Um blog do Ministério Fiel
Examinando o coração na tomada de decisões
As pessoas muitas vezes pedem orientação pastoral pra ajudar a ver se estão em bom caminho (emprego, estudo, mudança de residência, namoro, etc). Tenho tido várias conversas assim nos últimos dias e venho notando a utilidade de pensar em termos das variáveis envolvidas a fim de examinar o coração.
Muitas vezes a dificuldade não está tanto na escolha, mas em entender o próprio coração e ver o que ele está considerando (correta ou incorretamente) como mais importante. Por vezes é o peso indevido que damos às variáveis que tornam as escolhas tão difíceis. Tentar reduzi-las costuma ajudar. Alguns exemplos:
Mudar de emprego: A pessoa está bem no emprego, mas aí surge uma nova oferta que muda diversas variáveis: salário, horário, tipo de trabalho, tempo de deslocamento no trânsito. No que o coração está pesando mais? Uma forma de se enxergar melhor, é fazendo o exercício mental de reduzir as variáveis. No emprego, pense assim, se a única coisa que mudasse fosse a função, mas o salário fosse o mesmo e tudo o mais fosse o mesmo, você estaria sequer considerando a mudança? Brinque com as variáveis. Isso vai te ajudar a ver o que é que de fato está movendo seu coração.
Namorado(a) novo: Devo seguir em diante ou é hora de parar? Será ele(a) com quem vou casar? Mude variáveis! Pense em algo que você valoriza muito nele, e faça o exercício mental: Se ele NÃO fosse assim, o quanto isso faria diferença? Você continuaria? Você está colocando mais peso nisso do que devia? Pense em outro fator, algo que ele não é mas que você gostaria que fosse… Se ele fosse de certo jeito, o quanto isso pesaria na minha avaliação? O que exatamente está me deixando incerto, ou confiante acerca do relacionamento? Estou dando o peso devido para as coisas? Isso vai te ajudar a olhar no espelho. Por vezes você vê bem o outro, mas não vê direito o como você está pesando o que vê.
Comprar um automóvel: É das escolhas mais cheias de opções! Cor, modelo, tamanho, preço, equipamentos… por vezes nos vemos diante de uma oferta e fica a dúvida se estamos mesmo gostando dele, ou apenas nos convencendo de que gostamos pois é muito chato ficar procurando carro. Pense nas variáveis. Se fosse 20% mais caro, ainda assim eu estaria querendo? Se houvesse um outro igualzinho, mas a pintura estivesse feia, o quanto isso pesaria na sua decisão?
Mudar de residência: O que está envolvido? Muita coisa. Custos, o trabalho de mudar, vizinhança, locomoção para o trabalho, qualidade de vida… e é muito difícil medir tudo isso. Brincando mentalmente com as variáveis, mantendo algumas fixas e imaginando apenas mudanças pontuais, a gente enxerga melhor o que estamos ou não valorizando.
Esse princípio pode ser útil para pensar acerca de todo tipo de decisão. No final das contas, a ideia é aprender a sermos mais honestos com o que está nos levando a escolher.
Enfim, isso tudo é pra tentar ajudar. Por vezes, como disse Pascal, o coração tem razões que a própria razão desconhece. Essa é uma forma de tentar olhar melhor pra dentro dele.