Um blog do Ministério Fiel
Nada pode substituir a pregação
Nosso glorioso e perigoso chamado
Pregar, o que chamo de exultação expositiva, é um tipo único de comunicação. É algo que não é trazido do mundo para o serviço da igreja. Nem o mundo pode tirá-lo da igreja e usá-lo para seus próprios propósitos. É diferente, radicalmente diferente, de qualquer coisa no mundo.
Primeiro, existe Deus. Depois, há o seu trabalho e seu método no mundo – sua criação, redenção e providência. Depois, há o seu livro, seu livro infalível, a Bíblia, escrita por meros homens, dirigidos pelo Espírito Santo. Então, há um chamado divino, um mistério de providência, família, igreja, desejo, deleite, dever. E um pregador passa a existir.
Depois, há o suor e a oração da preparação – as batidas na porta fechada do texto, até que se quebre e os raios de luz brilhem. Depois, há a visão da verdade, a sabedoria e o poder. E então, há o riso de alegria e as lágrimas de arrependimento, e em ambos, o saborear – oh, o saborear – da glória. Então, durante todo o dia e, se necessário, durante toda a noite, o trabalho da razão e da imaginação, orando, labutando, tecendo fios escuros e brilhantes da verdade em um tecido imponente, uma mensagem para envolver as pessoas.
Então, enquanto oramos (repetidamente), há a abertura da boca, a proclamação dos horrores e das glórias. Há a explicação, o esclarecimento, a demonstração, a admiração, a alegria, a exultação, a oferta, a súplica, o olhar nos olhos. E, durante todo o tempo, há o completo auto engajamento e, por favor Deus, o completo auto esquecimento no brilho da verdade. E então, Deus sabe, o fruto eterno, cansaço e gratidão.
E tudo começa de novo. Não há nada comparável a isso. Exultação expositiva é única.
Estamos Aqui por Ele
Por todo seu valor essencial a serviço do evangelismo, a exultação expositiva é o desígnio e o presente de Deus para o seu povo reunido em adoração. Nenhuma outra forma de expressão se encaixa tão bem nessa maravilha que exalta a Deus chamada “adoração”.
Deus existe como alguém que se conhece perfeitamente na imagem eterna de seu Filho. E ele existe como alguém que está infinitamente satisfeito com quem ele conhece. E nós, as criaturas desse Deus que conhece a glória e ama a glória, somos feitos à sua imagem. Nós também existimos para conhecer a Deus e nos agradarmos dele – para ver, saborear e mostrar sua glória. Essa é a essência do que significa ser humano.
A reunião de seres humanos que veem Deus, apreciam Deus e revelam Deus, em um mesmo lugar, unindo seus corações, mentes e vozes e engrandecendo a Deus, é um milagre, e um milagre em formação. Está prestes a surgir o milagre da adoração corporativa. E uma chama indispensável que o Espírito usa para acender esse milagre, e fazê-lo queimar, é a pregação da palavra de Deus.
Pela graça, a luz e o calor da adoração se espalham. O pregador vem, ardendo e brilhando. Em sua pregação, ele está adorando e despertando adoração. Ele vê, experimenta, e revela a beleza e a excelência de Deus. Ele está transbordando com a verdade da exposição e o calor da exultação.
O pregador está ciente, e seu povo está ciente, de que o milagre da adoração saturada pela Bíblia, que exalta a Cristo e glorifica a Deus é um fim que agrada a Deus. Deus está sendo desfrutado aqui, não como um meio de fazer o orçamento. Estamos tremendo na presença de Deus, não como um meio de impacto político. Estamos exultando no poder de Deus para impressionar os visitantes. Deus é um fim em si mesmo. E nosso prazer nele é o nosso fim, ou não estará nele.
Milhares de Boas Consequências
E, no entanto, o pregador sabe, e as pessoas sabem, que o efeito cascata dessa hora – essa autêntica e milagrosa hora de encontrar Deus em adoração – é insondável em sua profundidade e extensão.
Por causa desse encontro com Deus e dessa exultação expositiva ungida pelo Espírito, mil problemas que ainda não haviam surgido são resolvidos na vida das pessoas. Milhares de decisões são moldadas para o bem sem nenhuma previsão consciente. Milhares de relacionamentos corruptos são evitados. E centenas de corações são apaziguados na presença de Deus, para que, de repente, a obediência impossível pareça possível – como dizer: “Sinto muito; Eu estava errado”.
E, no entanto, não nos reunimos para isso. Nos reunimos para ver e saborear a Deus. Ele é o fim. E onde tentamos fazer dele um meio, a adoração começa a morrer.
O pregador sabe, e as pessoas sabem, que os serviços de pregação e adoração não são a totalidade da vida da igreja. Existem cem ministérios dignos para crianças e jovens, homens e mulheres, solteiros e casados, enlutados e idosos. Existem inúmeras possibilidades de alcançar o mundo incrédulo. Existem inúmeras boas ações para mostrar a glória de nosso Pai no céu. Existem mais maneiras de se reunir em pequenos grupos do que podemos imaginar, de encorajar um ao outro, orar um pelo outro e cuidar um do outro. O pregador sabe disso e não finge que pregar é tudo o que as pessoas precisam.
Todas as Substituições Falharão
Mas o pregador também sabe disso: se ele falha em sua exultação expositiva, se o culto corporativo definha na falta de vida, porque a palavra de Deus não vem com clareza, fidelidade e poder de satisfação da alma, todos os ministérios sofrem.
Pregar não é tudo, mas afeta tudo. É a trombeta da verdade na igreja. E ecoa em todo ministério e em toda casa, para alegria, força, amor e perseverança ─ ou não. Se todas as partes do motor estiverem funcionando corretamente, mas a vela de ignição não disparar no ritmo planejado, o carro inteiro treme ou para.
Nada pode substituir a pregação. Livros são maravilhosos. Quem não foi profundamente afetado por um grande livro? Palestras e discussões, teatro, poesia, filmes e pinturas são poderosos. Mas qualquer esforço para substituir a pregação por qualquer outra coisa ─ mais cedo ou mais tarde ─ falhará.
As pessoas têm tentado experiências para substituir a pregação. Pessoas marginais e desiludidas se unem a essas experiências. Isso dura alguns anos. E depois morre. Enquanto isso, a pregação continua de década em década e de século em século. Por quê? Porque Deus criou e designou essa personificação única e ungida de sua palavra para a explanação e celebração de sua glória e seu mérito.
Deus Ficará ao seu lado
Se Deus chamou você para pregar, a tarefa, claro, é humanamente impossível. Pregar é adoração. E a pregação visa despertar a adoração. Tanto a adoração quanto o despertar a adoração são milagres. Elas não são meras escolhas. Você não pode adorar à vontade, assim como não pode se emocionar à vontade. É uma obra de Deus, abrindo nossos olhos para a genuína emoção.
Mas aquele que te chamou é fiel. Ele vai fazer isso. Testifico, nos meus quarenta anos no ministério da palavra, nos melhores e nos piores tempos, que Deus ama ajudar o pregador que está desesperado por tornar clara a palavra para a santa felicidade de seu povo, pelo sangue de Jesus, pela glória de Deus. Ele te ajudará.
A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança. (Sl 25.14).
Se você aceitar esse chamado, temer e confiar nele, conhecerá uma intimidade como nenhuma outra. Ele o levará a seu conselho e mostrará coisas que você não poderia ter visto de outra maneira. Ele fará maravilhas para você.
Depois de um dia de trabalho “infrutífero” em sua palavra, angustiado, no último momento, de joelhos, com lágrimas, em um flash de cinco segundos, você verá a realidade do texto. Você compreenderá em um instante como o texto funciona. É um dom. Ele garantirá que você saiba disso. De novo e de novo. Seu trabalho pela glória dele, em nome de Jesus, para o bem de seu povo, nunca será em vão.
Quantas vezes tremi por achar que não era suficiente para um certo momento, ou para uma grande multidão, ou para uma pequena reunião, ou para este tópico doloroso, ou para este texto inescrutável? E, como me atrevi, confiando que sua palavra nunca voltaria vazia, ele ficou ao meu lado. Ele é fiel. “O Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida” (2Tm 4.17). Ele fará isso por você, se você confiar nele e se entregar totalmente à sua palavra, confiante na cruz, amando seu povo e gloriando-se na excelência e na beleza de Deus.
Todo Custo Vale a Pena
Todo chamado de Deus é bom. Certamente, a fidelidade em todo chamado – mesmo na menor tarefa – é valorizada no céu. “Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos (Mc 9.35). Mas alguns chamados, devido ao seu potencial de ajudar e prejudicar tantos, são perigosos e gloriosos de uma maneira especial. “…não vos torneis, muitos de vós, mestres [ou pregadores), sabendo que havemos de receber maior juízo” (Tiago 3.1).
Se você ouvir esse chamado e aceitar, iniciará um trabalho glorioso e perigoso. Os embaixadores do rei não estão seguros no território inimigo – a menos que sejam protegidos e capacitados pelo próprio rei. Mas a segurança não é nosso objetivo. Nosso Rei nos manterá e nos usará, desde que ele queira. Esse será um tempo perfeito de serviço. Como Henry Martyn, missionário na Pérsia, seremos imortais até que nosso trabalho seja concluído. E, é claro, ele concordaria, somos imortais depois que nosso trabalho termina e desaparecemos.
Ao relembrar quatro décadas de pregação, presto testemunho de que valeu a pena todo esforço e todo custo.