do evangelho que se reúnem para aprenderem como viverem como discípulos e fazerem novos discípulos.
  • Reoriente suas reuniões: (1) ensine a visão do ponto anterior; (2) encha suas reuniões de oração – não só no começo, na oferta e no fim; (3) encha suas reuniões com orações que clamam pelo avanço do testemunho de Cristo e por enchimentos de poder do Espírito para proclamarem a palavra com intrepidez.
  • Reoriente sua prática: (1) vá ao culto de oração de sua igreja – se não existe um, ofereça ajuda ao seu pastor; (2) reúna-se regularmente com outros cristãos para encorajarem e cobrarem uns aos outros a serem testemunhas de Cristo, orarem por conversões e clamarem pela boa dádiva do Pai; (3) não suponha que o Pai dará seu Espírito de poder e sabedoria a quem pede com ânimo dobre e não persevera em oração de fé (Tg 1.5-8).

Amados, é deste tipo de enchimentos que a igreja brasileira urgentemente precisa, seja tradicional ou pentecostal. O Espírito é uma dádiva do Pai que já habita em todos nós, mas que só ouvimos falar da manifestação de seu poder. Busquemos, então, por enchimentos do poderoso Espírito para sermos testemunhas de Cristo.

Por: Vinicius Musselman Pimentel. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Original: Busquemos como igreja por enchimentos do Espírito.