Um blog do Ministério Fiel
Os dedos falam do que está cheio o coração
Você já cansou de ver pessoas criticando a internet e como nos portamos nela? Já cansou de ver pessoas dando um tempo da internet e já fez isso? Eu também. Se você conhece um pouco dos meus textos e tweets, hoje eu gosto é de falar de luz. Eu não quero que você saia das redes sociais, quero que você brilhe a luz de Cristo nelas. Claro, vamos falhar. Iremos, entretanto, iluminar também, mesmo com luz fraquejante.
Para começar, quero te agradecer por seus posts com versículos, com trechos de livros e canções, com sua simples alegria em comer e ver seu cachorrinho feliz para uma foto. Sou grata por tantas lembranças do que pode dar esperança e que brilharam muitas vezes na tela do meu computador e celular enquanto eu precisava lidar com coisas difíceis fora da tela. Quando eu me converti e estava trabalhando em um ambiente complicado, foram inúmeros posts de irmãos no Facebook que me ajudavam a respirar (o que você estava fazendo em rede social no trabalho, Ana? É meu trabalho há 12 anos, colega!). Eu estava sozinha ali no emprego ouvindo diariamente pessoas falarem mal do meu Senhor, mas no meu feed havia várias luzinhas brilhando. Foram muitas as vezes que você me deu um sorriso ao compartilhar uma flor que achou bonita, o sorriso da priminha, uma frase do C.S Lewis, uma enquete criativa ou uma piadinha sem/com graça (espero que o Rev. Emilio e o Galdino leiam isso). Eu poderia e deveria abrir a Bíblia numa aba ou colocar uma música no meu fone? Poderia. Nós fazemos isso intencionalmente sempre? Não. Lembre isso.
Imagine que a internet seja uma pequena cesta de frutos. O que você está colhendo dela? O que você coloca nela? Quem você é? “A rede social é minha, nela eu escrevo o que eu quiser”. É mesmo? Quem é você nos seus comentários, respostas, imagens e nos 280 caracteres? Como você está se sentindo quando vê seus irmãos postando coisas felizes? Você se alegra com os que se alegram ou isso está te fazendo mal? Você está gostando de passar uma imagem de resmungão, reclamão, em que você crê que todo mundo é idiota menos você? É possível ser uma pessoa na vida real e outra na internet sim, pro bem e pro mal, só não é nem um pouco coerente. Não se pode falar coisas boas sendo maus e nem tanta coisa ruim sendo bons. “Porque a boca fala do que está cheio o coração” Mateus 12.34.
É muito fácil ser contaminado pela negatividade de notícias sensacionalistas, reclamações diárias de conhecidos, militâncias irritantes e tretas que passam pelo feed. Isso acontece especialmente em redes sociais que nos fazem ver até o que não queremos pelo “fulano curtiu, fulano seguiu”. É claro que nos nossos dias passam nuvens sobrecarregadas que nos causam raiva, tristeza e desesperança. Essas emoções podem sim virar poesia dolorida, mas com luz, vide Salmos. É útil acompanhar coisas como “Eu passei por isso hoje e Deus me ajudou a agir de tal forma”, sou grata a você por isso. Podemos compartilhar nossas experiências ruins com maturidade e amor, amor a Deus, amor conosco e para com os outros. Não imagino uma internet só com positividade e vídeos de gatinhos, longe de mim. Mas algo estranho ocorre na mente da pessoa ao entrar em algumas redes sociais, como se uma chave negativa se virasse, pois a página da pessoa vira um verdadeiro muro de lamentações e tretas que trazem tudo de ruim à memória, menos esperança (aconteceu comigo também, todas as minhas irritações com chefes viravam desabafo público. Nunca melhorou em nada meus sentimentos). Vai dizer que você nunca passou alguns minutos no twitter e não se pegou respirando fundo, pesado e carregado. Eu não gosto disso. Existe um recurso chamado silenciar, em todas as redes sociais. Faz bem.
Será que você se silenciaria?
Examine seus pequenos frutos digitais. Examine seu coração toda vez que entra na internet e só consegue escrever (ou pensar em) indireta, murmuração e críticas. Eu também cansei de pessoas dizendo como nos portar na internet. Mas você sabe que a Bíblia tem o nosso padrão de comportamento em todo lugar, o tempo todo. Alguém pode estar tendo que respirar fundo toda vez que vê o que você escreve, mas o mais provável é que seja você mesmo. Vamos ver?
1- Se tem algo te incomodando em alguém, a Bíblia te manda ir até a pessoa e exortar, tentar resolver, depois disso existem vários passos, ver Mateus 18, e nenhum deles envolve indiretas nas redes sociais ou fofocas. Se você tem capacidade de colocar em alguns caracteres e imagens uma ácida indireta contra seu irmão, imagina a capacidade boa que você terá em dizer isso pra ele em amor. Ore a Deus por isso.
2- Se há algo difícil acontecendo em sua vida, e sei que tem (comigo também), lembre que murmurar é pecado saindo da sua boca ou dos seus dedos. Se só o que você consegue digitar é reclamação de tudo, talvez você esteja acostumado a fazer isso no seu dia a dia o tempo todo. Deve estar difícil conviver com você. O digital também é o real, mesmo que apenas uma parte dele. Pense de que formas brandas e gratas a Deus você pode dizer a mesma coisa sem fazer mal para você e para quem te lê (e ouve). Não é só uma postura digital, você está treinando seu coração com isso.
3- Você está precisando de ajuda? Peça ajuda! Envie intencionalmente mensagem para irmãos da igreja e clame por socorro, jogar reclamações na web não vai alcançar a ajuda que você deseja encontrar. Deixe seus irmãos saberem da sua necessidade e dê a oportunidade de te servirem. Somos inconstantes e Deus colocou a igreja para ajudar.
4- É claro que as pessoas vão publicar momentos felizes em seus perfis de imagens. Ninguém tira foto quando está chorando. Não se alegrar com os que se alegram tem nome, é inveja. Acontece, infelizmente. Mas analise seu coração e assuma isso para Deus em arrependimento, Ele vai te ajudar. O que você não pode é culpar a felicidade dos outros pelo seu sentimento de insatisfação e ingratidão.
5- Polêmica ganha números, é verdade, mas dificilmente produz bom fruto. O que nos marca como cristãos é sermos pacificadores, e não torcida de briga. E leve a sério o que Paulo disse a Tito sobre nos apartarmos de pessoas facciosas (Tito 3.10). Treta por causa de uva passas é engraçado, fora isso você não vai convencer ninguém a tirar uva passas ou evangelizar por brigas em postagens. Precisando exortar um irmão por algo que ele se passou alí numa postagem, fale, no mínimo, com ele no privado em amor.
6- Na falta do que dizer, não digite nada. Deveria estar na definição de maturidade digital a capacidade de reler o que escreveu, apagar tudo antes de postar (em comentários e publicações) e reescrever, se necessário. Releia o que escreveu antes de apertar aquele botãozinho que joga suas letras pro mundo.
7- Vamos falhar, mas não precisa também ser o tempo todo. Deus é misericordioso, paciente e longânimo, isso é alento e não desculpa. Viver Coram Deo é viver Diante de Deus em todo o tempo, inclusive na internet. Somos imperfeitos e erramos. Há boas novas. Aquele que é a luz do mundo, diz que somos também. E ele é especialista em usar dias maus para o bem, como uma certa tumba vazia bem atesta. Às vezes, é justamente nos dias escuros em que nos lembramos do livro que é lâmpada. Por vezes, é quando as luzes artificiais da cidade se vão num apagão que melhor contemplamos as estrelas. Sim, ele usa mesmo nossas tristezas pra iluminar o caminho. Pode acontecer de quando mais estamos doloridos é que melhor escrevamos sobre ele. Poesia, muitas vezes, é feita de lágrimas mesmo. Confiemos que a luz do mundo sabe o que está fazendo. As trevas não prevalecem contra ele.
Eu não quero que você saia da internet, quero que você seja luz nela. Mas pode ser que sua luz esteja fraquinha ou, pior, que você esteja sendo trevas. Eu te aconselho a sair da internet por um tempo sim, caso você não consiga utiliza-la sem cair no pecado. Parar por um tempo pode ser bom. Cuidar do seu coração, dedicar o tempo que está dedicando a invejar e reclamar a ler mais a Bíblia e orar. Depois, você volta e espelha essa luz com seus olhos, dedos e coração.
Seja sal e luz onde estiver, inclusive na internet.
Texto cedido gentilmente pela autora. Você pode ler outros textos da autora neste link.