Assassinado à sombra do Onipotente

“O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente diz ao SENHOR: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio.” (Sl 91.1-2).

Em 8 de janeiro de 1956, Jim Elliot, Nate Saint, Ed McCully, Peter Flemming e Roger Youderian foram mortos por lanças em uma praia chamada “Palm Beach” no rio Curaray, no Equador. Eles estavam tentando alcançar os índios Huaorani, pela primeira vez na história, com o evangelho de Jesus Cristo.

Elisabeth Elliot relembrou essa história em seu livro “Shadow of the Almighty”. Esse título vem do Salmo 91. 1: “O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente”.

Não foi um acidente

Foi ali que Jim Elliot foi morto – à sombra do Onipotente. Elisabeth não havia esquecido aqueles fatos comoventes quando escolheu esse título dois anos após a morte de seu marido. Quando ele foi morto, eles estavam casados há três anos e tinham uma filha de dez meses.

O título não era um deslize – nem tampouco a morte dos cinco missionários foi um deslize. Mas o mundo viu de maneira diferente. Em todo o mundo, a morte desses jovens foi chamada de pesadelo trágico. Elisabeth acreditava que estava faltando alguma coisa no mundo. Ela escreveu: “O mundo não reconheceu a verdade da segunda cláusula no credo de Jim Elliot: ‘Não é tolo aquele que abre mão do que não pode reter para ganhar o que não pode perder.’”.

Ela chamou seu livro “Shadow of the Almighty” (Sombra do Onipotente) porque estava totalmente convencida de que o refúgio do povo de Deus não é um refúgio do sofrimento e da morte, mas um refúgio da derrota final e definitiva. “Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.” (Lc 9.24) – porque o Senhor é Deus Onipotente.

Deus não exerceu sua onipotência para libertar Jesus da cruz. Ele também não a exercerá para livrar você e eu da tribulação. “Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros;” (Jo 15.20). Se tivermos a fé, a obstinação e a coragem desses cinco missionários, poderemos nos encontrar dizendo com o apóstolo Paulo:

“Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 8. 36-39).

Confiança em Sua Força

Você já entendeu o que significa dizer: “Meu Deus, que me ama e se entregou por mim, é Onipotente”? Isso significa que, se você tomar o seu lugar “à sombra do Onipotente”, estará protegido pela onipotência. Existe uma segurança infinita e inesgotável na onipotência de Deus – não importa o que aconteça nesta vida.

A onipotência de Deus significa refúgio eterno e inabalável na glória eterna de Deus, não importa o que aconteça nesta terra. E essa confiança é a força da obediência radical ao chamado de Deus – mesmo o chamado para morrer.

Existe algo mais libertador, mais emocionante ou mais fortalecedor do que a verdade de que o Deus Onipotente é seu refúgio – o dia todo, todos os dias, em todas as experiências comuns e extraordinárias da vida? Nada além do que ele ordena para o seu bem pode acontecer com você.

Deus interveio

A investigação sobre as circunstâncias que cercam o martírio dos cinco missionários revelou a mão de Deus de maneiras inesperadas. Na edição de setembro de 1996 do Christianity Today, Steve Saint, filho de Nate Saint, que foi martirizado junto com Elliott, McCully, Flemming e Youderian, escreveu um artigo sobre as novas descobertas feitas sobre a intriga tribal por trás dos assassinatos. Ele escreveu uma das frases mais surpreendentes sobre a soberania do Onipotente que eu já li – especialmente vindo do filho de um missionário assassinado:

“Enquanto os assassinos descreviam suas lembranças, me ocorreu como era incrivelmente improvável que o assassinato de Palm Beach tivesse ocorrido; é uma anomalia que não posso explicar fora da intervenção divina.” (itálico acrescentado).

Em outras palavras, há apenas uma explicação para o motivo pelo qual esses cinco jovens morreram e deixaram um legado que inspirou milhares. Deus interveio. Esse é o tipo de soberania que queremos dizer quando falamos: “Nada além do que ele ordena para o seu bem pode acontecer com você”.

O que também significa que ninguém, absolutamente ninguém, pode frustrar os desígnios que Deus estabeleceu para cumprir seus planos missionários para as nações. Nos momentos mais sombrios de nossa dor, Deus está escondendo suas armas atrás das linhas inimigas. Tudo o que acontece na história servirá a esse propósito, conforme expresso no Salmo 86.9, “Todas as nações que fizeste virão, prostrar-se-ão diante de ti, Senhor, e glorificarão o teu nome”.

Se crêssemos nisso, se realmente deixássemos que esta verdade da onipotência de Deus se apossasse de nós – que vivemos perfeitamente seguros à sombra do Onipotente – que diferença isso faria em nossas vidas pessoais, em nossas famílias e igrejas. Quão humildes e poderosos nos tornaríamos para os propósitos salvadores de Deus.

Por: John Piper. © Desiring God Foundation. Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: Slain in the Shadow of the Almighty.

Original: Assassinado à sombra do Onipotente. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.