Resoluções não são suficientes

Hábitos da Graça para um Ano Novo

As resoluções de ano novo podem ser um primeiro passo importante, mas estão muito longe das mudanças reais e duradouras.

O despertar de um novo ano traz consigo a possibilidade de um novo começo, ou pelo menos a renovação de um lembrete para virar a página de algumas (ou muitas) maneiras pelas quais gostaríamos de crescer e amadurecer nesse novo temos de nossas vidas. Mas todos nós já tentamos isso várias vezes e sabemos o quão inúteis são as resoluções, se não forem acompanhadas por algumas coisas mais?

Seja comer e se exercitar, seja para ler a Bíblia e orar , o mecanismo criado por Deus que chamamos de “hábito” é vital para enxergarmos nossas sinceras resoluções através de realidades agradáveis. Se realmente estivermos decididos a ver nossas esperanças se tornarem, em 2020, hábitos enriquecedores da vida, faremos bem em manter algumas verdades básicas em mente no início do novo ano.

1. Concentre-se em poucos, não muitos

Melhor do que grandes emoções, as resoluções particulares sobre as muitas coisas que você deseja “consertar” em sua vida estão sintonizadas com apenas uma ou duas resoluções realistas e realmente importantes, com um plano concreto e uma responsabilidade específica. A empolgação de um novo ano e a facilidade com que podemos desejar mudar, geralmente nos levam a abocanhar muito mais do que podemos mastigar em um novo ano.

É muito melhor manter o foco em apenas alguns novos hábitos – melhor ainda, em apenas um. E se você quiser reduzi-lo a apenas um (ou talvez dois ou três), é melhor fazer valer a pena. Identifique algo importante que dará um foco particular à formação de novos hábitos, mesmo que essa resolução traga benefícios em outras áreas da sua vida. Os “hábitos da graça” para fortalecer as almas são precisamente isso. Aprofundar-se na palavra de Deus, na oração ou na igreja local, produzirá uma colheita inestimável.

Considere um foco específico para o novo ano, ou apenas para os três primeiros meses de 2020, ou mesmo apenas para janeiro. Um ano é um longo período de tempo em termos de formação de hábitos; normalmente, faríamos muito melhor em resolver uma situação de cada vez e fazê-lo a cada poucos meses, do que tentar muitas coisas por um período de até doze meses.

2. Torne as cosias mais específicas

A leitura da Bíblia, a oração e a comunhão cristã provavelmente sejam muito amplas em si mesmas. Dê a elas um foco mais específico, como ler a Bíblia inteira este ano, ou não apenas ler, mas diariamente meditar sobre uma pequena passagem ou verso, ou mesmo apenas uma palavra ou frase (no contexto). Não mantenha um foco geral na “oração”, mas torne-a mais particular: oração particular todas as manhãs ou oração com seu cônjuge ou com a família antes de dormir, pontilhando seu dia com “oração constante” ou alguma nova iniciativa de oração como um grupo comunitário ou igreja.

Talvez, com o fim do ano se aproximando do fim, você esteja percebendo o quão irregular o seu compromisso com a igreja tem sido e como seus relacionamentos são fracos. Você pode decidir aprofundar seu compromisso de não negligenciar sua reunião “como é o ‘hábito’ de alguns” (Hb 10.25), seja tornando a manhã de domingo menos negociável ou priorizando seu investimento na vida juntos, em grupos de comunhão no meio da semana. Resolva que em 2020 não deixará desculpas tolas de última hora impedi-lo de se reunir fielmente com o corpo de Cristo, que você será um meio inestimável e de longo prazo da graça de Deus para você e através de você, para os outros.

3. Crie um plano realista

Por mais séria que seja a sua resolução, você precisa de uma quantidade correspondente de planejamento realista. Sejamos honestos, você realmente não quer enriquecer sua vida de oração se não estiver disposto a pensar por alguns minutos sobre onde, quando e como orará em 2020. Mapeie de forma clara e concreta o que seria necessário para cultivar, por um mês inteiro, o hábito. Pense a longo prazo e verifique se é realista.

Parte de ser realista é aceitar uma certa modéstia em relação aos seus objetivos. Não tente passar de devoções esporádicas para uma hora todas as manhãs. Comece com um foco de quinze minutos por dia, talvez até dez, mas torne-o genuinamente inegociável e veja o que Deus faz. Aumente sua duração e profundidade, à medida que o absorver das escrituras se tornar um elemento importante em sua programação e você aprender a acordar todos os dias com mais fome da Bíblia do que do café da manhã.

4. Encontre a recompensa

Os atletas corredores lhe dirão que ter o coração saudável na velhice não é sua motivação principal. É um benefício adicional agradável, é claro, mas não é essa recompensa indescritível e muito distante que os tira da cama de manhã e os faz calçar seus tênis de maratona. Em vez disso, o que motiva a maioria dos corredores de longas corridas é se sentir ótimo hoje, seja pela endorfina, pelo sentimento de realização ou lucidez, ou todos os itens acima.

Tentar usar a mesma motivação de longo prazo todas as manhãs para sair da cama e ouvir a voz de Deus nas Escrituras logo nos esgotará. E Deus não sugere que devamos ser motivados apenas por recompensas distantes e futuras, por mais importantes que sejam. Deus nos dá motivações abundantes para hoje. Suas misericórdias se renovam todas as manhãs (Lm 3. 22-23). Ele quer que provemos e vejamos sua bondade agora mesmo (Sl 34.8). Ele pode satisfazer significativamente nossas almas inquietas por uma ação real e transformadora de vidas agora.

Ao longo dos anos, encontrei a recompensa mais transformadora em cultivar hábitos de graça, não me tornando mais forte e mais santo como cristão a longo prazo, mas conhecendo e desfrutando de Jesus hoje. Tendo minha alma satisfeita com ele hoje. Fazendo meu coração se alegrar com ele nessa manhã.

O objetivo da disciplina espiritual diária não é, antes de tudo, ser santo ou obter crescimento, mas conhecer e desfrutar de Jesus e ter nossas almas satisfeitas, imperfeitamente mas poderosamente, nele. A alegria última, de qualquer hábito, prática ou ritmo de vida verdadeiramente cristão é, nas palavras do apóstolo, “por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor”; (Fp 3.8). “Esta é a vida eterna” – e esse é o objetivo dos meios da graça – “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. (Jo 17.3). Faça de Oséias 6.3 uma bandeira das suas resoluções espirituais para 2020: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR”.

5. Preste contas regularmente

Uma das falhas de tantas resoluções é que elas permanecem privadas. Quando as compartilhamos, assumimos uma responsabilidade real de prestar contas. Nós somos pecadores. Nossas cabeças nem sempre estão presas ao pescoço. Precisamos que outras pessoas perguntem sobre nossas vidas e nos cobrem a respeito de quem dissemos que queremos ser e pelo que dissemos que queremos fazer.

Talvez conversar com alguém sobre alguns desses princípios de formar bons hábitos e considerar um lembrete mensal do calendário para conversarem a respeito. É um grande meio da graça de Deus que ele não nos deixe em paz na formação de hábitos espirituais.

6. Cubra seus esforços com oração

No final do dia, e no final de todos os outros, o Espírito Santo, e não nossos hábitos, é decisivo para produzir qualquer fruto espiritual duradouro. Cultivar hábitos sábios não é nossa tentativa de trabalhar pela aceitação de Deus, mas de desenvolver a nossa salvação (Fp 2.12–13).

Por: David Mathis. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Resolutions Are Not Enough.

Original: Resoluções não são suficientes. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.