Um blog do Ministério Fiel
Racismo estrutural
O filho do orgulho estrutural
Meu objetivo neste artigo é reduzir a reação instintiva, branca e evangélica contra a ideia de racismo estrutural ou racismo sistêmico. Não que eu assuma que apenas brancos, ou apenas evangélicos, tenham problemas com esses termos. Mas esse é o grupo que eu conheço melhor e com quem mais me relaciono.
Minha estratégia é mostrar que, se sua mente estiver saturada da Bíblia, você consideraria ser absolutamente espantoso que o racismo estrutural não fosse difundido onde quer que o pecado seja difundido. Em outras palavras, as pessoas moldadas pela Bíblia devem esperar ver o racismo estrutural em quase toda parte em um mundo caído.
Minha outra estratégia é mostrar que o racismo estrutural é um filho do orgulho estrutural e um irmão dos trigêmeos fraternos, ganância estrutural, medo estrutural e luxúria estrutural. Minha suposição é que as pessoas moldadas pela Bíblia ressoarão com a ideia de que orgulho, ganância, luxúria e medo estão incorporados em estruturas e instituições sociais como entretenimento, publicidade, processos de negócios capitalistas, procedimentos de domínio na universidade, práticas de política partidária, e mais.
Portanto, este é um objetivo muito limitado. Isso deixará o leitor com várias questões do tipo: “Então você está dizendo. . .”. Se não digo, talvez seja melhor não supor que eu disse.
Definições
Vamos enlouquecer e começar com definições. Isso é loucura, porque o racismo é o tipo de coisa em que vale a pena ser impreciso. Todo mundo é contra o racismo. Até os racistas. Então, por que não apenas continuar com o artigo e evitar problemas? Além disso, parece suspeito, considerar definições. Soa como se você estivesse tentando fugir de algo. Procurando por uma brecha para fugir. Bem eu não quero fugir. Quero exatamente o oposto. Quero fechar todas as rotas de fuga. Eu quero fechar as brechas.
Definições podem fazer isso. Eu não gosto de andar em uma névoa de imprecisão. As pessoas costumam escapar assim. Mas é assim que elas também caem de penhascos. Não acho que esse acordo que sobrevive apenas em um nevoeiro valha muito.
Então aqui vai. Estas são as minhas definições. Não as emprestei de lugar nenhum. Elas simplesmente dizem ao leitor o que quero dizer quando uso esses termos. Se elas negligenciam realidades importantes, é porque tenho pontos cegos, preconceitos, memória insuficiente ou todos os três. Daí a vulnerabilidade de tentar definições.
Raça. A dificuldade de definir raça é capturada no fato de que Barack Obama será para sempre conhecido como o primeiro presidente negro dos EUA, embora geneticamente falando ele seja tão branco quanto negro. Por quê? Principalmente porque ampliamos a cor da pele, o tipo de cabelo e as características faciais ao nível definidor da diferenciação racial. O que significa que a base genética de nossa maneira usual de conceber raça é de cerca de 0,01% de nossa composição genética.
Além disso, é impossível traçar uma linha entre raças, com essa concepção. Existem muitas variações de aparência de cada raça. Elas se fundem nas bordas. Não apenas isso, mas existem tantas ou mais diferenças de maior significado físico e intelectual dentro de grupos baseados na aparência quanto entre eles.
Isso leva muitos de nós a querer falar da raça humana à imagem de Deus, em vez de dar peso indevido (com poder historicamente destrutivo) às divisões da humanidade com base em diferenças superficiais não essenciais.
Não obstante, praticamente todos nós, que compartilhamos dessa preocupação, temos poucas escolhas, a não ser usar os termos “racismo” e “racista” por causa das injustiças que existem, histórica e atualmente, com base nessas diferenças não essenciais. E está embutido no termo “racismo” uma suposição sobre o significado da palavra “raça”.
Por esse motivo – para usar o termo “racismo” de uma maneira que se relaciona com a nossa situação atual – não defino “raça” científica ou sociologicamente, mas com base na aparência, com todas as ambiguidades e desvantagens mencionadas acima.
Uma raça é um grupo de pessoas que se distinguem principalmente pela cor da pele, mas também pelas características faciais e pelo tipo de cabelo. Escolho essa definição simplista, no nível da rua, simplesmente para poder me comunicar quando falo sobre racismo.
O racismo é um sentimento, crença ou prática explícita ou implícita que valoriza uma raça sobre outras raças ou desvaloriza uma raça sob outras.
Racista, como substantivo, refere-se a uma pessoa, que se caracteriza pelo racismo, sem odiar, renunciar e procurar eliminar suas próprias atitudes e ações racistas e os efeitos nocivos delas. A implicação é que, embora todos, como pecadores e egocêntricos por natureza, estejam contaminados por tendências racistas, nem todos devem ser rotulados de racistas.
Racista, como adjetivo, refere-se à qualidade de qualquer sentimento, pensamento, ato, fala, objeto, ideia, expectativa, norma, regra, política, lei, procedimento ou qualquer outra coisa que incorpore ou expresse racismo.
O racismo estrutural é o efeito cumulativo de sentimentos, crenças e práticas racistas que são incorporados e expressos nas políticas, regras, regulamentos, procedimentos, expectativas, normas, premissas, diretrizes, planos, estratégias, objetivos, práticas, valores, padrões, narrativas, histórias, registros e afins, que, consequentemente, prejudicam a raça desvalorizada e privilegiam a raça valorizada. Implícito nesta definição está o fato importante de que o racismo estrutural, portanto, pode ter seus efeitos racistas, mesmo que pessoas não racistas agora habitem as instituições onde as estruturas racistas ainda dominam.
Com essas definições, volto-me agora para mostrar por que seria surpreendente se o racismo estrutural não fosse difundido em instituições onde o pecado é difundido. A razão é que o pecado humano, um diabo sobrenatural e um sistema mundial maligno conspiram para tecer orgulho, ganância, medo, luxúria e racismo em todas as instituições humanas.
A Glória e Ignomínia do Homem
A cosmovisão bíblica atribui aos seres humanos grande glória e grande corrupção. Os seres humanos começaram como o ápice da criação de Deus na terra (Gn 1.26, 31). E a humanidade redimida será, um dia, como filhos de Deus (Jo 1.12), conformada à encarnada segunda pessoa da Trindade (Rm 8.29; 1Jo 3. 2), compartilhando seu domínio do universo (Ap 3.21), julgando os anjos (1Co 6. 3) e sendo “a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas” (Ef 1.23).
Este destino glorioso existe devido à intervenção misericordiosa de Deus no mal presente da humanidade. Não se deve ao nosso valor ou à nossa capacidade intrínseca de melhorarmos a nós mesmos. Deus enviou seu Filho ao mundo para salvar pecadores (1Tm 1.15; Jo 3.16).
O pecado humano pessoal
Em nossa condição atual, à parte da graça salvadora de Deus, somos todos, sem exceção, pecadores (Rm 3. 9-23). Trocamos a glória de Deus por sua criação (Rm 1.23). Por natureza, preferimos outras coisas a Deus. Somos obscurecidos em nosso entendimento (Ef 4.18). Em nossa condição natural e decaída, “não aceitamos as coisas do Espírito de Deus”, mas as consideramos loucuras. Nós “não somos capazes de entendê-las porque são discernidas espiritualmente” (1Co 2.14).
Em nossa falta de vontade de nos submetermos à lei de Deus, mostramos que somos profundamente “hostis a Deus”, mesmo quando sentimos pensamentos calorosos sobre ele em nosso egoísmo insubmisso (Rm 8. 7-8). Nós somos “escravos do pecado” (Rm 6.17). Nessa condição, somos “alienados da vida de Deus” (Ef 4.18) e somos “por natureza filhos da ira” (Ef 2. 3).
Deus não apenas enviou seu Filho como Salvador para esta horrível insurreição humana, mas também exerceu a graça comum para impedir que a humanidade fizesse tanto mal quanto faria se ele não exercesse a graça (Gn 20. 6; 2Ts 2. 6-7) Mas, mesmo assim, a quantidade de mal que o homem comete contra o homem é incalculável. Ouça as palavras que o Novo Testamento usa para descrever os tipos de pecados que os seres humanos cometem contra os seres humanos: malícia, inveja, homicídio, contenda, engano, fofoca, difamação, arrogância, insolência, orgulho, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos , impiedosos, odiosos e odiando uns aos outros (Rm 1. 29-32; Tt 3. 3).
E qual é o efeito de toda essa pecaminosidade nas relações raciais e étnicas? A Bíblia usa uma palavra principal: “hostilidade” (Ef 2.14). Se você deixar seus olhos correr a lista de pecados no parágrafo anterior, perguntando, em cada palavra, qual seria o efeito sobre nossas atitudes em relação a outras raças, você não ficará surpreso com isso. Se somos “maliciosos”, quanto mais com pessoas diferentes de nós mesmos. Se nós “assassinamos”, quanto mais aqueles que são diferentes. Se “enganamos”, quanto mais o estrangeiro. Se “caluniamos”, quão mais fácil é caluniar aqueles que são diferentes. Se somos “arrogantes e insolentes”, como é mais fácil nos exaltarmos sobre os “outros” que vemos como inferiores. Se “odiamos”, quem melhor para odiar do que aqueles que não gostam de nós.
A história da humanidade não tem uma chance em um milhão de não ser uma história de racismo. Onde o racismo não domina os pecadores não redimidos, é porque a graça comum o restringiu. Mas esteja certo: no próprio solo da reprovação culturalmente restrita do racismo, outros pecados estão se fortalecendo, prontos para corromper as aparências da harmonia racial.
Um Diabo sobrenatural
Agora, adicione, a essa condição decaída do coração humano, o fato de que no mundo existe um grande poder sobrenatural trabalhando em desacordo com os propósitos de Deus. Ele é chamado de “diabo e Satanás” (Ap 12. 9) e “príncipe do mundo” (Jo 14.30), ou “deus deste século [que] cegou o entendimento dos incrédulos” (2Co 4.4). Ele é “sedutor de todo o mundo” (Ap 12. 9). Seu engano anda de mãos dadas com sua intenção de destruir. “Ele foi homicida desde o princípio. . .. Quando ele profere mentiras, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44).
Ele não trabalha sozinho, mas tem subordinados demoníacos que fazem seu trabalho destrutivo no mundo. Ele é chamado “o maioral dos demônios” (Lc 11.15). Quando Paulo descreveu os adversários demoníacos dos cristãos, ele disse: “nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestes.” (Ef 6.12).
Portanto, o poder da depravação humana em produzir racismo – juntamente com todos os outros pecados – é agravado pelo poder demoníaco sobrenatural em garantir e intensificar esse mal. Essa influência sobrenatural é tão difundida nos assuntos humanos que João diz que “o mundo inteiro jaz no maligno” (1Jo 5.19), e Paulo diz o “príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef 2. 2).
Como seu “modus operandi” de longa data é mentir e matar, deveríamos nos surpreender se ele trabalhar em todas as instituições sociais deste mundo para cultivar mal-entendidos, desconfiança, preconceito, parcialidade, suspeita, má vontade, antagonismo, hostilidade, assassinato, massacres, linchamentos, limpeza étnica, holocausto e genocídio? A persistência, a difusão e a abrangência global de horrores racistas e conflitos étnicos testemunham um tipo de mal que se encaixa na imagem bíblica do engano e da morte sobrenaturais.
Um sistema mundial maligno
Em seguida, acrescente à depravação humana e ao poder demoníaco sobrenatural o fato de a Bíblia ver esse conluio de iniquidades humanas e super-humanas produzindo um “mundo perverso” (Gl 1.4), um “mundo tenebroso” (Ef 6.12). ) e um “mundo” que não devemos amar (1Jo 2.15), cuja sabedoria é loucura (1Co 1.20), cujo espírito não é de Cristo (1Co 2.12), cuja aparência está passando (1Co 7.31), cujos princípios elementares são escravizadores (Gl 4. 3) e o qual devemos vencer (1Jo 5. 4).
O pecado no coração, na mente e nos atos humanos é fortalecido e ampliado por Satanás para uma matriz global do mal chamada “mundo”, “mundo perverso” ou “mundo tenebroso”. O objetivo dessa linguagem é nos ajudar a ver que a realidade global e histórica do mal é maior que a soma de suas porções humanas. O mal, no mundo, é muito mais do que a soma dos pecados humanos individuais. O esforço para capturar essa realidade leva muitos a usar a frase “sistema mundano” para a palavra bíblica “mundo”.
Nesta visão de mundo, não consigo pensar em nenhum pecado que não seja sistêmico ou estrutural (estou usando os termos de forma intercambiável).
O Pecado pai de Todos os Pecados
O bisavô de todos os pecados é o orgulho. Orgulho é o amor à autodefinição, à auto exaltação, à autodependência e à superioridade sobre os outros, incluindo Deus. Portanto, o orgulho prefere ser servido a servir, ser elogiado (quando forte) mais que elogiar, ter pena (quando fraco) mais que compaixão e ser respeitado mais que respeitar. No fundo da satisfação do orgulho está o eu, não Deus.
Deus abomina o orgulho (Pv 8.13; Am 6.8). “Os olhos altivos dos homens serão abatidos, e a sua altivez será humilhada; só o SENHOR será exaltado naquele dia.” (Is 2.11). Essa foi a queda de Satanás (Jd 1.6), e depois da raça humana. Adão e Eva adotaram a autodireção, a autodependência e a auto exaltação quando rejeitaram a Deus como aquele em que deveriam colocar sua confiança (Gn 2. 16-17; 3.6).
Nenhum pecado é mais sistêmico e estrutural que o orgulho. Está tecido em todas as instituições humanas. Na ambição egoísta, na vanglória, no cuidar primeiro de nossos próprios interesses, no valorizar o mundo sobre Deus – esses são os alicerces de toda a vida e instituições humanas, até a “mente de Cristo” (1Co 2.16; Fp 2. 5) substituir o “pendor da carne” (Rm 8. 7), tornar a glória de Deus suprema (Fp 2.11) e nos libertar para “considerar os outros superiores a nós mesmos” (Fp 2. 3) . Até então, mesmo a filantropia (1Co 13. 3) e o ministério cristão (Fp 1.17) estão sistematicamente impregnados de egoísmo e diminuição de Deus.
Somente onde o evangelho de Jesus quebra o poder dessas trevas e coloca a graça de Deus na base da vida, e a glória de Deus no topo (2Ts 1. 11-12), o tecido do orgulho estrutural começa a ser desvendado. Caso contrário, a exaltação do homem e a marginalização de Deus permanecerão incorporadas às políticas, regras, regulamentos, procedimentos, expectativas, normas, suposições, diretrizes, planos, estratégias, objetivos, práticas, valores, padrões, narrativas, histórias e registros de toda instituição humana.
Três filhos do pai chamado orgulho
Os trigêmeos fraternos nascidos do orgulho são ganância, medo e luxúria. Eu os chamo de fraternos porque não são idênticos. Mas eu os chamo de trigêmeos porque seu DNA motivacional é muito semelhante.
Ganância é o desejo de que os meios (geralmente dinheiro) obtenham o que me satisfaz, enquanto consideram Deus como insatisfatório e as pessoas como dispensáveis. O orgulho cria e nutre a ganância como o princípio inflexível do egocentrismo sob o desejo não redimido.
O medo é a imagem espelhada da ansiosa ganância que teme perder o que a ganância almeja. Ela despreza Deus não apenas por satisfação, mas também por proteção (Is 51. 12-13). Portanto, outras pessoas não são apenas descartáveis; elas são ameaçadoras. O único respeito e bondade que a ganância e o orgulho podem demonstrar é a manipulação. Quem posso usar para obter o que quero? Quem devo eliminar para manter o que tenho? O orgulho cria e nutre o medo, alimentando a predisposição predominante de que eu mereço o que quero.
A luxúria é o irmão mais novo da ganância. Seu desejo é restrito, mas tão forte quanto a morte. Ele só quer prazer sensual. A ganância pode almejar uma grande biblioteca. A luxúria só quer que a bibliotecária tire a roupa. Ela é um cata-vento girando aos ventos da estimulação sexual. No coração lascivo, Deus é reprimido e as pessoas são tornadas em objetos. Enquanto elas oferecem euforia sexual, elas são procuradas. Caso contrário, elas são descartadas. Quando o orgulho não está ocupado criando ascetas hipócritas, cria e nutre a luxúria, alimentando a mentalidade de que os desejos do corpo são seus direitos. A luxúria é, portanto, especialmente boa em encolher a alma humana a um pequeno caldeirão de desejo que tem o efeito de cegar a alma para coisas gloriosas, como a imagem de Deus em todas as pessoas e todas as raças.
Institucionalizando o orgulho, a ganância, o medo e a luxúria
Quando a Bíblia fala sobre “mundo”, “mundo perverso” ou “mundo tenebroso”, está nos lembrando que os sistemas e estruturas do mundo estão permeados de pecado – como orgulho, ganância, medo e luxúria. A questão não é que políticas institucionais, regras, regulamentos, procedimentos e muito mais possam sentir orgulho, ganância, medo e luxúria. O ponto é que eles as refletem, incorporam, preservam e promovem. Eles institucionalizam a mentalidade das pessoas orgulhosas, gananciosas, medrosas e lascivas que as criam.
Enquanto Satanás é o “deus deste sistema mundial”, enquanto os humanos são, na melhor das hipóteses, apenas parcialmente livres do “pendor da carne” e enquanto a graça comum de Deus restringe apenas parte do câncer do orgulho, metastizando em cada instituição humana, sempre haverá orgulho estrutural, ganância estrutural, medo estrutural e luxúria estrutural.
Haverá políticas que promovem uma hierarquia visível que se alimenta e promove o orgulho. Haverá estratégias selvagens de competição que crescem com os nutrientes da ganância. Haverá procedimentos de micro gestão que despertam e exploram o medo. Haverá propostas de vestuário que exploram a luxúria.
A inconcebível ausência do racismo estrutural
Nesse mundo, seria inconcebível e absolutamente surpreendente se não houvesse racismo estrutural. Neste mundo de pecado, Satanás e um sistema mundial decadente, é incompreensível que um pecado tenha o privilégio de escapar desse contexto sistêmico. E isso é verdade não apenas por razões estatísticas, mas por razões orgânicas. O racismo é o filho mimado do orgulho. E o racismo estrutural é o filho robusto do orgulho estrutural. Eles estão organicamente conectados. O orgulho dá à luz o racismo. O orgulho estrutural dá origem ao racismo estrutural.
O racismo é um sentimento, crença ou prática explícita ou implícita que valoriza uma raça sobre outras raças ou desvaloriza uma raça sob outras. Por que nós fazemos isso? Por causa do orgulho. Egolatria. Arrogância. Vanglória. O que poderia ser mais claro do que o fato de desvalorizarmos outras raças para exaltar a nossa e obter as vantagens que a acompanham? É por isso que o racismo é também irmão dos trigêmeos fraternos, ganância, medo e luxúria. Valorizamos nossa própria raça e desvalorizamos as outras para obter benefícios (ganância), evitar a perda imaginada (medo). E o tempo todo a luxúria ajuda e favorece o processo sugando os vestígios da decência de nossas almas.
Remédio: A Mente de Cristo
Concluo, portanto, que em uma visão bíblica do mundo, o racismo estrutural é um fato. Encontra expressão em todos os lugares onde há orgulho, ganância, medo e luxúria. Onde os ventos culturais sopram contra ele, o que felizmente acontece hoje, ele tende (tragicamente) a se esconder.
Mas lembre-se de pensar que, a forma como o racismo estrutural é difundido, é a causa decisiva de toda injustiça ou desigualdade. A presença generalizada de um tipo de célula cancerosa no corpo não a torna a causa de todas as doenças. Portanto, raramente é útil acenar a bandeira do racismo estrutural sem colocar o dedo em manifestações específicas. A probabilidade pode ser alta de que tenha desempenhado um papel. Mas um bom médico faz seus testes.
Jesus Cristo é o antídoto decisivo para a doença do orgulho, ganância, medo, luxúria e racismo. O único pecado que podemos derrotar com sucesso é um pecado perdoado, e somente a morte e ressurreição de Jesus asseguram esse perdão diante de Deus. Quando estamos unidos a ele pela fé, sua morte e justiça contam como nossas. Nosso castigo se tornou passado (por causa de sua morte); a perfeição nos é imputada (por causa de sua justiça). Agora estamos em posição de fazer guerra ao orgulho, à ganância, ao medo e à luxúria.
Em Cristo, o “penhor da carne” que se opõe a Deus é crucificado (Gl 5.24). Em Cristo, é criada a “mente de Cristo” que exalta a Deus (Gl 6.15; Fp 2.5). No centro dessa novidade está o milagre de que “por humildade [consideramos] cada um os outros superiores a [nós] mesmos” (Fp 2.3). Esse é o fim do orgulho, ganância, medo, luxúria e racismo. Humildade e servidão substituem o orgulho e o egoísmo. A generosidade substitui a ganância. A paz substitui o medo. O amor da aliança substitui a luxúria.
Destemido em fazer o bem
Esse tipo de pessoa – essa nova criação em Cristo – não apenas renuncia ao racismo em seus corações e ações, mas também procura discernir e desmantelar as estruturas que cresceram em torno dele. Uma maneira de fazer isso é convidar diferentes etnias a olharem de perto para o funcionamento de uma instituição e dizer o que veem. Você pode não concordar com as avaliações deles, mas temos poucas esperanças de superar pontos cegos sem ver o mundo com outros olhos.
A pessoa que tem a mente de Cristo não se surpreende com o que encontra no mundo caído. Ela também não está disposta a gastar grande parte de sua energia culpando os outros. Ela conhece muito de seu próprio pecado e da imperfeição remanescente. Ela não é utópica ou ingênua quanto às possibilidades limitadas de justiça neste mundo decaído. Ela também não está paralisada ou intimidada por esses limites. Seu trabalho não é criar o reino de Deus. Seu trabalho é enaltecer a grandiosa satisfação de Cristo e fazer o máximo que puder (1Pe 2.12; 3.11, 17; 4.19).