Um blog do Ministério Fiel
Dicas para plantação de igrejas em áreas urbanas carentes
Existem todos os tipos de modelos e debates sobre como, por que e quando devemos plantar e / ou lançar novas igrejas. Algumas pessoas preferem o modelo de pequenos grupos / igrejas domésticas / grupos comunitários, que certamente é uma maneira já experimentada, testada e comprovada de plantar novas congregações em certos contextos culturais.
Eu, por exemplo, não estou convencido de que essa seja uma estratégia vitoriosa nos bairros de moradias sociais (isso não quer dizer, a propósito, que esses grupos não tenham mérito pastoral em nosso contexto). Temos o modelo “cair de paraquedas”, no qual um grupo de pessoas de fora salta para dentro de uma comunidade para aprender sua cultura e começar a construir uma comunidade evangélica. Temos a abordagem de “nave mãe”, a mais favorecida no Reino Unido, onde uma congregação maior e mais rica financia um novo trabalho em uma ou mais áreas. Depois, há aqueles que preferem a revitalização de igrejas. E isso, apenas para citar algumas das muitas metodologias disponíveis.
Na 20schemes, queremos trabalhar de forma confessional, dentro de uma estrutura evangélica conservadora, em uma variedade de contextos. Portanto, não defendemos um modelo em detrimento de outro. Nossa visão é resolver o problema de alcançar as comunidades habitacionais carentes não alcançadas da Escócia, revitalizando e / ou plantando igrejas centradas no evangelho. Não acreditamos necessariamente que um “tamanho único” sirva para todos.
No entanto, recomendamos algumas considerações básicas para aqueles que pensam em fazer parceria conosco neste tipo de ministério.
1. Reúna uma equipe de “tempo integral”
Penso que precisamos ter um grupo de 10 a 15 cristãos comprometidos, que vivam na área que pretendem plantar / revitalizar, a fim de iniciar um novo trabalho em uma comunidade. De preferência, pelo menos duas dessas pessoas trabalharão em tempo integral no ministério, se quisermos ver algum tipo de aceitação na comunidade nos primeiros dias. Precisamos que os principais membros de nossa equipe estejam em outro emprego de período integral (por razões óbvias), mas precisamos ter alguma presença em tempo integral em todo o local, se quisermos criar algum tipo de inércia.
Agora, essa equipe não precisa estar no local, totalmente pronta, desde o início, mas devemos trabalhar em direção essa configuração dentro dos primeiros cinco anos (sim, você leu o termo “configuração” corretamente). Isso significa que, aqui, precisamos ter cuidado com os tipos de líderes que colocamos no campo. Considerações espirituais e de caráter à parte, eles deverão ser líderes fortes, pensadores positivos, ter um verdadeiro espírito empreendedor e ser perseverante. Personagens sossegados e descontraídos, que são facilmente desencorajados, não serão “boas notícias” para esse tipo de trabalho nos primeiros anos. Alguém que constrói uma equipe e uma igreja do zero terá que ter um olhar muito diferente de outro que assume um trabalho moribundo e tem que pastorear uma comunidade através de sua morte e renascimento.
2. “Viver dentro”
Muitos “pensamentos missionários” trabalham com a premissa de buscar construir relacionamentos de longo prazo, mas, pelo menos nas comunidades habitacionais carentes, o “trabalho” de estabelecer suas “credenciais” acontece muito cedo. Aqui, as pessoas vão querer saber quem você é e sobre suas intenções desde o início. Eles vão querer saber o que você está fazendo na área deles, mesmo porque as pessoas (principalmente as que tem alguma qualificação e educação formal) sonham em se mudar para fora e não para dentro da comunidade. Portanto, se entenderem os líderes chaves como “seguros / legais / tudo bem”, então geralmente aceitam o restante do grupo, mesmo aqueles que não conhecem tão bem. Estar visível durante o dia e ter uma rotina (papelaria, pub, café local, etc.) permitirá que você obtenha sinergia mais rapidamente.
Eu continuo batendo nessa tecla porque conheço muitos que pensam que podem fazer o trabalho apenas indo diariamente à comunidade. Eles podem até fazer contatos e desenvolver amizades, mas é muito difícil vender a visão da comunidade cristã quando nós mesmos não estamos dispostos a viver essa comunidade dentro do terreno deles. Não conheço nenhum trabalho em comunidades carentes ou conjuntos habitacionais em que a abordagem da “visita diária” tenha funcionado com algum grau de sucesso. Os líderes que vivem na comunidade terão um trabalho muito mais fácil em “vender” a visão do que aqueles que vivem fora. Por que as pessoas devem investir em uma “igreja” quando os líderes nem vivem na comunidade?
3. Ter uma “trabalhadora” em período integral
Qualquer que seja a abordagem adotada para o plantio de igrejas em comunidades habitacionais, devemos ter uma trabalhadora em período integral (que não precisa, necessariamente, ser a esposa do plantador). Sem isso, acho que temos pouca ou nenhuma chance de desenvolver um ministério holístico e entrar no que costuma ser um sistema muito matriarcal (mães e avós governam nesses locais!) Muitas vezes, elas podem ser a chave para o resto da família.
4. Não vá sozinho e nem envie um “contratado em pânico”
Tenho aconselhado pessoas, que estão participando de trabalhos nessas comunidades uma vez por semana, em um encontro infantil ou um estudo bíblico, e percebo que elas ficam desanimadas com a falta de frutos e progresso. Outros, desiludidos com a igreja local, se mudaram para ser uma “presença” na comunidade. Mas esse tipo de ministério não é um empreendimento solo.
Da mesma forma, tenho conversado com igrejas idosas e / ou moribundas, nessas comunidades, que pensam que a chave para resolver seus problemas nessas áreas é contratar alguns “jovens” e jogá-los aos lobos. Geralmente, é um graduado na Escola Bíblica, com 20 anos e de olhos arregalados, que será devorado por qualquer pessoa da comunidade com mais de oito anos de idade! Repito, sem uma estratégia mais ampla e um sistema de suporte à equipe, isso, quase certamente, resultará em um desastre.
Pior que isso, conheço igrejas que empregaram homens entre os 50 e os 60 anos para mudar suas igrejas ou replantar / revitalizá-las. Essa é uma política desastrosa se eles não conseguirem reunir rapidamente uma equipe jovem. Mesmo agora, aos 40 anos, percebo que o futuro do meu ministério estará cada vez mais no treinamento de jovens para fazer o trabalho. A diversidade é fundamental, mas acho que plantar igrejas em comunidades carentes é trabalho para jovens, devido ao tempo e esforço envolvidos no estabelecimento de contatos o quanto antes.
5. Estabeleça onde você se reúne
Agora, acho que isso talvez seja mais importante do que qualquer outra consideração. Nas comunidades habitacionais carentes, as pessoas consideram, com grande suspeita, as reuniões religiosas feitas em locais que não se parecem com um prédio de igreja. Qualquer coisa que não seja considerada uma “igreja” é visto como “seita” e extremamente suspeito. E não estou exagerando nesse ponto.
Por exemplo, em minha primeira igreja, que se reunia em um antigo salão da comunidade, meu pai ficou muito desconfortável e, a certa altura, me questionou se era mesmo uma igreja “real”. No entanto, em minha segunda igreja, que se reunia em um prédio recuperado da Igreja da Inglaterra, ele e minha madrasta eram (relativamente) felizes, desfrutavam do culto e se sentiam muito relaxados. Ambas as comunidades eram evangélicas e tinham praticamente o mesmo estilo de adoração, e ainda assim foi o edifício que acalmou seus medos e preconceitos. Há muita conversa sobre a igreja “ser as pessoas” e não o edifício, e eu entendo que isso tenha sido (em grande parte) uma resposta. Mas não subestime o “local” de uma nova igreja ao trabalhar nessas comunidades.
Além disso, a reputação conta muito nessas comunidades. Em Niddrie, por exemplo, nos encontramos em um prédio novinho em folha que se parece mais com um centro comunitário, que parece ir contra tudo o que escrevi acima. No entanto, as pessoas da comunidade “confiam” nele (mesmo que não venham à igreja) por causa dos cem anos de história associados à “missão” que foi executada naquele prédio. O interessante é que alguns plantadores de igrejas vieram e foram embora em Niddrie na última década. Onde sempre foi o local de encontro deles? O centro comunitário local. Na minha opinião, uma das (muitas) razões para o fracasso foi que as pessoas aqui não associam esse lugar à “igreja” e, portanto, não levam a iniciativa a sério.
Esses são alguns pontos iniciais a serem considerados ao pensarmos mais sobre o ministério em comunidades habitacionais carentes em todo o país.