Mulheres sem palavras para orar

Em dias como esses de pandemia, talvez você, assim como eu, tem tido dificuldade de recitar uma oração.

Nesses dias antes de orar eu tenho rogado ao Espírito Santo que me ensine a orar. Tenho clamado ao Senhor que me responda às orações e suplicado a Jesus, o Bom Pastor, que em sua doce misericórdia, interceda pelos seus santos. Mas sinceramente, confesso, tenho tido muita dificuldade de me expressar em oração.

São tantas conversas cuzadas durante o dia. Umas lamentando, algumas confusas, outras expressando medo e ansiedade. Algumas realmente aterrorizadas e ainda tem as descrentes idolatrando a ciência como se ela fosse a soberana para a cura de todos os males da pandemia, desde a doença respiratória, passando pelas crises emocionais, alcançando até as fraquezas espirituais.

Em meio a grande e esquizofrênica crise mundial temos as nossas crises particulares: uma depressão antiga que se acentua, uma doença maligna recém descoberta, um emprego perdido, um familiar doente em fase terminal e tudo o que mais precisamos é estar diante do trono da graça de Deus e ali derramar nossos corações e arrazoarmos com o Todo-Poderoso todas as nuvens de pensamentos que nos acometeram durante o dia.

O que você tem feito com tudo isso? Como você tem orado ao Deus Eterno? Que tipo de instrução você tem intimamente solicitado em sussurros ao Maravilhoso Conselheiro?

Eu confesso que após a intensidade dos dias, em meu momento de oração, muitas vezes eu tenho apenas conseguido ficar de joelhos, as mãos entrelaçadas, os olhos fechados a espera de um cicio do Espírito em meu espírito.

Eu louvo

Então quando a oração não chega à minha mente, ou a minha boca consegue proferir alguma palavra, eu louvo. Canto um louvor, mais e mais um. Então eu abro a minha Bíblia nos salmos, lá estão as palavras que eu buscava em meu intimo e não encontrava, lá estão as palavras que expressaram os corações dilacerados dos salmistas. A dor da humanidade não é nova, ela é tão antiga quanto os pais da humanidade, Adão e Eva.

Os salmos

Os salmos nos dão oportunidade de lamentar com o corpo, a alma e o coração. Eu faço das palavras dos salmistas a minha oração.

Orar com os salmos me dá a profundidade da minha humanidade, mas também me mostra a amplitude da agonia de toda a humanidade caída, fomos todos capturados, dilacerados pela mesma angústia, apartados de Deus, caídos, desolados com nossas dores, fraquezas, decepções e dúvidas.

O luto da humanidade está afinando os corações, produzindo arrependimento nas consciências. Sim, é bem verdade que muitos, muitos mesmo estão insensíveis, e alguns, cruéis, estão se aproveitando da dor alheia.

Mas nós ainda estamos nos salmos e eles podem enriquecer nossas orações. Neles encontramos palavras para exprimir nossos afetos que estão confusos e frustrados.

Orar os salmos nos cura da mudez espiritual.

O atributos de Deus

É na Palavra de Deus que podemos conhecer os seus atributos, sua magnitude e majestade, sua soberania e misericórdia, sua complascência e longanimidade, sua santidade e sua justiça. Então, com ardor no coração, nossa oração vai se transformando de glória em glória, vai se tornando um aroma agradável que sobe ao trono de nosso Senhor em ações de graça, em orações de contentamento, de satisfação e de adoração.

Deus é conosco, Deus é por nós, ele nos escolheu, nos amou com a morte de seu único Filho e com o seu sangue nos reconciliou, nos trouxe para a mesa do banquete do Rei. Ah! Esse Senhor que criou os céus e a terra, ele é digno de honra, glória e de nosso louvor e adoração. Ele é capaz de abrir a nossa boca para orarmos com clamor, com ardor e o adorarmos como Deus e Senhor de nossas almas eternas.

O que habita no esconderijo do Altíssimo
e descansa à sombra do Onipotente
diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte,
Deus meu, em quem confio.
Não te assustarás do terror noturno,
nem da seta que voa de dia,
nem da peste que se propaga nas trevas,
nem da mortandade que assola ao meio-dia.
Porque a mim se apegou com amor, eu o livrarei;
pô-lo-ei a salvo, porque conhece o meu nome.
Ele me invocará, e eu lhe responderei;
na sua angústia eu estarei com ele,
livrá-lo-ei e o glorificarei.
Saciá-lo-ei com longevidade
e lhe mostrarei a minha salvação.

(Salmo 91.1-2, 5-6, 14-16)

Por: Renata Gandolfo. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Original: Mulheres sem palavras para orar.