O sofrimento e as boas notícias do evangelho

A Europa tem sido muito atingida pela pandemia causada pelo vírus, pouco conhecido porem polêmico, COVID-19. Diante da vastidão deste mundo, das incontáveis tragédias e sofrimentos, percebemos que nossa atitude faz toda a diferença para levar as pessoas a Cristo.

Elisabeth Elliot em seu livro Let me Be a Woman afirma: “Eu não sou um tipo diferente de cristã porque sou mulher. Mas eu certamente deveria ser um tipo muito diferente de mulher porque sou cristã”. E em seu livro O Sofrimento Nunca é em Vão ela também utiliza esta citação no capítulo sobre a gratidão.

Deus controla todos os acontecimentos deste mundo, cada refeição, cada prazer, cada bem que possuímos, cada raio de sol, cada noite de sono, os momentos de saúde e enfermidades. Ele também nos tem colocado a viver cercado de pessoas com diversas dificuldades, talvez de caráter, ou enfermidades e sofrimentos diversos. Meu esposo, por exemplo, tem passado por uma dura provação de saúde que tem durado 7 meses. É uma infecção rara na coluna, derivada de uma bactéria, ele precisaria colocar com urgência de duas a três próteses nos primeiros discos da sua coluna, mas não foi possível enquanto estava com a inflamação. E agora, em meio a pandemia do COVID-19, com os hospitais colapsados, os doutores não tiveram outra opção senão adiar a sua segunda cirurgia, e enquanto isso, ele está suportando não somente as dores físicas, mas a pior dor tem sido ver pessoas queridas ao nosso redor morrendo por causa do vírus, isso tem sido muito triste, mas como disse Elisabeth Elliot – “o sofrimento nunca é em vão!”

Então como podemos mostrar a Cristo em meio ao sofrimento?

Primeiramente conhecer e confiar na Palavra de Deus – Se perdemos a confiança na Palavra de Deus, é evidente que não estamos prestando a devida atenção ao ouvi-la, ou não a estamos lendo e estudando como deveríamos, e o mais importante, não estamos aplicando essas verdades a nossa vida diária.

Entender que o sofrimento e necessário ao ser humano, porque produz caráter, maturidade para que não sejamos cristãos com faltas de nada como disse Tiago 1.3-4:

“Sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança.

Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.”

Saber que nosso amado redentor está à direita de Deus Pai intercedendo por nós; esse entendimento é uma âncora que mantém nossa alma firme em Cristo em meio às tormentas. Seu amor nos traz paz e alegria, e podemos ver isso claramente quando o Senhor alertou a Pedro:

“Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando voltares, fortalece os teus irmãos.” Lucas 22.31-32

“Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.” Hebreus 7.25

O exemplo da vida do apóstolo Pedro nos ensina, entre muitas coisas, o avanço do Reino de Deus, alastrar, divulgar o evangelho e a perseverança, pois ele depois de haver sofrido, foi usado grandemente por Deus e vemos a transformação do seu caráter em suas cartas, depois de haver sido humilhado Pedro pode falar com humildade, doçura e amor. Através dos sofrimentos é aonde nós veremos a Deus, quem Ele realmente é, seu caráter, seus atributos e então quando meditamos no Ser de Deus, nas suas promessas e na sua obra durante toda a história da humanidade, e, portanto, quando adoramos à Ele, somos transformados à sua Imagem.

O propósito de Deus em “peneirar” é de provar e aperfeiçoar a nossa fé. Esta perfeição não será completa em nossa vida terrena, mas aqui e agora ele nos tem dado tudo o que necessitamos para enfrentar os sofrimentos, Ele nos deu seu próprio filho Jesus, para nos salvar da maior causa de sofrimento, o pecado, também da separação de Deus e do sofrimento da condenação eterna. Ele sofreu o maior dos sofrimentos, a cruz, a separação do Pai, a ira do Deus todo poderoso foi derramada sobre o Cordeiro, o qual foi abatido, ferido por Deus e oprimido, e como Filho submisso, Ele suportou tudo sem se queixar mas com alegria em nosso lugar. (Gn 22; Is 53; 2Co 5.21; Hb 12.2)

Anuncie o glorioso Evangelho, prega o Evangelho a ti mesmo e aos demais e mostre-lhes o amor e a justiça de Deus.

“Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.” Mateus 10.28

Intercede, apresente seus sofrimentos e o dos demais como sacrifício diante do Altar de Deus, com lágrimas compassivas e clamor reverente diante do Trono da Graça (Hb 4.16).

Deus é digno de ser adorado e proclamado ainda em meio dos sofrimentos: ainda quando a resposta dele for um NÃO, como vemos nas Escrituras, o não de Deus ao Seu único e amado Filho, quando clamou para que se fosse possível passasse dele a taça da sua ira, e não foi passada, mas foi derramada completamente sobre Jesus. E como fez com o apóstolo Paulo quando este o rogou que removesse seu sofrimento (2Co 12.7-10). Os objetivos das aflições são mais sublimes do que podemos entender quando estamos em meio ao sofrimento.

Perseverando veremos mais a Deus e teremos esperança da glória a ser revelada em nós: Perseverar implica ter disciplina espiritual para aceitar os desafios de sofrimentos de uma maneira que glorifique a Deus.

“Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” Romanos 5.4

A perseverança na disciplina é gerada dia a dia em submissão à vontade de Deus. Poderemos então provar a verdade da esperança como o apóstolo Paulo em Romanos:

“Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelas em nós.” (Romanos 8.18)

Lembre-se de que uvas espremidas produzem um bom vinho; para se produzir bons vinhos, é necessário espremer bem as uvas, e ainda coar o caldo para que não fique nenhum resíduo mal. Este é o mesmo processo que todo cristão necessita passar para ter uma fé sólida, madura e saborosa aos olhos do mundo e então as pessoas verão a Cristo por meio de nossas vidas de sensibilidade, amor e compaixão a eles.

“Vi que é através do sofrimento mais profundo que Deus me ensinou as lições mais profundas. E se confiarmos nele, podemos chegar à certeza inabalável de que ele está no comando. Ele tem um propósito amoroso e ele pode transformar algo terrível em algo maravilhoso, por isso devemos entender que o sofrimento nunca é em vão.” – Elisabeth Elliot

“Ora, o Senhor conduza o vosso coração ao amor de Deus e à constância de Cristo.” (2 Tessalonicenses 3.5)