O nosso amor a Deus é medido pelo nosso amor ao próximo

O apóstolo João reafirmou aquilo que Jesus e os profetas já haviam dito antes dele: “Ora, aquele que possuir recurso deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (I João 3.17); e: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.” (I João 4.20); e, ainda: “No amor não existe medo, antes o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.” (I João 4.18).

Neste período de crise mundial, por conta de uma pandemia, fomos distanciados de nossas igrejas e, consequentemente, não podemos adorar a Deus como fazíamos anteriormente. Diante desta nova situação, que envolve sérias e legítimas restrições sanitárias e de agrupamento de pessoas, talvez surja a pergunta: Como posso adorar a Deus distante da comunhão da minha igreja? É verdade que muitas igrejas estão se adaptando e realizando suas reuniões através de sites e aplicativos de comunicação disponíveis na internet e, de certa forma, mantendo um pouco da adoração comunitária. Graças a Deus por isso. Mas o fato é que, sem querer entrar no mérito da questão se o culto online é válido ou não, estamos sentindo que nosso culto em adoração a Deus está deficitário. Lá no nosso íntimo, parece que algo está faltando. Talvez esse sentimento se explique pelo fato de o culto ter por essência uma atmosfera de amor que se caracteriza pela presença de Deus em meio ao seu povo reunido. Deus nos ama e por causa desse amor podemos amá-lo e, também, amar o próximo. Mas quando o próximo não está presente, algo nos falta mesmo.

A Palavra de Deus nos ensina que adorar é servir (amarás o Senhor teu Deus com toda a sua força). Portanto, quando estamos reunidos em culto e adoração, estamos servindo a Deus e o próximo, pois o culto é um meio de graça pelo qual recebemos e compartilhamos o amor de Deus que é derramado em nossos corações. Outra coisa que aprendemos nas Escrituras é que adoração pressupõem o amor. Isso fica claro quando o Senhor Jesus resume toda a Lei e os Profetas em amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo com a nós mesmos. Quando adoramos ao Senhor, entramos em uma relação intensa de amor, oriunda de Deus, que permeia toda a nossa alma ao ponto de podermos amá-lo com todo o nosso ser e, também, amar o próximo como a nós mesmos. Neste ponto, faz-se importante ressaltar que o amor ao qual nos referimos é o amor verdadeiro que provém de Deus e que só existe no ser de Deus.

Diante disso, podemos disser que, quando amamos a Deus com todo o nosso ser e o próximo como a nós mesmos, estamos adorando a Deus verdadeiramente. Podemos dizer ainda que, quando estamos nesta relação de amor referenciada em Deus, somos impulsionados a servir o próximo como quem serve o próprio Deus; pois, como disse o apóstolo, quem não ama a seu irmão, não ama a Deus (1 Jo 4.20) ou aquele que, tendo recursos e nega o auxílio ao próximo, não ama a Deus verdadeiramente (1 Jo 3.17).

Portanto, diante dessa nova situação, gostaria de propor mais uma forma de adorarmos a Deus com todo o nosso ser. Com isso não quero dizer que servir o próximo substitui o culto de adoração pública a Deus. Absolutamente! Estou apenas argumentando sobre uma outra forma de adorarmos a Deus. Lembrando, inclusive, que, além de uma forma não substituir a outra, elas estão interligadas, se complementam e são co-dependentes.

Tendo isso em mente, gostaria de sugerir algumas ações para servirmos o próximo, em amor a Deus, neste momento de distanciamento social:

1. Faça contato com aquelas pessoas que pertencem ao grupo de risco, como os idosos, e os que estão com imunidade baixa, devido à alguma doença pré-existente. Ligue ou mande mensagens de voz para estas pessoas, pois ouvir a voz de alguém traz o senso de proximidade. Leve sempre uma palavra de otimismo e de esperança. Leia um Salmo, faça uma oração, ouça- o que eles têm a dizer.

2. Fique atento às condições físicas e psicológicas de seus vizinhos. Faça contato com segurança: uma conversa pelo portão, na sacada do apartamento ou por telefone, são meios seguros de manter algum contato com a vizinhança. Nestas conversas, seja solícito, pergunte se estão precisando de alguma coisa (comida, remédio ou outras coisas materiais). Verifique se estão precisando de ajuda espiritual. Exponha a mensagem do Evangelho e orem por seus vizinhos.

3. Cuide dos pequenos comerciantes do seu bairro. Tendo necessidade de fazer compras, faça-as com estes pequenos comerciantes, pois eles estão sofrendo com a crise de forma mais intensa que os grandes atacadistas. Ao fazer suas compras com eles, deixe que saibam que você está ali por considerá-los importantes para a comunidade. Talvez seja um momento importante para criar bons laços de amizades e de respeito mútuo.

4. Esteja atento à situação dos moradores de rua. Sem dúvidas, estes são os que mais sofrem. Devemos ter um olhar de compaixão para com este grupo de pessoas e tentar buscar soluções, talvez entre os órgãos governamentais, para que eles possam receber abrigo e alimentação. É nosso dever cobrar do governo que acolha e que cuide das pessoas que estão em situação de vulnerabilidade. Entretanto, individualmente, se tivermos condições para isso, podemos e devemos levar um alimento, vestimenta ou, até mesmo, oferecer abrigo. Nestes casos, é sempre bom que nos lembremos da parábola do Samaritano.

Enfim, certamente há outras formas de servirmos o próximo em amor e adoração a Deus. E o objetivo deste texto foi justamente despertar este desejo. Que Deus seja glorificado nestas coisas.

Por: Alexandre Oliveira. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Original: O nosso amor a Deus é medido pelo nosso amor ao próximo.