Um blog do Ministério Fiel
Kanye West, Justin Bieber e o que fazer com as conversões de celebridades
Kanye West passou por uma conversão ao cristianismo, de acordo com sua esposa, Kim Kardashian. “Ele teve uma evolução incrível ao nascer de novo e ser salvo por Cristo”, diz ela. A conversão resultou no próximo álbum que incluirá canções gospel, bem como cultos de hip-hop, como parte de uma turnê que incluiu a New Birth Missionary Baptist Church em Atlanta.
Em outras notícias, Justin Bieber falou recentemente sobre suas lutas com a fama infantil, abuso de drogas pesadas e a dor que ele infligiu às pessoas mais próximas a ele. Ele dá crédito a vários pastores (alguns associados à Hillsong) por ajudá-lo durante as consequências de algumas decisões terríveis, e pede aos fãs que considerem o “amor infalível de Jesus” por eles.
Nos últimos anos, poderíamos multiplicar exemplos de celebridades que demonstraram uma conexão com o cristianismo, de Chris Pratt a Shia LaBeouf. Agora tenho maturidade suficiente para ver um padrão que remonta a décadas – quando os Jonas Brothers estavam defendendo “True Love Waits” e Miley Cyrus estava falando sobre seu relacionamento com Jesus. Uma geração mais velha ainda fala sobre a “fase Jesus” de Johnny Cash ou Bob Dylan.
Duas reações
Sempre que uma celebridade reivindica o cristianismo, vemos algumas reações entre os cristãos. Alguns correm para louvar a superestrela e compartilhar amplamente as grandes coisas ditas sobre o amor e a graça de Deus. Outros olham cautelosamente para a celebridade, respondendo com cinismo em relação às palavras e ações dessa estrela.
Para o primeiro grupo, é como se a conversão de uma celebridade transmitisse um senso de validação para muitos cristãos. Não é maravilhoso? Essa pessoa rica e famosa (e superlegal) encontrou Jesus! Com muita frequência, parece que por trás dessa reação existe um complexo de inferioridade: veja, o cristianismo não é tão chato, afinal! O resultado é elevar a celebridade como um grande representante da fé cristã.
Para o segundo grupo, é como se uma conversão de celebridade fosse apenas um pretexto para expandir sua base de fãs, buscar enriquecimento pessoal ou adotar um cristianismo cultural que seja terapêutico, não doutrinário. Sim, vamos ver quanto tempo isso dura. Além disso, você pode falar de outras coisas que elas estão dizendo ou fazendo que demonstram que não estão seguindo seriamente a Jesus. O resultado é minimizar as declarações da celebridade e permanecer cético sobre sua sinceridade.
Um olhar mais atento
O que está acontecendo sob a superfície dessas reações comuns? Às vezes me pergunto se nossa resposta às conversões de celebridades diz mais sobre nós do que sobre as celebridades. Aqui está o porquê.
Vivemos em uma cultura de celebridade em que a fama é igual a validação e significado. Quando ouvimos notícias sobre uma conversão de uma celebridade, geralmente não vemos o indivíduo solitário diante de Deus onipotente – despojado de todas as bugigangas terrenas e sucesso mundano – no mesmo nível que você e eu e todos os outros. Ainda os vemos em sua forma de celebridade, como o avatar criado por sua máquina promocional. E uma vez que alguém professa fé, tendemos a entrar na mesma avaliação mundana de seu significado.
Talvez nos sintamos um pouco inseguros em relação à nossa fé nessa era secular, e esperando que uma pessoa famosa de grande vulto torne nossa fé mais plausível para os outros, celebramos uma conversão desse tipo porque ela diz algo sobre a legitimidade do que acreditamos. Não nos sentimos tão “por fora” ou tão “estranhos” quando uma celebridade respeitada nos acena.
A expressão mais extrema dessa perspectiva nos leva a celebrar o vago e espiritual comentário de uma celebridade mais do que a conversão de alguém em nossa congregação, mesmo que tenhamos um relacionamento com o último e não com o primeiro. Como o mundo diz que as celebridades “contam mais”, pensamos que a conversão deles conta mais também.
O que acontece depois? Somos muito rápidos em elevar celebridades como exemplos de fé e liderança. Isso, apesar da advertência específica do apóstolo Paulo de não colocar em papéis de liderança oficial qualquer pessoa que seja um “convertido recente”. O fruto do arrependimento leva tempo. E enquanto celebramos a profissão de fé de alguém em confiar em Jesus como Salvador e Rei, somos obrigados, pela Palavra de Deus, a testar as confissões das pessoas por meio de suas vidas e a buscar frutos em harmonia com o arrependimento.
Mas como os cristãos sentem que estamos sub-representados em Hollywood, é fácil se agarrar a qualquer celebridade que possa se tornar uma força para o bem nesse ambiente. Nossa corrida para estabelecer uma celebridade como líder em questões de fé comete injustiça tanto para a celebridade quanto para a igreja, exigindo um processo de santificação acelerado em nome da celebridade (porque ela já é vista como líder) e levando a igreja à decepção quando a estrela de cinema decepciona.
É por isso que, com o tempo, as pessoas migram do primeiro grupo para o segundo. Inicialmente empolgados com a conversão de uma celebridade, eles defendem toda a história, apenas para se decepcionarem mais tarde com a falta de frutos da estrela de cinema ou com as posturas não-bíblicas de uma celebridade. Então, nas mesmas contas de mídias sociais em que celebraram a conversão, eles criticam a celebridade por não cumprir os costumes e a teologia do cristianismo. Uma vez que esse processo se repete várias vezes, não é de admirar que muitos cristãos respondam às conversões de celebridades não com esperança e otimismo, mas com sarcasmo de um cético.
Examine seu coração
Ambas as reações dizem mais sobre nós do que sobre a celebridade. Elas revelam que adotamos as premissas mundanas sobre fama e fortuna, sentido e significado, relevância e validação. Se sua primeira reação a uma conversão de celebridade é júbilo, pergunte a si mesmo se você reage da mesma maneira quando alguém de “menor importância” mostra interesse no cristianismo. Se sua primeira reação é zombar e criticar a declaração de fé de uma celebridade, pergunte-se como você reagiria a um vizinho que fez a mesma profissão ou comentários.
Se você notar alguma diferença nos dois casos, é provável que, sem querer, estejamos nos concentrando mais na celebridade do que na conversão.