Um blog do Ministério Fiel
Nossa esperança em meio ao sofrimento
Fiz o sepultamento de muitas crianças no meu ministério. Observei pais indefesos chorando em tormento. Eu tenho visto o desespero face a face. Eu vi câncer deixar seu cartão de visitas em corpos devastados. Eu vi demência reivindicar a vida de almas torturadas. Eu senti a força destrutiva do abuso mental e físico. Eu vi e experimentei sofrimento. É uma força impiedosa da natureza, varrendo tudo inexoravelmente em seu caminho. Nós não podemos escapar de seu alcance. Nós nunca podemos correr rápido o suficiente. Nós nunca podemos fechar os olhos o suficiente. Sabemos que, se vivermos o suficiente, um dia ele virá bater à nossa porta.
Felizmente, a Bíblia não desconhece essas coisas. O apóstolo Pedro escreveu uma carta de encorajamento, trinta anos após a morte de Cristo, aos cristãos perseguidos da Ásia Menor. Eles estavam sendo abusados por chefes perversos (2.18), ameaçados por cônjuges descrentes (3.1, 6) e injuriados por vizinhos céticos e associados (4:14). No horizonte, surgiu a possibilidade de uma forma muito mais violenta de perseguição – uma provação de fogo (4.12-18). Estavam sofrendo e sofreriam ainda mais. O que eles fariam?
A resposta de Pedro em 1Pedro 1.3 parece simplista para o ouvido moderno. “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”. Quão útil é isso para Jane lutando contra o câncer? Ou o que dizer de John, cujo pai foi morto em um acidente no trabalho? Por que eles e nós estaríamos bendizendo a Deus? O que temos para bendizer a Deus?
De acordo com Pedro, devemos bendizer a Deus por sua grande misericórdia em nos resgatar através de Jesus. Ele nos deu um novo nascimento. Podemos não sentir, mas a nossa salvação é um ato da grande misericórdia de Deus. Nós merecemos a morte, mas ele nos dá a vida. Nós merecemos punição, mas ele pagou um grande resgate por nós. Devemos bendizer a Deus por nossas almas estarem seguras em suas mãos. Isso é algo que supera de longe todos os nossos problemas leves e momentâneos. Temos um Deus que nos resgatou, mesmo quando não nos sentimos resgatados.
Mas tem mais. Pedro escreve:
“Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo”. (1:13)
Algumas pessoas preenchem seus bilhetes de loteria, deitam-se no sofá e esperam que seus números finalmente sejam sorteados. Mas essa esperança é incerta, e é temporária, mesmo que isso aconteça. Nossa esperança é tão certa que se torna realmente viva. Nossa alegria e esperança segura no futuro estão ligadas ao fato de Deus ter ressuscitado Jesus (1.20-21). Não se esqueça, Pedro era um sujeito cuja vida foi totalmente esmagada quando Jesus foi morto. Todas as maiores esperanças de Pedro morreram com Jesus. Mas então ele ouviu a notícia da ressurreição e foi correndo ao túmulo para ver por si mesmo. Apesar da negação de Cristo por Pedro, nosso Senhor veio a Pedro no cenáculo e mais uma vez sua esperança se elevou com ele. Como Pedro, temos uma esperança viva que é:
Eterna
Incorruptível
Nunca desaparecerá
Reservada no céu para nós
Compare isso com nossas experiências terrenas. Vivemos por um tempo e depois morremos. Não é assim nossa herança de Deus. Essa nunca se deteriora. É completamente indestrutível. É por isso que o Senhor nos encoraja em Mateus 6.19–20:
“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração”.
Vários anos atrás um escocês ganhou cerca de seis milhões de libras esterlinas na loteria. Em dez anos, a fortuna desapareceu, desperdiçada em maus negócios. Como resultado, ele ficou sem dinheiro. Nossa herança, por outro lado, nunca pode ser esgotada. É um tesouro inesgotável e eterno. Como assim? Porque o que foi garantido para nós está a salvo, guardado no lugar mais seguro que se possa imaginar. É inexpugnável. Mesmo que só o receberemos totalmente no último dia, já está pronto para nós agora mesmo. Está concluido, perfeito e imutável. E é reservado para cada um de nós que foram escolhidos de acordo com sua grande presciência e amor.
Seja o que for que possamos perder nesta vida, não podemos perder nossa salvação. É a prova de câncer. É a prova de abuso. É até a prova da morte. Estas são as verdades para as quais corremos quando a vida nos dá um coice. Quando um relacionamento é quebrado, quando os sonhos do que queríamos ser na vida foram desgastados e corroídos pelas areias do tempo; quando nossa saúde falha, quando sentimos que ninguém mais se importa, quando tudo parece perdido, o cristão ainda tem razões para ter esperança. Nós nos agarramos a Jesus. Mantemos nossos olhos fixos nele. Nós temos um maravilhoso Salvador. Ele nunca nos decepcionará. Ele fez todo o trabalho difícil e um dia vamos lucrar – ainda que por um tempo tenhamos problemas.
“Depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. A ele seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém”! (1Pe 5. 10,11).