O Chile e a perseguição religiosa

Antes de adentrar nas questões concernentes à violação da liberdade religiosa e da clara aversão ao sentimento religioso que está ocorrendo no Chile, é importante refletir sobre como os progressistas pensam a respeito de um golpe de Estado.  A situação Chilena traz consigo análises de especialistas bem pitorescas. Funciona assim: no Brasil, o impeachment de um ex-Presidente que comprovadamente agiu contra a moralidade no âmbito da Administração Pública e a eleição de um conservador, configuram um golpe de estado.

Entretanto, a onda de protestos marcados por vandalismo e violência, no Chile, é uma revolução, segundo o pensamento marxista. A concepção, socialista na raiz, guarda compromisso com um modelo de rebelião que contraria o Estado Democrático de Direito – mas não assume que isso é uma desobediência civil calcada em fundamentos sujos, a saber, o ataque às liberdades fundamentais em prol da supremacia de uma ideologia.

Historicamente, o modelo socialista tem uma clara aversão ao individualismo metodológico da perspectiva liberal, mas não é por uma causa social, para este modelo o importante é manter a dependência e assim se perpetuar o poder. Por outro lado, uma vez no poder, os líderes geralmente são extremamente conservadores com suas famílias e liberais com o seu dinheiro – basta lembrar do personagem que faz referência a Nicolás Maduro na série Jack Ryan, de Tom Clancy’s: o presidente Nicolas Reyes oferece uma vida luxuosa para sua família, ameaça sua oponente na eleição [Gloria Bonalde], enquanto a Venezuela afunda social e economicamente. Resumindo, não deve haver espaço para outras ideias, e a sociedade deve manter-se sobre os equipos do Estado: mesmo que seja para ficar sobre um diagnóstico vegetativo, além da manipulação dos medicamentos errados, quando na verdade, é possível recuperar-se da causa da doença.

E as pessoas que vão às ruas promover o caos: pessoas incapazes de lidar com alguns sofrimentos [temporários em sua maioria] e enojadas com a responsabilidade pessoal: a situação chilena é uma mistura entre marxismo e emotivismo moral: “não sou capaz de cuidar de mim mesmo, e quero entregar o controle da minha vida ao Estado. Como não guardo nenhuma crença, não valorizo o sentimento religioso e não tenho interesse em geração de emprego e renda, vale jogar umas bombas e agir em desobediência civil para tentar consolidar um regime socialista”. E assim, seguem construindo pontes para que as elites, secularistas, voltem ao poder. Esquecem da realidade percebida pelo Dr. Antony Mueller:

“Da mesma forma, nos regimes socialistas a estagnação econômica e o autoritarismo andam lado a lado, de acordo com Antony Mueller, doutor em Economia pela Universidade Erlangen-Nürnberg e professor na Universidade Federal de Sergipe. Segundo ele, no socialismo a inexistência de sistema de preços exige que os governos determinem sanções para tentar remediar erros de decisões econômicas equivocadas. “A realidade do socialismo — e temos casos em todos os grandes continentes, da Europa, América, Ásia e África — mostra que ele vem com ditadura política e todo tipo de controle social brutal. O socialismo torna os países não apenas pobres, mas também não-livres”, diz.”[1]

Quando um grupo se compromete em acabar com a liberdade em prol da submissão integral e cega ao Estado, não apenas questões sociais e econômicas serão colocadas sob o controle da mão tirânica: as outras liberdades fundamentais são perdidas, dentre elas, a liberdade religiosa. Vale lembrar da situação ocorrida em 12 de Novembro de 2019 em que uma Igreja foi incendiada em Santiago, capital do Chile: a paróquia de Veracruz – atacada por vândalos engajados em destruir símbolos cristãos, e consequentemente, pôr em cheque a liberdade para professar a fé, é um sinal de quais as razões que permeiam a revolución socialista. Trata-se de um fato objetivamente danoso à dignidade da pessoa humana: ataque ao sentimento religioso e pessoas buscando uma justificativa para transformar o sinistro em algo necessário para que a revolução alcance seus fins! Desses indivíduos, destacamos os especialistas brasileiros que não topam passar umas férias no Chile, e os manipulados que não aprendem com a experiência[2]. A grande verdade é que, quando o direito de crer é subjugado, perde-se a noção de qualquer outra liberdade fundamental.


[1] Como países socialista destruíram o futuro de 5 países. Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/como-politicas-socialistas-destruiram-o-futuro-de-5-paises/ Copyright © 2019, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

[2] A ignorância quanto aos fatos empíricos é fruto da teoria marxista: “A tradição de todas as gerações passadas é como um pesadelo que comprime o cérebro dos vivos. E justamente quando parecem estar empenhados em transformar a si mesmos e as coisas, em criar algo nunca antes visto, exatamente nessas épocas de crise revolucionária, eles conjuram temerosamente a ajuda dos espíritos do passado, tomam emprestados os seus nomes, as suas palavras de ordem, o seu figurino, a fim de representar, com essa venerável roupagem tradicional e essa linguagem tomada de empréstimo, as novas cenas da história mundial. Assim, Lutero se disfarçou de apóstolo Paulo, a revolução de 1789-1814 se travestiu ora de República Romana ora de cesarismo romano e a revolução de 1848 não descobriu nada melhor para fazer do que parodiar, de um lado, o ano de 1789 e, de outro, a tradição revolucionária de 1793-95. MARX, Karl. O 18 de Brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: BoiTempo Editoral, 2011. p. 25-26.

Por: TR Vieira & Jean Regina. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Original: O Chile e a perseguição religiosa.